quarta-feira, 23 de junho de 2010

15º Congresso Nacional da UJS

Cerca de 2 mil jovens participaram de quatro dias de debates, atos políticos e atividades culturais na capital baiana

Terminou em Salvador, em clima de torcida pelo Brasil, o 15° Congresso Nacional da UJS. Os cerca de 2 mil jovens, de todos os estados brasileiros, que mais tarde se reunirão para a despedida assistindo ao jogo da seleção brasileira contra a Costa do Marfim, estiveram devidamente uniformizados de verde e amarelo, na parte da manhã, para a plenária final. Foram decididas as resoluções da entidade para os próximos dois anos e houve a eleição da nova diretoria. O goiano André Tokarski, de 26 anos, foi eleito novo presidente da UJS, um dos mais jovens da história da entidade.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

15º Congresso Estadual da UJS

    Aconteceu nesse último final de semana, dia 29 e 30 de Maio, o 15 Congresso Estadual da UJS na cidade de Curitiba. Estiveram presentes bancadas das mais variadas cidades como Guarapuava, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Paranaguá, Campo Mourão, Paranavai, Londrina, Cornélio Procópio, Cascavel, Sarandi, Maringá, entre outras.
     De inicio, os militantes da UJS, caminharam para um ato que acontecia no centro da cidade, mais especificamente na boca maldita, ato que já vem sido encabeçado por essa força de juventude que tem movimentado todo o Estado do Paraná, levando conscientização a população sobre a importância de atentarmos para os problemas que acontecem na Assembléia Legislativa do Estado, assim como, para reivindicar o afastamento da mesa diretora da Assembléia e a punição dos envolvidos nos casos de corrupção. Mais uma vez a UJS invade ruas e praças para informar a população e mostrar sua indignação a politica corrupta do nosso País e a necessidade de construirmos uma nova organização de sociedade a socialista.
Além do Ato, os militantes tiveram a oportunidade de debater e construir propostas para os mais variados segmentos da sociedade e foi debatido o Movimento de mulheres, encabeçado pelas mulheres da UBM, LGBT, Movimento Hip - Hop que se pauta na importância da cultura para mudança da sociedade e também debatemos o movimento estudantil Universitário e Secundarista, lembrando da importância desses nas mais importantes lutas sociais do mundo e da importância do mesmo no Estado desde que foi através do movimento Estudantil que a UJS disseminou o problema da corrupção na Assembléia para o interior do Paraná elevando o senso critico do cidadão e fomentando a importância da participação dos mesmos na politica do País nas lutas por uma sociedade mais justa e igualitária que olhe para seu povo e não privilegie apenas a classe dominante.

É fato que nós, da União da Juventude Socialista, voltamos as nossas cidades mais conscientes do nosso papel na construção de uma sociedade mais justa e desigual, a socialista, e não iremos desistir, pois a esperança se renova a cada momento.

Texto: Vânia do Canto

Presidente do Núcleo UJS UEM

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Congresso Municipal UJS

Galera o congresso municipal foi um sucesso total!!!
Foi elaborado o projeto politico e discutido a linha de atuação da UJS Maringa, linha de atuação que iremos defender no Congresso Estadual no proximo fim de semana e em Curitiba, e no proximo mes em Salvador, no Congresso Nacional. Clique no link abaixo e veja as fotos do evento.
Fotos do Congresso Municipal

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Manifestação dos Caça-fantasmas em Maringá

Estudantes universitários e secundaristas protestam nesta quarta-feira (19), na Praça Raposo Tavares, em Maringá, contra a corrupção na Assembleia Legislativa do Paraná. Eles apresentam uma peça de teatro em que um boneco que representa o presidente da Casa, Nelson Justus, é queimado.
A mobilização, que reúne cerca de cem alunos, é motivada pelos escândalos denunciados na série Diários Secretos, da Gazeta do Povo e RPCTV. De acordo com as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estadual (MP), esquemas de desvio de dinheiro causaram prejuízos aos cofres da Assembleia que podem ultrapassar R$ 100 milhões.
A manifestação faz parte do Movimento Caça-Fantasmas, que também se mobilizou, nesta quarta-feira (19), em Curitiba, Londrina e Guarapuava.
Os alunos da Universidade Estadual de Maringá (UEM) estão apresentando a peça de teatro O Enterro do Presidente In-Justus de forma ininterrupta. O organizador do protesto, Igor Borck, da União da Juventude Socialista (UJS), previa que a peça fosse encenada até quatro vezes. Por volta das 12h30, os estudantes queimaram um boneco de Justus ao som da música-tema do filme Os Caça-Fantasmas (1984).
O protesto conta com o apoio de várias entidades, como o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UEM, a União Maringaense dos Estudantes Secundaristas (Umes), o Conselho Municipal da Juventude (CNJ), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP) e o Sindicato dos Servidores Municipais de Maringá (Sismmar).
A manifestação é a segunda que o Movimento Caça-Fantasmas promove na cidade. A primeira foi no dia 27 de abril, na Avenida Brasil, em frente à Praça Raposo Tavares. Segundo Borck, cerca de 200 estudantes participaram do protesto.
Campo Mourão
Na noite de terça-feira (18), o pátio da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (Fecilcam) foi palco de outro protesto. O grupo Juventude, Luta e Consciência (JLC), formado por cerca de 30 estudantes da instituição, organizou o protesto, cujo ápice ocorreu das 21h às 21h30. “Mais ou menos 250 alunos participaram”, conta um dos membros da JLC, Anderson Marcondes.
A mobilização teve estudantes fantasiados de fantasmas, música de fundo, distribuição de panfletos e microfone aberto para quem quisesse falar. Foi a primeira manifestação do Movimento Caça Fantasmas em Campo Mourão, que também contou com o apoio de várias entidades e sindicatos. “Na semana que vem, a JLC vai se reunir para decidir se outro protesto será organizado.”


 FONTE: Site do RPC

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Congresso Municipal da UJS


Mapa de onde fica o plenário da Câmara
Mapa do local de onde fica a AFUEM

PROGRAMAÇÃO DO CONGRESSO DA UJS MARINGÁ


09:00hs - 09:30hs: Abertura
09:30hs - 11:30hs: - Palestras sobre a UJS e discussão sobre a tese para o congresso estadual e nacional.
11:30hs - 13:30hs: Almoço
13:30hs - 16:00hs: Grupos de trabalho*.

Grupos de Trabalho:
- LGBT
- Universidades Públicas e Privadas
- Movimento Secundarista
- Políticas Públicas de Juventude
- Movimento Hip Hop
- Mulheres
*Os grupos de trabalho acontecerão aleatoriamente durante toda a tarde do dia.

16:00hs - 16:30hs: Café
16:30hs - 19:30hs: Plenária Municipal, com a formação de nova diretoria para a UJS Municipal.
21:00hs: Confraternização (SERÁ NO QUIOSQUE DA AFUEM CAMPESTRE)

Para maiores informações nos envie um e-mail ujsmaringa@hotmail.com

sexta-feira, 14 de maio de 2010

João Cândido, petróleo, racismo e emprego

A Transpetro lançou ao mar o navio petroleiro João Cândido. Batizado com o nome de um dos nossos heróis, marinheiro negro, filho de escravos e líder da Revolta da Chibata, o navio tem 247 metros de comprimento, casco duplo que previne acidente e vários significados históricos. Primeiro, leva a industrialização para Pernambuco, contribuindo para reduzir as desigualdades regionais. Em segundo lugar, dá um cala-boca para quem insinuou de forma maldosa que o PAC era apenas virtual. Em terceiro, prova que está em curso a remontagem da indústria naval brasileira criminosamente destruída na era da privataria. O artigo é de Beto Almeida.
Beto Almeida (*)

Nesta sexta-feira a Transpetro lançou ao mar o navio petroleiro João Cândido. Batizado com o nome de um dos nossos heróis, marinheiro negro, filho de escravos e líder da Revolta da Chibata, o navio tem 247 metros de comprimento, casco duplo que previne acidente e vários significados históricos. Primeiro, leva a industrialização para Pernambuco, contribuindo para reduzir as desigualdades regionais. Em segundo lugar, dá um cala-boca para quem insinuou de forma maldosa que o PAC era apenas virtual. Em terceiro, prova que está em curso a remontagem da indústria naval brasileira criminosamente destruída na era da privataria. Como um simbolismo adicional, um total de 120 operários dekasseguis foram trazidos do Japão, com suas famílias, para juntarem-se aos operários nordestinos que construíram o navio. Os primeiros não precisam mais morar longe da pátria; os outros, saem do canavial para a indústria e não precisam mais pegar o pau-de-arara, nem entoar com amargura a Triste Partida, de Patativa do Assaré, como um certo pernambucano teve que fazer na década de 50. Até que virou presidente.

