quinta-feira, 10 de março de 2011

Emancipação dos trabalhadores depende de conquistas femininas

Uma das indicações tiradas do seminário realizado pelo PCdoB e a Fundação Maurício Grabois dias 19 e 20 foi a reafirmação de que mudanças estruturais na vida dos trabalhadores estão intimamente ligadas às vitórias femininas na busca por seus direitos. “Enquanto houver mulheres tratadas como na época das cavernas, não será possível atingir a emancipação do proletariado”, disse Nereide Saviani, da direção da FMG. 








Responsável pela abertura do evento, o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, postou em seu blog um relato sobre os debates. Segundo Rabelo, “Lula escolheu uma mulher, Dilma (Rousseff), que tem plenas condições de cumprir esta tarefa, pelo papel que esta mulher jogou e joga no governo e pela trajetória de luta democrática pela liberdade e pela democracia. Sua escolha foi muito justa”. E concluiu: “Queremos ter muitas mulheres no centro do poder do Brasil!”. Acompanhe a seguir o relato do dirigente. 

Participei na sexta-feira (19) de um importante evento no Rio de Janeiro, no salão de convenções do Rio’s Presidente Hotel: o Seminário Nacional sobre os 100 anos do dia 8 de Março – Dia Internacional da Mulher. Foi em 1910, na cidade de Copenhague, durante a II Conferência de Mulheres Socialistas, que a dirigente comunista Clara Zetkin propôs – e foi aprovada – a celebração do dia internacional das mulheres que vem ocorrendo desde então. Este Seminário – realizado nos dias 19 e 20 — é promoção conjunta da Secretaria Nacional da Mulher do PCdoB, da Comissão da Mulher da OAB-RJ, da Fundação Maurício Grabois, do Comitê Estadual do PCdoB-RJ e da CAARJ-RJ.


Na abertura da reunião, a secretária nacional das Mulheres do PCdoB, Liège Rocha, compôs a mesa do ato político do evento e em seguida dividiu a coordenação dos trabalhos com a professora Nereide Saviani, como co-responsável pela organização do seminário em nome da Fundação Maurício Grabois. Nereide considerou muito importante comemorar esta data, um dia de festa de luta ao mesmo tempo. “Há muito que comemorar sim”, disse ela, argumentando que foram grandes as conquistas das mulheres até os dias de hoje. E de forma dialética, prosseguiu Nereide, “também deve ser um dia de luta para acabar com todo o tipo de discriminação que ainda persiste”. O filósofo socialista Charles Fourier – lembrou Nereide — dizia que o grau de emancipação da mulher é a medida do nível de emancipação geral de uma determinada sociedade. “Enquanto houver mulheres tratadas como na época das cavernas, não será possível atingir a emancipação do proletariado”, concluiu ela.



A deputada federal pelo PCdoB-BA, Alice Portugal, estava presente como coordenadora da bancada feminina no Congresso Nacional. Segundo ela existem apenas 45 deputadas de um total de 513 representantes na Câmara dos Deputados. Alice mostrou também que proporcionalmente é a bancada do PCdoB a que conta com o maior número de mulheres.



Apesar disso, o Brasil está entre os países do mundo com uma das menores representações femininas do Planeta, ocupando a vergonhosa 110ª posição. Na América do Sul e Caribe estamos na frente apenas da Colômbia, Belize e Haiti. Hoje a bancada feminina luta no Congresso para garantir que pelo menos 10% da propaganda dos Partidos sejam dedicados às mulheres e que 5% do Fundo Partidário sejam utilizados para a formação política das mulheres. Outras bandeiras imediatas são a licença maternidade de 180 dias e a proposta da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) exigindo que pelo menos uma vaga da mesa diretora da Câmara seja ocupada por mulher.