Mulheres trabalhando como chefes de equipe de soldagem no Estaleiro Atlântico Sul, no município de Ipojuca, em Pernambuco, pronunciavam frases orgulhosas lembrando que não sabiam nem que esta também poderia ser uma tarefa feminina. O ex-pescador de caranguejo contava em depoimento agreste que antes do estaleiro não sabia direito como ganhar o sustento da família a cada dia que acordava. O ex-canavieiro, agora operário, destaca que não depende mais temporalidade insegura da colheita da cana e quando acorda já tem para onde ir, quando antes vivia a insegurança. Estes alguns dos vários depoimentos colhidos na inauguração do navio petroleiro João Cândido ao ser lançado ao mar pernambucano. Deixa em terra um rastro de transformação.


Inicialmente, na vida destas pessoas antes lançadas ao deus-dará de uma economia nordestina reprimida, desindustrializada. A transformação atinge os municípios mais próximos, pois no local onde foi construído o estaleiro, uma antiga moradora, Mônica Roberta de França, negra de 24 anos, que foi escolhida para ser a madrinha do navio, dizia que ali era um imenso areal, não tinha nada. Agora tem uma indústria e uma escola técnica para os jovens da região. E que só agora ela tem seu primeiro emprego na vida com carteira assinada.


Desculpas à Nação

Para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o lançamento do João Cândido ao mar tem o mesmo alcance histórico do gesto de Getúlio Vargas quando deu forte impulso à nacionalização da indústria naval brasileira, na década de 30, por meio da empresa de navegação estatal. “Aqueles que destruíram a indústria naval tem que assumir sua responsabilidade e pedir desculpas à Nação”, disse Campos na solenidade que teve a participação de 5 mil pessoas aproximadamente, sobretudo dos operários.

O Navio João Cândido abre uma nova rota para a economia brasileira. Incialmente, porque a Petrobrás já não será obrigada a desembolsar cerca de 2,5 bilhões de reais por ano com o afretamento de navios estrangeiros. Há, portanto, um revigoramento do papel do estado na medida em que a reconstrução da indústria naval brasileira é resultado direto de encomendas da nossa empresa estatal petroleira. O que também permite avaliar a gravidade e o caráter antinacional das decisões que levaram um país com a enorme costa que possui, tendo montado uma economia naval de peso internacional respeitável, retroceder em um setor tão estratégico.


E isso quando nossa economia petroleira, há anos, já dava sinais de expansão, mesmo quando estavam no poder os que promoveram o espantoso sucateamento, a desnacionalização e a abertura da navegação em favor dos países que querem impedir nosso desenvolvimento. Este tema, certamente, não poderá faltar nos debates da campanha presidencial deste ano.


Almirante negro

A escolha do nome João Cândido também foi destacada na solenidade por meio do novo ministro da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, Eloy Moreira. Vale registrar que há pouco mais de um ano Lula participou de homenagem ao Almirante Negro inaugurando sua estátua na Praça XV, no Rio, que estava há anos guardada, supostamente porque não teria havido grande empenho da Marinha na realização desta solenidade. Pois bem, agora João Cândido não está apenas nas “pedras pisadas do cais”, com diz a maravilhosa canção de Bosco e Blanc. Está na estátua e está cruzando mares levando para o mundo afora o nome de um de nossos heróis.

Navegar é possível

O novo petroleiro estatal, portanto, é uma prova real de que sim “navegar é possível”, como dizia uma faixa no ato. Navegar na rota inversa daquela que promoveu o desmantelamento da nossa indústria naval. Navegar na rota da revitalização e qualificação do papel protagonista do estado. Recuperar um curso que havia sido fundado lá durante a Era Vargas onde se combinava industrialização e nacionalização com geração de empregos e direitos trabalhistas. Se no período neoliberal foi proclamada a idéia de destruir a “Era Vargas”, agora, está não apenas proclamada, mas já colocada em marcha, a necessidade de reconstruir a partir dos escombros da ruína das privatizações - entulho neoliberal - tendo no dorso no navio-gigante o nome heróico do líder da Revolta da Chibata. Sem revanchismo, o episódio permite lembrar outra canção: “É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”


(*) Presidente da TV Cidade Livre de Brasília
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A REVOLTA DA CHIBATA

João Cândido, o Almirante Negro

O Congresso brasileiro restabeleceu, no mês de agosto de 2003, os direitos de todos os marinheiros envolvidos na chamada "Revolta da Chibata", ocorrida em 1910. O decreto devolve aos marinheiros suas patentes, permitindo que recebam na Justiça os valores a que teriam direito se tivessem permanecido na ativa. Após 93 anos, resgata-se a memória dos marujos, especialmente do líder da Revolta, João Cândido Felisberto, o "Almirante Negro".
Para entender a história de João Cândido e da Revolta da Chibata - uma das poucas revoltas populares que atingiu seus objetivos no Brasil - é preciso voltar a 1910. Neste ano, no meio de uma grande instabilidade política, o militar Hermes da Fonseca é eleito para a presidência.
Na noite do dia 22 de novembro de 1910, o novo presidente recebe a notícia: os canhões de alguns dos principais navios de guerra da Marinha Brasileira – neste momento ancorados em frente à cidade, na Baía de Guanabara - apontam para a capital do Rio de Janeiro e para o próprio palácio de governo. As tripulações se rebelaram e tomaram os principais navios da frota.
 
O Minas Gerais, um dos modernos navios recém-adquiridos pela Marinha na época da Revolta
 
Três oficiais e o comandante do encouraçado Minas Gerais, João Batista das Neves, estão mortos. Os demais oficiais são pegos de surpresa: os marinheiros manobram a frota exemplarmente, como não acontecia sob seu comando. O movimento, articulado por marinheiros como Francisco Dias Martins, o "Mão Negra" e os cabos Gregório e Avelino, tem como seu porta-voz o timoneiro João Cândido.
A última chicotada
Os motivos principais da Revolta eram simples: o descontentamento com os baixos soldos, a alimentação de má qualidade e, principalmente, os humilhantes castigos corporais. Estes haviam sido abolidos no começo do século, acompanhando o final da escravidão, sendo depois reativados pela Marinha como forma de manter a disciplina a bordo. 
 
Ao lado de um dos Marinheiros, João Cândido lê o manifesto da Revolta: fim dos castigos corporais (Agência Estado)
 
No Minas Gerais, por exemplo, no dia da Revolta, o marinheiro Marcelino Menezes é chicoteado como um escravo por oficiais, à frente de toda a tripulação. Segundo jornais da época, recebe 250 chibatadas. Desmaia, mas o castigo continua. O movimento então eclode. João Cândido no primeiro momento não está presente. No calor da luta, são mortos os oficiais presentes no navio, o que terá conseqüências trágicas para os revoltosos.
 
Para surpresa dos oficiais a marujada manobrava sozinha os navios (Foto: "Diários Associados")
 
Além do Minas Gerais, os marinheiros tomam os navios Bahia, São Paulo, Deodoro, Timbira e Tamoio. Hasteiam bandeiras vermelhas e um pavilhão: "Ordem e Liberdade". A frota inclui mais de 80 canhões, que são apontados para a cidade. Alguns tiros de aviso chegam a ser disparados. Os marujos enviam um radiograma, onde apresentam ao governo suas exigências: querem o fim efetivo dos castigos corporais; o perdão por sua ação e que melhorem suas condições de trabalho.
A Marinha quer punir a insubordinação e a morte dos oficiais. O governo, contudo, cede. A ameaça à cidade e ao poder de Hermes da Fonseca são reais. Aprovam-se então medidas que acabam com as chibatadas e também um projeto que anistia os amotinados. Depois de cinco dias, a revolta termina vitoriosa. 
 
A despedida do marinheiro
Os jornais da época anunciam o término da Revolta: quase 3.000 pessoas. Os mais ricos - fugiram da cidade. A população subiu aos morros para ver as manobras da Armada
Os marinheiros, em festa, entregam os navios. O uso da chibata como norma de punição disciplinar na Marinha de Guerra do Brasil finalmente está extinto.
Logo, no entanto, o governo trai a anistia. Os marinheiros começam a ser perseguidos. Surgem notícias de uma nova revolta, desta vez no quartel da Ilha das Cobras. O governo recebe plenos poderes do Congresso para agir. A ilha é cercada e bombardeada.
Cerca de 100 marinheiros são presos e mandados, nos porões do navio "Satélite" - misturados a ladrões, prostitutas e desocupados recolhidos pela polícia para "limpar" a capital - para trabalhos forçados na Comissão Rondon, ou simplesmente para serem abandonados na Floresta Amazônica. Na lista de seus nomes, entregue ao comandante do "Satélite", alguns estão marcados por uma cruz vermelha. São os que morrerão fuzilados e, depois, serão jogados ao mar.
João Cândido é conduzido para a prisão ("Agência Estado")
 
João Cândido, embora não tenha participado do novo levante, também é preso e enviado para a prisão subterrânea da Ilha das Cobras, na noite de Natal de 1910, com mais 17 companheiros. Os 18 presos foram jogados em uma cela recém-lavada com água e cal. A cela ficava em um túnel subterrâneo, do qual era separada por um portão de ferro. Fechava-a ainda grossa porta de madeira, dotada de minúsculo respiradouro. O comandante do Batalhão Naval, capitão-de-fragata Marques da Rocha, por razões que ninguém sabe ao certo, levou consigo as chaves da cela e foi passar a noite de Natal no Clube Naval, embora residisse na ilha.
A falta de ventilação, a poeira da cal, o calor, a sede começaram a sufocar os presos, cujos gritos chamaram a atenção da guarda na madrugada de Natal. Por falta das chaves, o carcereiro não podia entrar na cela. Marques da Rocha só chegou à ilha às oito horas da manhã. Ao serem abertos os dois portões da solitária, só dois presos sobreviviam, João Cândido e o soldado naval João Avelino. O Natal dos demais fora paixão e morte.
O médico da Marinha, no entanto, diagnosticou a causa da morte como sendo "insolação". Marques da Rocha foi absolvido em Conselho de Guerra, promovido a capitão-de mar-e-guerra e recebido em jantar pelo presidente da República.
João Cândido continuou na prisão, às voltas com os fantasmas da noite de terror. O jornalista Edmar Morel (1979, p. 182) registrou assim seu depoimento pessoal: "Depois da retirada dos cadáveres, comecei a ouvir gemidos dos meus companheiros mortos, quando não via os infelizes, em agonia, gritando desesperadamente, rolando pelo chão de barro úmido e envoltos em verdadeiras nuvens da cal. A cena dantesca jamais saiu dos meus olhos.
Atormentado pela lembrança dos companheiros mortos, João Cândido é algum tempo depois internado em um hospício. 
 
Perto do mar, as "pedras pisadas do cais"
Aos poucos, ele se restabelece. É solto e expulso da Marinha. Os navios mercantes não o aceitam: nenhum comandante quer por perto um ex-presidiário, agitador, negro, pobre e talvez doido. João Cândido continuará contudo perto do mar, até morrer, em 1969, aos 89 anos de idade, como simples vendedor de peixe.
Os que fizeram a Revolta da Chibata morreram ou foram presos, desmoralizados e destruídos. Seu líder terminou sem patente militar, sem aposentadoria e semi-ignorado pela História oficial. No entanto, o belíssimo samba "O Mestre-Sala dos Mares", de João Bosco e Aldir Blanc, composto nos anos 70, imortalizou João Cândido e a Revolta da Chibata. Como diz a música, seu monumento estará para sempre "nas pedras pisadas do cais". A mensagem de coragem e liberdade do "Almirante Negro" e seus companheiros resiste.
 
HOMENAGEM DE JOÃO BOSCO E ALDIR BLANC À "REVOLTA DA CHIBATA"
Sobre a censura à música, o compositor Aldir Blanc conta: "Tivemos diversos problemas com a censura. Ouvimos ameaças veladas de que a Marinha não toleraria loas e um marinheiro que quebrou a hierarquia e matou oficiais, etc. Fomos várias vezes censurados, apesar das mudanças que fazíamos, tentando não mutilar o que considerávamos as idéias principais da letra. Minha última ida ao Departamento de Censura, então funcionando no Palácio do Catete, me marcou profundamente. Um sujeito, bancando o durão, (...) mãos na cintura, eu sentado numa cadeira e ele de pé, com a coronha da arma no coldre há uns três centímetros do meu nariz. Aí, um outro, bancando o "bonzinho", disse mais ou menos o seguinte:
  • Vocês não então entendendo... Estão trocando as palavras como revolta, sangue, etc. e não é aí que a coisa tá pegando...
  • Eu, claro, perguntei educadamente se ele poderia me esclarecer melhor. E, como se tivesse levado um "telefone" nos tímpanos, ouvi, estarrecido a resposta, em voz mais baixa, gutural, cheia de mistério, como quem dá uma dica perigosa:
- O problema é essa história de negro, negro, negro..."
 
MÚSICA DE JOÃO BOSCO E ALDIR BLANCI
EM HOMENAGEM A REVOLTA DA CHIBATA 

Mestre-Sala dos Mares", de João Bosco e Aldir Blanc, composto nos anos 70, imortalizou João Cândido e a Revolta da Chibata. Como diz a música, seu monumento estará para sempre "nas pedras pisadas do cais". A mensagem de coragem e liberdade do "Almirante Negro" e seus companheiros resiste.
O Mestre Sala dos Mares
(João Bosco / Aldir Blanc)
(letra original sem censura)
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre sala
E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas
dos negros pelas pontas das chibatas
Inundando o coração de toda tripulação
Que a exemplo do marinheiro gritava então
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o almirante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo
 
O Mestre Sala dos Mares
(João Bosco / Aldir Blanc)
(letra após censura durante ditadura militar)
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre sala
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas
dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro gritava então
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo
 

Brasil e Rússia querem ampliar relações comerciais

Presidente Lula e Medvedev, da Rússia, querem estreitar relações - hoje o comércio entre os países é metade do que era em 2008.

Renata Giraldi e Carina Dourado, AGÊNCIA BRASIL

Brasília e Moscou - O comércio bilateral entre o Brasil e a Rússia é US$ de 4,3 bilhões, mas já atingiu a marca de US$ 8 bilhões anuais em 2008. Os presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dmitri Medvedev, da Rússia, querem retomar o melhor momento do intercâmbio comercial entre os dois países. Uma das alternativas é a adoção de moeda local na comercialização de mercadorias, como ocorre com a Argentina.
Durante a visita hoje (13) à Rússia, Lula e Medvedev assinarão acordos em vários setores - desarmamento, não proliferação de armas, militar, espacial, direitos humanos, cultura, segurança da informação e científico. O destaque, no entanto, é o Plano de Ação da Parceria Estratégica Brasil-Rússia que engloba pesquisas em tecnologia e defesa.

Na passagem por Moscou, o presidente deverá participar ainda das comemorações da declaração conjunta referente aos 65 anos do fim da 2ª Guerra Mundial. O documento é assinado por 45 partidos comunistas do mundo e várias entidades civis em celebração à vitória dos aliados contra a Alemanha nazifacista.
De Moscou, Lula segue para Doha, capital do Catar. Ele terá reuniões com o emir Hamad bin Khalifa Al Thani e assinará acordos bilaterais nas áreas de cultura, turismo e educação. Depois, o presidente vai para o Irã, no sábado (15), para reuniões com Ahmadinejad.

Descoberto poço que pode ser segunda maior reserva de petróleo do país

Volume do material está estimado em 4,5 bilhões de barris

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) estimou nessa quarta, dia 12, em 4,5 bilhões de barris o volume de petróleo em local que explora no pré-sal da Bacia de Santos. Batizado de Franco, o poço 2-ANP-1-RJS seria a segunda maior reserva do país, atrás só do megacampo de Tupi, com até oito bilhões de barris.
Em nota divulgada na quarta, o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, afirmou que “parece se tratar de um dos poços de maior potencial já perfurado no país”. Franco está localizado em lâmina de água de 2.189 metros, a 195 quilômetros da costa do Rio de Janeiro. O volume de reservas de barris poderá ser usado na capitalização da estatal.
– O poço foi perfurado num prospecto com cerca de 400 quilômetros quadrados e detectou uma coluna com 272 metros de espessura efetiva com petróleo. A avaliação levou em consideração os mesmos padrões de cálculos adotados para a acumulação de Tupi – informou a agência.
A perfuração comprovou a descoberta de óleo leve com cerca 30º API. Quanto mais baixa essa gradação, mais leve é o óleo, ou seja, mais fácil de ser transformado em gasolina e óleo diesel, os derivados mais valorizados.
A Petrobras foi contratada pela agência para perfurar dois poços em áreas ainda em poder da União, isto é, ainda sem concessão para exploração comercial. Os trabalhos para o segundo poço, batizado de Libra, a 32 quilômetros a nordeste de Franco, já começaram.