Ana Rocha, que é presidente do PCdoB-RJ, mostrou em sua intervenção o compromisso do Partido Comunista do Brasil com a luta das mulheres. Exemplo desta determinação é que o PCdoB tem entre seus presidentes regionais quatro mulheres de Comitês Estaduais importantes pelo Brasil afora, como o Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Amazonas. Ana Rocha considerou também as contribuições dos comunistas à luta das mulheres, como a necessidade de não se absolutizar o especifico, nem absolutizar o geral. Segundo Ana, devemos encarar a luta das mulheres dentro de uma concepção emancipadora mais geral, de forma equilibrada. E aproveitou esta sua primeira participação no Seminário para homenagear a dirigente comunista Elza Monerat, que viveu no Rio de Janeiro o maior período de sua militância.



Em seguida a secretária Municipal de Cultura da cidade do Rio de Janeiro, Jandira Feghali – que foi anunciada com orgulho em função da batalha corajosa travada pela legalização do aborto e pelos direitos das mulheres — falou da necessidade de maior análise, reflexão e de aprofundamento da questão da mulher. Jandira relembrou que há 30 anos havia participado de um debate, um ano antes de ingressar no Partido. Segundo ela, o destacado dirigente do Partido, João Amazonas, na época puxou a discussão sobre o movimento de mulheres, onde existia a exigência de unir a visão que tratava apenas dos direitos sexuais reprodutivos ou uma concepção apenas de macro-politicas desligadas da situação concreta do dia-a-dia da mulher. Esse movimento emancipacionista acumulou valores. “Mas é preciso enfrentar os gargalos das leis e da vida”, disse Jandira, concluindo que devemos continuar lutando, como foi o caso da relatoria da Lei Maria da Penha, defendida por Jandira quando foi deputada federal, uma lei que “pegou” para intimidar as ações violentas contra as mulheres.



Ainda falaram durante o ato Joselice Cerqueira, da Comissão da Mulher da OAB; Regina Flores, da secretaria de mulheres do PSB; Dupret, da Secretaria da Mulher do PV; Flávia Calé, presidente da UEE; Raimunda Leoni, representante da CTB; Conceição, da Confederação das Mulheres do Brasil; Virgínia Berriel, da CUT; Helena Piragibe, coordenadora estadual da UBM e Clarice Garotinho, vereadora do PR-RJ.



Mais mulheres no poder



Tive o prazer de apresentar algumas ideias na abertura do Seminário. Na verdade foi com grande alegria e orgulho ter participado deste seminário sobre os 100 anos da luta pelo direito das mulheres, por uma sociedade mais avançada. A luta das mulheres para o PCdoB faz parte dos fundamentos do seu Programa. Deve ser uma luta de todo o Partido. 



As mulheres têm conquistado vitórias importantes, mas existem muitos entraves, obstáculos, dificuldades, que têm suas raízes em preconceitos históricos. Mudando o sistema não se resolve o problema automaticamente. Teremos que ir adiante e desenvolver uma grande luta política e ideológica. No entanto, o direito de participação política das mulheres é fundamental. Não é só o problema do salário igual para trabalho igual. O que está em jogo é o poder político. Cada vez mais devemos ter mais espaços políticos para as mulheres. 



A conquista dos direitos das mulheres é uma tarefa de todos nós, homens e mulheres. Temos uma marca — que orgulha o PCdoB — que é o fato de ser uma organização principalmente da juventude e das mulheres, ou seja, um Partido da renovação, de acordo com os tempos modernos, no qual vigora um novo clima. Nossa bancada federal é dirigida hoje por Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e nossa vice-presidente nacional é Luciana Santos (PCdoB-PE), mulher destacada, experiente. Estamos na luta pelo desenvolvimento do país, são novos ventos que sopram. Hoje o Brasil tem duas candidatas à presidência da República mulheres, que são Marina Silva e Dilma Rousseff. O Partido definiu recentemente seus projetos e programas para 2010 e devemos lutar para dar continuidade ao ciclo político que foi aberto por Lula. Nossa compreensão é que Lula escolheu uma mulher, Dilma, que tem plenas condições de cumprir esta tarefa, pelo papel que esta mulher jogou e joga no governo e com uma trajetória de luta democrática pela liberdade e pela democracia. Sua escolha foi muito justa. Queremos ter muitas mulheres no centro do poder do Brasil!






(com intertítulo do Partido Vivo)