Ficha limpa e consciência de cidadania

Zillah Branco *

Os brasileiros assistiram estarrecidos à denúncia contra uma procuradora aposentada que durante mais de um mês torturou uma criança de dois anos que pretendia adotar, em fase de experiência no ambiente do seu futuro lar. As empregadas temiam fazer a denúncia contra “pessoa tão poderosa”. Alguém com consciência de cidadania avisou a polícia e ajudou a gravar os gritos e xingamentos da que pretendia ser a “futura mãe adotiva” e os choros de terror da pequenina torturada.

A polícia protegeu a criança retirando-a do local de tortura e tratando-a médicamente antes de devolver à instituição de onde saira. A população indignada exigiu que a mulher fosse processada pelo crime cometido contra uma criancinha indefesa, um promotor apresentou a denúncia a um juiz que não se sentiu competente para julgar (a antiga colega de classe), mas um segundo juiz ( com consciência de cidadania) julgou e condenou à prisão. Entretanto, com tais delongas e a proteção de alguns colegas da corporação judicial a que pertencia, a criminosa fugiu.

A imprensa manteve a população informada dos vários fatos e divulgou a imagem da mulher acusada, acompanhada pelo seu advogada quando chamada à polícia, o que permitiu a mobilização dos que podiam revelar as condições em que foi praticado o crime. O mais importante foi a ação institucional – da polícia e do sistema jurídico (apesar de claudicar) – em defesa da criança sem lar e contra uma antiga alta funcionária do Estado. A prática da democracia criada por um Governo indiscutivelmente a favor do povo, começa a ser implantada apesar das defesas corporativas e de classe. Vemos que com a participação popular será banida a impunidade que até ontem era dominante no Brasil. Podemos acreditar que será possível criar um Estado realmente democrático se não abandonarmos a luta que é permanente.

Revendo os fatos divulgados, no entanto, vemos que há muito por fazer. Não só as empregadas domésticas temiam uma “pessoa tão poderosa”, mas mesmo os responsáveis da instituição de proteção à criança deixaram de investigar a idoneidade de quem pretendia adotar uma criança. Hoje sabe-se que há tempos um menino passou pela mesma experiência de tortura na casa daquela “pessoa poderosa”. Como é que uma instituição do Estado aceita como prova de idoneidade o status sócio-economico de uma pessoa para confiar uma criança de dois anos aos seus cuidados? Porque não perguntou aos vizinhos, aos parentes, aos antigos colegas, se aquela ex-funcionária era confiável? Se ela se afirma como “poderosa” aos seus subalternos, algum problema mental grave deve ser temido.

A falta de consciência de cidadania ainda existe em grande medida, principalmente por persistirem os “poderosos” a defenderem os seus “pares” e não a democracia, mesmo dentro do aparelho do Estado. É uma forma de corrupção silenciosa que sobrevive disfarçado em interpretação jurídica.

Estamos em campanha pela aprovação das “fichas limpas” para os candidatos a qualquer função política, sejam os eleitos como os aprovados em concurso profissional ou indicados. Acrescentemos à limpeza da ficha policial também a consciência de cidadania que é um sério compromisso com a democracia.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O pacote de privatizações de José Serra





Há 13 anos na frente do governo de São Paulo, o partido dos banqueiros e multinacionais PSDB, primeiro sob o comando do mercenário Mário Covas e depois sob o mercenário Geraldo Alckmin privatizaram praticamente todos os serviços públicos estratégicos e fundamentais para o desenvolvimento econômico-social do estado – as teles, as elétricas, o banco etc. Agora, José Serra, também mercenário neoliberal tucano, quer completar o serviço da política dos grandes grupos econômicos internacionais no principal estado do país. “Moto-Serra” (apelido carinhoso que conquistou pela destruição que vem realizando em São Paulo, como prefeito e agora como governador) abriu processo de “licitação” de fachada,  mês (outubro), para realizar o levantamento dos ativos e formulação do modelo de privatização para cada uma das 18 empresas de serviços públicos que ainda estão sob controle do Estado. Entre as vítimas estão a Nossa Caixa (banco), EMTU, Metro, CPTU, Dersa (transportes), Sabesp (saneamento), CDHU (habitação), CESP (geração de energia). Nem a Imprensa Oficial escapará da saga privatista de Moto-Serra.

Esta noticia foi veiculada pelos jornais de São Paulo


Recebido por e-mail.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Seminário sobre Lênin terá transmissão ao vivo pela internet


No próximo sábado, 8, a Fundação Maurício Grabois realiza em São Paulo o seminário “Pensar Lenin: aspectos contemporâneos de sua teoria”. Embora seja destinado a convidados, o evento será transmitido pela internet, o que ampliará seu alcance permitindo que internautas de Norte a Sul acompanhem os debates. 
A transmissão será feita pela página da Fundação a partir das 9h30, quando acontece a abertura do seminário.

Entre os convidados estão José Barata-Moura, ex-reitor da Universidade de Lisboa; Luis Fernandes, cientista político e professor de relações internacionais da PUC-RJ; Aloísio Teixeira, reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro; João Quartim de Moraes, professor titular de Filosofia da Unicamp e Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB.

Segundo Sérgio Barroso, coordenador do seminário e diretor de Estudos e Pesquisa da FMG, há duas motivações para a realização do evento. “A primeira é a lembrança da passagem dos 140 anos de nascimento de Vladimir Ilitch Ulianov”, já que “existe uma gigantesca campanha para omitir o papel do primeiro dirigente máximo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O fato de Lênin ter desempenhado esse papel é, por si só, extraordinário. Ao esconder esse fato e caluniar Lênin, procura-se apagar o que ele expressa como líder político de uma experiência que provou que os trabalhadores podem assumir efetivamente o poder e superar o capitalismo”.

O segundo aspecto destacado por Barroso é que recordar Lênin “é revisitar suas ideias para mostrar sua contemporaneidade e reafirmar o compromisso com as transformações revolucionárias e socialistas. Um dos objetivos centrais do seminário é exatamente mostrar a fecundidade da sua teoria”. 







Do vermelho.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Denúncias ficam sem respostas

15º Congresso da UJS - Pra Ser Muito Mais Brasil


7º BOLETIM DE MOBILIZAÇÃO

Quintas do Pré-Sal: UJS filiando milhares para defender a educação

A frente universitária da UJS está lançando novo impulso para as filiações de estudantes: as Quintas do Pré-Sal!

Depois do vitorioso CONEG, que reafirmou a independência da UNE e aprovou o Projeto Brasil dos estudantes, os universitários da UJS precisam ter engajamento total para garantir uma grande mobilização para o 15º Congresso Nacional da UJS.

A ideia das "Quintas do Pré-Sal" - Quinta de 5ª Feira mesmo - é que sirvam como dias nacionais de agitação nas principais universidades brasileiras, levando a principal bandeira do movimento estudantil e apresentando a UJS para os estudantes.

Também fazem parte da campanha outras iniciativas como o lançamento de materiais próprios, com abordagem específica e ações de divulgação, como a produção de vídeos das atividades para postagem no site da UJS.


Todos à Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais e ao Conclat

A agenda dos movimentos sociais está cheia nos próximos dias. No próximo 31 de Maio todas as frentes de atuação da UJS têm encontro marcado com a Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais, em São Paulo. 

A ideia da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) é reunir 3 mil militantes de diversas organizações progressistas para aprovar o Projeto Brasil 2010, com as contribuições dos movimentos para pautar as eleições presidenciais de outubro. Todas as frentes da UJS estão convocadas a participar!

Outra data importantíssima é o 1º de Junho, com a realização da 2ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat). As centrais sindicais querem reunir 40 mil trabalhadores no estádio do Pacaembu, na cidade de São Paulo.

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) pretende mobilizar 5 mil lideranças para o evento. Os jovens trabalhadores da UJS precisam se integrar nas caravanas e ter metas de mobilização de jovens para somar neste que será o maior encontro dos trabalhadores do Brasil! 

quarta-feira, 28 de abril de 2010





Após tomar as ruas de Curitiba, o movimento CAÇA FANTASMAS, que luta contra as denuncias de corrupção e os diários secretos na Assembléia Legislativa do Paraná, chega a Maringá para se juntar a todo o estado pedindo o afastamento do presidente da AL, Nelson Justus, e toda mesa diretora.
A UJS e outras várias entidades se uniram para formar este movimento que luta para que a sociedade tome consciência dos absurdos que vem acontecendo já a algum tempo.
A manifestação se iniciou na quarta-feira (28/04/2010) às 8h30min nPraça Raposo Tavares.
Entre as entidades que apoiaram o movimento estavam: UNE - União Nacional dos Estudantes, UBES - União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, UPE - União Paranaense dos Estudantes, UPES - União Paranaense dos Estudantes Secundaristas, UMES - União Maringaense dos Estudantes Secundaristas, Grêmio do Colégio Branca da Mota, Grêmio do Colégio Tancredo Neves, DCE-UEM, APP, SISMMAR, SINTEMA, SINDAEN, STEEM, STESSMAR (SAÚDE), SENGE, CUT, CTB, ARAS, UJS, JPT, PT, PCdoB.
 
Assista o video:




quarta-feira, 14 de abril de 2010

PCdoB da Cidade de Maringá aprova Dia Municipal de Combate à Homofobia‏


Nesta terça-feira (6) a Câmara Municipal de Maringá aprovou em primeira discussão o projeto de lei que institui oficialmente o dia 17 de Maio como Dia Municipal de Combate à Homofobia.


O projeto, de autoria do vereador Manoel Sobrinho (PC do B), prevê que o Poder Executivo promova eventos alusivos à comemoração, inclusive com a divulgação da data nos meios de comunicação locais. Assinam o projeto os vereadores Wellington Andrade (PRP), Luiz do Postinho (PRP), Mário Verri (PT), John Alves Corrêa (PMDB), Belino Bravin Filho (PP) e Carlos Eduardo Saboia (PMN).

O presidente da AMLGBT (Associação Maringaense de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Travestis), Luiz Modesto, e a vice, Franciele Scopetc, juntamente com diversos membros da associação, estiveram presentes na sessão e destacaram a importância do projeto para que a sociedade possa trabalhar o respeito à diversidade.

O vereador Dr. Manoel Sobrinho destacou que na hora de pagar impostos não se pergunta a orientação sexual e cobra-se de todos, mas na hora de garantir os direitos se nega praticamente tudo a essa parcela da população, principalmente o direito à individualidade. “Eu me sinto feliz por fazer esse projeto, mas também me sinto triste, porque o bom seria que houvesse respeito à opção de cada um.”

A vereadora Marly Martin (DEM) preferiu se abster. “Sou contra a discriminação, mas não sou favorável a valorização desse assunto”, afirmou durante a sessão.

Agora o projeto volta à votação na sessão desta quinta-feira, se for aprovado em segundo turno estará nas mãos do Prefeito Silvio Barros (PP) que poderá vetá-lo ou aprová-lo.

Tirado do site Maringay.

Conselho Tutelar - Zona Norte promove palestra com o tema: "Redução de Danos e as Leis sobre Drogas"

O Conselho Tutelar - Zona Norte promove debate sobre Redução de Danos e as Leis sobre Drogas.
O palestrantes será promotor de justiça Dr. Robertson Azevedo (Curitiba-Pr) entre outros convidados.

A palestra será realizada no auditório da Biblioteca Municipal que fica na  Av. XV de Novembro 514 -Centro  (Próx. a Prefeitura), no dia: 19 de abril de 2010 das 13:30 às 17:00.

O evento é aberto a toda a comunidade.

15º Congresso da UJS - Tese para debates.

Para ler a TESE click aqui!

GREVE DOS PROFESSORES DO ESTADO DE SÃO PAULO

Precisamos fazer uma reflexão a respeito de quem quer Governar o Brasil




GREVE DOS PROFESSORES NO ESTADO DE SÃO PAULO
RELATOS DO DIA 26/03/2010 – PALÁCIO DOS BANDEIRANTES







OS PROFESSORES, MAIS UMA VEZ, PROCURAM O GOVERNO PARA NEGOCIAR










ENTÃO, O GOVERNADOR JOSÉ SERRA ENVIOU OS SEUS NEGOCIADORES






O RESULTADO?
OS PROFESSORES SENDO MASSACRADOS PELA TROPA DE CHOQUE...







PROFESSORES SENDO ATINGIDOS POR BALAS DE BORRACHA










SEGUNDO O SITE: AMAGAZINE.COM.BR O GOVERNO DE SÃO PAULO COLOCA POLICIAIS A PAISANA INFILTRADOS NO MEIO DA MANIFESTAÇÃO.


O QUE ELES FAZIAM LÁ?








E AINDA PRETENDE SER PRESIDENTE DO BRASIL?






SE NÃO CUIDA DA EDUCAÇÃO, NÃO VAI SER UM CHEFE DA NAÇÃO!

E O PIOR, AINDA FAZ PROPAGANDAS NA TELEVISÃO COM O DINHEIRO DO POVO CONTANDO MENTIRAS PARA A POPULAÇÃO!!!





Recebido por e-mail.

segunda-feira, 29 de março de 2010

TCCC



Transporte Coletivo Cidade Canção (TCCC) - 59 anos de MONOPÓLIO.

Com uma passagem à R$2,50, desejar qualquer coisa a população maringaense é "tirar uma onda" da nossa cara.

segunda-feira, 22 de março de 2010

O Socialismo na e para a Bolívia: da eleição de Evo à nova ordem


Ninguém duvidava do triunfo de Evo Morales. Todos sabiam que venceria com mais de 50% dos votos, mas poucos acertaram na percentagem final. Conseguir 64%, é alcançar um cume pouco habitual. No entanto, ratifica o fato de que onde há unidade das massas pode-se atingir índices que se aproximam de uma espécie de unanimidade política. Para a outra banda – para a direita e o imperialismo – o êxito da candidatura popular foi uma humilhação nunca vista.

Por Marcos Domich, em odiario.info

O triunfo permitiu chegar ao controle de importantes alavancas do poder político, particularmente em ambas as câmaras legislativas. Isto possibilita a aprovação das leis e códigos, e a nomeação de autoridades que facilitarão uma aplicação sistemática e efetiva da nova Constituição Política do Estado (NCPE). Deu-se uma situação sui generis, agora é possível fazer profundas transformações estruturais e super-estruturais pelo mandato da Constituição e das leis.

Anteriormente, a revolução, o povo em armas ou o que lhe queiram chamar, executavam medidas revolucionárias sem outra deliberação para além da lubrificada vontade popular. E se aí radicava a sua legitimidade, havia o melindre de não serem 'legais', mais ainda, estraçalhavam a velha legalidade que outra coisa não era que a lei formulada, como obra de alfaiate, exatamente à medida dos interesses dos patrões e dos monopólios. Hoje é possível a mudança legítima e completamente legal. Na verdade consumou-se uma revolução política pacífica e que até tem a sua própria Constituição.

As eleições bolivianas têm uma dupla projeção: uma exterior e outra interior. Isso entende-se melhor se falarmos de alguns prolegômenos das eleições. A eminência do êxito da candidatura de Evo determinou que a reação nativa e o imperialismo espremessem os cérebros a imaginar as maneiras de perturbar o processo eleitoral; como se disse, deram mil e uma voltas na tentativa de a invalidar.

A experiência histórica diz-nos como se move uma direita em transe de sofrer uma derrota que, no caso das eleições bolivianas de dezembro, marcam para ela e para os seus sustentáculos a possibilidade de uma derrota estratégica. Derrota estratégica quer dizer que o processo de mudanças continuará a sua marcha ascendente que inclusive poderá transformar-se num processo revolucionário, com tudo o que esta definição significa. E aqui está o cerne da questão. Às classes dominantes apavora-as a possibilidade da sua extinção histórica.

Entre as medidas perturbadoras estava a tentativa de impedir o voto de cerca de 400.000 cidadãos. Depois tentaram invalidar cerca de 250.000 votos presumivelmente a favor do MAS, de acordo com sondagens confiáveis. Outro objetivo era o de impedir que o futuro Parlamento boliviano contasse com uma maioria de deputados e senadores do MAS, sobretudo na câmara de senadores.

O seu sonho esfumou-se e a direita elegeu apenas 10 senadores face aos 26 dos MAS. Percebe-se agora a consigna do voto cruzado. Queriam forçar a diminuição de deputados da bancada do MAS. No final, este partido obteve 86 deputados contra 36 do seu imediato seguidor.

A campanha da oposição baseava-se numa ação dissuasora, mentirosa e provocadora, utilizando a poderosa bateria de meios de comunicação de massas ao seu serviço. Todos tocavam pela mesma partitura. O efeito que procurava era deteriorar a imagem dos candidatos oficiais, da esquerda, atribuir-lhe as piores intenções.

Chegou-se a tergiversações impossíveis como no caso do comando mercenário dirigido por Rósza Flores. Apesar de estar há muito referenciado, inclusivamente denunciado perante a ONU, de ser encontrado com explosivos na sua própria casa em Budapeste, pretendiam apresentá-lo como um contratado, um agente do governo de Morales.

A dimensão externa é a projeção do êxito do povo boliviano na América Latina. Com o retumbante triunfo de Evo Morales, a chamado 'volta à esquerda' continua e pesará nas próximas eleições e ações políticas e diplomáticas. José Mujica, da Frente Ampla uruguaia, derrotou inapelavelmente o direitista branco La Calle.

O caso do Chile é diferente e exige uma profunda reflexão. Trata-se claramente de uma falta de unidade das forças de esquerda e chama a atenção atitudes como a do ex-deputado da Concertação, Enriquez-Ominami.

Face à sucessão de vitórias das candidaturas democratas, progressistas e de esquerda, há já uma década, o imperialismo continuará a procurar por todos os meios - incluindo os mais ilícitos – travá-la e impedir a passagem a novos escalões. Para os seus objetivos, é uma contradição que em cada nova eleição prossiga o êxito do progressismo sobre o conservadorismo, da esquerda sobre a direita.
Há provas do que o imperialismo pretende, e Honduras é o exemplo mais claro. Há mais países em que chovem as denúncias de maquinações conspirativas do império: Venezuela, Equador, Nicarágua, Argentina e outros estão debaixo de mira. Até as catástrofes naturais como a do Haiti são pretextos para ensaiar ocupações militares. Obviamente, os governos servis tipo Uribe e as suas sete bases concedidas ao Pentágono são peças importantes da tramóia contra-revolucionária do imperialismo.

Mas, no conjunto, há uma circunstância que se levanta contra os planos imperialistas: em Cancún nasceu um novo agrupamento dos países da América Latina e do Caribe, a Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe. O imperialismo não vê com bons olhos a emergência de uma nova organização inter-estatal e integracionista de que não fazem parte nem os EUA nem o Canadá. Os povos, os governos progressistas, devem desenvolver os maiores esforços para que esta obra de unidade, de integração e de soberania atinja o seu ponto mais alto.

Com este panorama, devem fixar-se algumas premissas que balizem a atividade da esquerda, da ampla representação parlamentar sob a sigla do MAS e até do próprio governo. Em primeiro lugar, impõe-se uma atitude da máxima responsabilidade e coerência política, de uma consciência precisa das tarefas, do rumo e das metas que há que atingir no processo de construção de uma nova sociedade.

Ainda que escassa, do mal o menos, haverá uma representação parlamentar totalmente confiável pela sua firmeza política e ideológica, pela sua formação e compromisso com a causa da libertação nacional e social na perspectiva da superação do capitalismo.

Não será uma atitude arrogante ou de satisfação plena pelo rotundo triunfo de dezembro e dos que já se avizinham para abril. A direita, que perdeu possibilidades no campo da confrontação democrática, voltará ao caminho anterior e cada vez com mais fúria, fruto da sua impotência política. Com a facilidade que lhe conhecemos, há que temer a sua passagem ao terreno do complô, da resistência organizada e da assunção da violência social, inclusive do terrorismo.

Também se deve pensar que a reação, e sobretudo esse amplo diapasão social chamado conservadorismo, tem outras formas de ação na base dos elementos de atraso e da contaminação da reversão sobre a consciência social. O mês de fevereiro caracterizou-se pela subida dos preços do açúcar, da carne de frango e outros. Certos setores como os transportes provocaram sérios problemas com greves que não têm qualquer fundamento.

Noutros setores há reivindicações de tipo anárquico e nocivo que, contudo, se podem combater e controlar. Por fim, as medidas oportunas do governo resolveram os transtornos, mas ainda não há uma organização vigilante do povo, das organizações sociais, dos sindicatos e dos partidos de esquerda. Até agora houve uma espécie de convergência, não propriamente acordada, entre as organizações e os setores referidos. Do que se trata agora é converter a convergência em organização dotada de objetivos, programa e estruturas definidas. A consigna da unidade continua a ser a mais importante desta etapa histórica.

Ainda que de forma não calculada nos seus detalhes, emergiu de forma espontânea o bloco histórico capaz de levar por diante a sua tarefa histórica da construção da nova sociedade. Camponeses e camponesas, operários e operárias, povos originários, camadas médias, intelectualidade avançada e até pequeno empresariado constituem a matéria-prima desse bloco a que há que infundir consciência revolucionária.

No bloco histórico, ainda se deve trabalhar muito, e muito arduamente, pela unidade política e pelo esclarecimento ideológico. Tarefa que não é fácil quando se trata de vários componentes de classe e de diversidade de povos que, até agora, não só eram marginalizados e discriminados, como em boa medida eram invisibilizados.

Por outro lado não se pode esquecer e passar por alto sobre as manifestações que priorizam o étnico nacional como a pedra fundamental da nova construção social e até adquirem uma matriz excluente que não estabelece diferenças no seio do outro pólo. Tende-se a ignorar que para o capitalismo não há muralhas da China e ele penetrou em todos os resquícios da sociedade e dos povos.

Por último, nesta formulação de tarefas de conteúdo ideológico, não se pode omitir que só a superação das tendências 'naturais' do interesse privado, do seu crescimento e expansão, impedirá que, mais à frente, se convertam num obstáculo à universalização e resgate do verdadeiro sentimento coletivo, solidário, igualitário ou simplesmente comunitário, se se preferir.

À luz da análise da atual situação boliviana podem inferir-se várias conclusões que se traduzirão de fato em linhas de ação e tarefas a derem executadas neste período. Em primeiro lugar há que procurar a maneira de cumprir uma série de promessas eleitorais que não têm esse sentido, mas que na realidade são verdadeiras medidas programáticas transcendentais.

Entre outras está a industrialização do país, com um novo sentido social. Perseguem o fim preciso de desenvolver as forças produtivas em todos os seus componentes, o conjunto dos produtores, da classe operária e dos instrumentos de produção.

Na agricultura – além de estimular certos caminhos imprescindíveis para a alimentação da população e as necessidades de exportação – está a tarefa de liquidar o latifúndio e libertar as forças produtivas superando o despojo mais que centenário dos povos originários.

Há outros aspectos que fazem parte do processo de mudanças que poderão, finalmente, ser aplicados depois do apoio popular ter ratificado o governo. A NCPE tem inscritas e legalizadas por referendo popular uma série de disposições constitutivas de um verdadeiro salto qualitativo no plano da politica social, da educação e da saúde, que tornem a Bolívia num Estado avançado e moderno.

Isto sucede, igualmente, no que se estabelece a nossa política externa como soberana, pacifista, solidária e de relações com todos os países do mundo, baseadas no respeito recíproco, na não ingerência nos assuntos internos de cada país e no benefício mútuo e na solidariedade com os povos em luta pela sua emancipação e defesa da sua soberania. Este é o novo caráter da nossa inserção na comunidade internacional.

Um momento muito importante é o conjunto de disposições que, mantendo o caráter unitário do Estado plurinacional e republicano, estabelece o regime das autonomias departamentais, regionais, municipais e de povos originários. Este novo ordenamento terá de ser aplicado procurando evitar as possíveis fricções entre os fatores concorrentes. Será uma prova à imaginação e criatividade e sobretudo ao patriotismo dos bolivianos que privilegiarão o interesse nacional aos interesses regional ou particular.

Não é objetivo destas notas referir todos os aspectos do plano de desenvolvimento para refundar o país e efetuar uma verdadeira revolução que, libertando a dependência, democratizando a sua sociedade, aceitando e promovendo a unidade na diversidade, conduza à construção de uma nova ordem social. Foi precisamente isto que pôs na mesa de trabalho e no debate teórico o binómio presidencial do discurso de tomada de posse de 22 de Janeiro, para o novo mandato de 5 anos.

O presidente Morales, sob diversos ângulos, afirmou a caducidade do sistema capitalista e o imperativo da construção do socialismo. E de imediato surgiu a pergunta legítima: Como será o socialismo na Bolívia?

Será o socialismo real, o do século XXI, o autogestionário iugoslavo, o modelo chinês, vietnamita ou cubano? Ou será, por fim, o socialismo comunitário? Como o definiram teóricos e analistas políticos bolivianos? A nosso ver a procura de aposições, de adjetivos, é irrelevante para o objetivo final.

Desvia a atenção dos temas centrais, das essências e do caráter dos fenômenos. O vice-presidente Garcia Linera disse, em algum momento das suas intervenções, 'não importa como se chama (o socialismo), o que importa é em que consistirá'. Estamos de acordo e abordemos como entendemos o conteúdo, a essência desse socialismo.

Fique claro que não partimos do vazio teórico, de uma espécie de vacuumdoutrinal. A nossa concepção de socialismo, confessamo-lo à partida, não é nenhuma fórmula nova nem um invento. Ela parte da concepção de Marx, de Engels e de Lenine de uma forma, digamos assim, radical, se isto significa que partimos dos clássicos e desenvolvemos a aplicação da teoria do socialismo científico na Bolívia e para a Bolívia de agora.

Recorremos a uma citação que nos ajuda a aclarar o nosso ponto de partida: 'No materialismo histórico há que continuar a inspirar-se também no que diz respeito à análise de outras revoluções que, a partir do outubro bolchevique, mudaram o rosto do mundo. Não se trata de uma vivência já encerrada e referida ao passado. Junto dos anticomunistas profissionais e de todos os comunistas ou ex-comunistas que são presa da autofobia, há ainda partidos e países que se consideram empenhados nos projetos de construção de uma sociedade para além do capitalismo'. (Losurdo, Doménico, Fuga da História, p. 60; ed. Cartago, 2007.)

Geralmente, fala-se da Revolução como de um processo único. Na realidade tem duas fases. A primeira é a revolução política que, em síntese, consiste na mudança das classes no poder central de um Estado ou de um país. As classes revolucionárias – operárias, camponesas e outras – substituem as classes dominantes e possuidoras, a oligarquia, a burguesia, etc..

Esta fase, muito dinâmica, é variável no seu prolongamento. Nuns, casos a deslocação do velho poder político é rápida, Nalguns casos, mais prolongada, em função de numerosos fatores que têm a ver sobretudo com as correlações de forças, nacionais e internacionais, da força, do empenho dos pólos da contradição.

Depois vem e por vezes corre paralela – sobretudo nalguns aspectos – a fase da revolução propriamente social. Esta aponta para a transformação, a mudança da base econômica da sociedade, do modo de produção e do que habitualmente se conhece como a estrutura econômica.

Adiantando-nos um pouco, podemos dizer que a fase política muda, transforma, sobretudo a super-estrutura e o ordenamento jurídico e político que se levanta sobre a estrutura e que responde aos interesses das classes dominantes. Demora muito mais transformar a consciência social, sobretudo aquele extrato que se denomina consciência cotidiana ou habitual. Por isso se fala tanto da super-vivência do passado, da conduta e do modo de atuar e pensar das pessoas que se supõe já não deveriam continuar a ser como são.

Em que consiste a mudança da estrutura, do modo de produção; a revolução social propriamente dita? Esquematicamente, vamos considerar três elementos que consideramos fundamentais: o sistema de propriedade dos meios de produção, as relações sociais de produção que resultam sobretudo da anterior e o modo de distribuição da riqueza social.

O primeiro elemento é o determinante dos outros componentes e acabará refletindo-se até em elementos tão etéreos como a psicologia das pessoas e a vida espiritual de uma sociedade. Da forma das relações de produção. Na sua forma estabelece a modalidade com que o proprietário dos meios de produção compra, ou mais exatamente ainda, como se apropria do trabalho do que vem a ser o 'seu' dependente, o seu assalariado ou o seu peão.

Estas relações de produção são as que encarnam a contradição entre o possuidor e o despossuído e, mais cedo que tarde, revelar-se-ão como luta de classes.

Finalmente, conforme seja a base econômica, os membros de uma sociedade recolhem a riqueza social (podemos dizer 'apropriam-se', particularmente do excedente). Marx comparava a riqueza social com uma grande panela na qual os indivíduos, obrigatoriamente membros de uma classe social, extraíam da panela uma parte dessa riqueza, de acordo com o tamanho da sua colher. Ínfima, minúscula, a dos operários e da pobreza em geral e enorme, extraordinariamente grande, a do burguês. Aí esta com simplicidade em que consiste a injustiça social.

Não pode haver socialismo de nenhuma classe se não se transforma essa base econômica. Para falar da construção do socialismo com propriedade deve colocar-se a meta histórica da liquidação da propriedade privada dos meios de produção. Isto não acontece da noite para o dia nem significa o desaparecimento de toda a forma de propriedade; mesmo no socialismo integral, o comunismo, não desaparece a propriedade pessoal, ainda que a propriedade dos meios de produção, a propriedade social, seja universal e completa.

No segundo elemento, muda totalmente o caráter das relações de produção. O operário, o trabalhador, o produtor dos bens materiais emancipou-se e vai superando o seu estado de alienação, o estado de dependência de outra vontade e do estado de separação, de perda de si mesmo e do fruto do seu trabalho.

Por último, num processo que não é imediato, irá se nivelando a distribuição da riqueza social. O excedente se tornará cada vez mais coletivo. Por outras palavras, terá aumentado de tamanho a colher dos trabalhadores e dos pobres. Haverá mais justiça social e irá se estabelecendo essa fórmula da primeira etapa do socialismo 'de cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo o seu trabalho'. Na terminologia em voga na Bolívia se tornará realidade a aspiração do 'sumaj causay', quechua, do 'sumaj k’amaña', aymara, do 'vivir bien', castiço.

Concluímos dizendo que só uma revolução social completa pode acercar-nos desse ideal, de forma nenhuma uma utopia como era moda dizer há alguns anos. E nenhuma das suas fases pode ser separada da outra. Uma revolução, somente política pode facilmente ser revertida, sobretudo se deixou intacta a base ou se se deixarem intocáveis muitas formas de propriedade privada dos meios de produção. E não haverá nenhuma revolução social, nenhuma mudança estrutural se não se tender para a liquidação da alienação do trabalhador.

Por último, em duas palavras, respondemos à premente pergunta de se é possível, hoje e na Bolívia, um país atrasado, pobre, cercado construir uma nova ordem, a sociedade socialista. Sim, acreditamos que é possível nas atuais conjunturas nacional e internacional.

Ambas são favoráveis, ainda que à revolução boliviana, tal como não acontecerá com nenhuma outra, não lhe será aberta a passagem para uma avenida Nevski, como já sabemos. Será como disse Mariátegui 'nem cópia nem decalque, criação heróica'.

* Marcos Domich, Professor da Universidade de La Paz

quarta-feira, 17 de março de 2010

Projeto que acaba com a lei seca divide opiniões


A proposta, de autoria do vereador Evandro Júnior, tem o aplauso dos donos de bares e restaurantes, mas enfrenta resistência de setores da sociedade, entre eles o Sinepe


 
O projeto que revoga a lei nº 8.247/2008, que proíbe a comercialização de bebidas alcoólicas nas proximidades das instituições de ensino superior de Maringá pode entrar em discussão na Câmara Municipal na sessão desta terça-feira. O projeto, de autoria do vereador Evandro Júnior (PSDB) , já é alvo de críticas por parte do Sindicato dos Estabelecimentos do Ensino Particular do Norte do Paraná (Sinepe-Pr).
A lei, apresentada pelo Poder Executivo e aprovada pelos vereadores em dezembro de 2008, proíbe a venda de bebidas alcoólicas até 150 metros dos portões das instituições. O não cumprimento da lei prevê multa de R$ 1.500 e a possibilidade de perda do alvará.
O vice-presidente do Sinepe-PR, Wilson de Matos Filho, posicionou-se, ontem à tarde, contrário à tentativa de derrubada da lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas perto das faculdades.
Segundo Matos Filho, é incoerente que alguns vereadores tentem reverter uma decisão tomada pelo legislativo em 2008, indo de encontro aos interesses de vários setores da sociedade que se posicionaram favoráveis à lei.
“Como as medidas judiciais mais urgentes não foram aceitas, nos parece que o sindicato da categoria busca agora uma medida política para reverter a lei”, comentou Wilson Filho, se referindo a uma tentativa da Federação Nacional de Hotéis, Bares e Similares de conseguir uma liminar, por meio de uma Ação Direta de Inconstitucinalidade, e que não deu certo. O pedido foi negado pelo Ministério Público do Paraná e pelo Tribunal de Justiça.
Na visão do vice-presidente do Sinepe, a proibição da venda de bebidas alcoólicas perto das faculdades evita que muitos estudantes sejam atraídos para a bebida. Ele lembra que uma pesquisa realizada pela Unesco entre 2004 e 2006 apontou que mais de 40% das escolas reclamam da presença de bares em suas proximidades.

Urgência
Os donos de bares e restaurantes estiveram na Câmara na semana passada para manifestar apoio ao projeto. Eles afirmam que foram prejudicados e que a proibição não impediu aqueles que desejam de continuarem bebendo, inclusive nas calçadas e ruas próximas às instituições.
O vereador Carlos Eduardo Saboia (PMN) disse, na ocasião, que apresentaria um aditivo ao projeto, proibindo que se beba na rua. Para Sabóia, a lei que proibiu a venda perto das escolas só transferiu o problema. “É melhor que se beba num bar, que é um local controlado, que fazendo algazarra no meio da rua”, disse.


Marcro de Maringá mobiliza partido e organiza pré-campanha


Neste domingo (14), no plenário Horácio Rocanello da Câmara Municipal de Maringá, foi realizada a reunião da macro região de Maringá do PCdoB. Cerca de 40 dirigentes partidários e membros dos comitês municipais de Maringá, Sarandi, Nova Esperança, Tamboara, Marialva e Paiçandu compareceram a reunião, que contou ainda com a presença do presidente estadual do partido Milton Alves e do assessor especial do Ministério do Esporte e pré-candidato a deputado federal Ricardo Gomyde.




Na mesa da esquerda para a direita: Gomyde(de pé), Calazans, vereador Dr.Manoel, Milton Alves e Fábio

O presidente estadual do partido, Milton Alves, apresentou as diretrizes políticas e os objetivos eleitorais do PCdoB para 2010. Segundo Milton, “no momento é fundamental o trabalho de mobilização dos militantes e amigos do partido para preparar as bases de campanha dos nossos candidatos. Aqui na região contamos com um partido aguerrido e com forte presença na juventude, o que facilita o desenvolvimento da campanha de Gomyde” . O dirigente acrescentou também ” que o partido está empenhado na construção de um forte palanque no Paraná para assegurar uma terceira vitória do povo, elegendo Dilma”.

Para o vereador Dr Manoel(PCdoB de Maringá), “a trajetória de Gomyde e o seu compromisso com as políticas públicas e programas de avanço social de Lula o credenciam na região para a disputa do mandato para deputado federal”. O vereador lembrou também ” do compromisso de Gomyde com o esporte em Maringá”.

Por sua vez, Rogério Calazans, presidente do PCdoB de Maringá, assinalou que “o partido vai para a disputa de 2010 mais fortalecido e organizado na região. A expectativa é muito positiva”. Calazans foi indicado como pré-candidato a deputado estadual pela macro região de Maringá.

Já Gomyde “agradeceu o esforço de todos que em pleno domingo se deslocaram até Maringá para debater o projeto eleitoral do partido. O que demonstra o empenho e o compromisso característico da militancia do PCdoB”.
O pré-candidato também rerforçou a importância da conquista do mandato de deputado federal para o partido, “uma prioridade no estado e a nível nacional”, já que o PCdoB quer ampliar de forma significativa a sua representação na Câmara de Deputados”

A reunião regional indicou um conjunto de desdobramentos como a preparação das convenções municipais no mês de maio e uma agenda dos candidatos na região durante este período.

No próximo dia 20(sábado) será realizada a reunião da Macro Região de Curitiba, área metropolitana e Litoral para preparar e mobilizar o contigente militante do PCdoB com vistas as eleições de outubro.



Tirado do VERMELHO

segunda-feira, 8 de março de 2010

Anita, a mulher que modernizou as artes brasileiras

Mazé Leite *

“Não posso falar pelos meus
companheiros de então, mas eu,
pessoalmente, devo a revelação do novo
e a convicção da revolta a ela
e à força de seus quadros”.
(Mário de Andrade)  


A obra de Anita Catarina Malfatti, uma das pintoras brasileiras de maior destaque, está tendo uma retrospectiva, em exposição do Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. A mostra, que foi inaugurada no dia 23 de fevereiro e permanecerá até 24 de abril de 2010, apresenta 120 obras de 70 colecionadores particulares e de museus.

Anita Malfatti, nascida em São Paulo no dia 2 de dezembro de 1889, era filha do italiano Samuel Malfatti e de Betty Krug, norte-americana de origem alemã. Uma característica de sua personalidade era enfrentar os próprios medos e limites, desafiando sua própria fragilidade. A prova disso é que fez um esforço para aprender a desenhar com a mão esquerda, por causa da distrofia de que sofria na mão direita. Além disso, ela fez viagens ao exterior, em um tempo onde não era comum uma moça viajar sozinha pelo mundo. Por volta de 1912, ela foi para a Alemanha, patrocinada por um de seus tios maternos, que incentivava seu estudo de pintura. Depois de passar cerca de quatro anos entre Berlim e Dresden, Anita voltou ao Brasil, para depois viajar em mais uma temporada de estudos, desta vez aos Estados Unidos.

Por que Alemanha e Estados Unidos e não Paris, o destino desejado por qualquer artista plástico de sua época? Em entrevista à professora e estudiosa de Arte, Aracy Amaral, a irmã de Anita, Georgina Malfatti, explicou que isso se deu porque sua família vinha desses países, e essas línguas lhes eram familiares.

De sua experiência na Alemanha, disse Anita: “Procurei o homem de todas as cores, Lowis Corinth, e dentro de uma semana comecei a trabalhar na aula desse professor. (…) Não me lembro das comidas, dos cansaços, das viagens desse tempo, só da alegria de descobrir cores. Fiz uma viagem para o sul da Alemanha para ver a primeira grande exposição dos pós-impressionistas. Pissarro, Monet, Sisley, Picasso, o 'douanier' Rousseau, Gauguin e Van Gogh. Vi também Cézanne e Renoir”...

Voltou ao Brasil cheia de entusiasmo com o expressionismo alemão, mas não encontrou forma de compartilhá-lo com sua família. Ninguém lá gostou dos quadros expressionistas que ela trouxe de sua temporada do lado de artistas alemães. Isso impactou a artista de uma forma muito desestimulante, o que se repetiu em vários outros momentos de sua vida.

Mais uma vez ela obteve possibilidade de fazer novos estudos, desta vez nos Estados Unidos. Lá o grupo “Ash Can School” se solidificava em torno de uma série de pintores realistas americanos empenhados em retratar cenas da vida das cidades que começavam a absorver as populações de origem rural. Anita deve ter chegado aos EUA por volta de 1915. Em 1913 havia acontecido em Nova Iorque o “Armory Show”, um acontecimento artístico que representou para os EUA o que a Semana de 22 representa para nós, brasileiros. A artista encontrou, então, um ambiente de grande efervescência cultural e artística, muito reestimulante para ela. Anita estudou inicialmente na “Art Students League”, mas um pouco decepcionada com essa escola, procurou o atelier de Homer Boss, um pintor já muito conhecido, com quem ela aprendeu muito.

Em Nova Iorque, convivendo mais uma vez com artistas que se empenhavam na pesquisa de novas estéticas, Anita Malfatti viveu uma das fases mais intensas de sua vida artística, e foi uma época onde ela pintou muito, convivendo inclusive com artistas europeus que buscavam nos EUA refúgio contra a guerra e a fome. “Só falavam no cubismo”, ela disse “e nós começamos a fazer as primeiras experiências”.

A volta ao Brasil, mais uma vez, foi um baque para ela, por causa do conservadorismo reinante na São Paulo provinciana e pequena. “Quando viram minhas telas todos as acharam feias, dantescas, e todos ficaram tristes, não eram os santinhos dos colégios. Guardei as telas”, lamentou ela.

Mas em seguida, apareceu um convite para que ela expusesse esses quadros,, o que aconteceu de dezembro de 1917 a janeiro de 1918. Exposições eram raras por aqui, e apenas ocorriam por obra de viajantes de passagem, portugueses e italianos. O primeiro Salão paulista de Arte só surgiu em 1922.

Mas voltando à exposição de 1917, Anita mostrou que ousara como pintora, e seus quadros, no dizer de Aracy Amaral, “expressavam força, firmeza e vitalidade”. Eram 53 trabalhos entre pinturas, gravuras em metal, aquarelas, desenhos e caricaturas. Essa Exposição de Anita Malfatti, que aconteceu na rua Líbero Badaró, centro de São Paulo, chocou e desestruturou a consciência estética baseada até então num ideal de beleza acadêmico e neoclássico.

Monteiro Lobato escreveu no jornal “O Estado de São Paulo” uma crítica feroz à jovem pintora que tinha tido coragem de atacar os cânones da época. O artigo intitulado “A propósito da Exposição Malfatti – Paranóia ou Mistificação?”, publicado no dia 20 de dezembro de 1917, representava o conservadorismo em pânico, que se via ameaçado por uma jovem artista, frágil, tímida e com distrofia na mão direita, mas com uma vigorosa linguagem expressionista.

A Exposição de Anita de 1917 teve um papel revolucionário. Foi o estopim da pintura moderna no Brasil e o marco inicial de um movimento modernizante que culminou na Semana de Arte Moderna de 1922, e ela atraiu as atenções de um grupo de escritores jovens, como Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti Del Picchia, que tomaram a sua defesa contra os ataques conservadores de setores retrógrados da Paulicéia.

Mário de Andrade escreveu: “Parece absurdo, mas aqueles quadros foram a revelação. E ilhados na enchente de escândalo que tomara a cidade, nós, três ou quatro, delirávamos de êxtase diante de quadros que chamavam “O Homem Amarelo”, “Estudante Russa”, “Mulher de Cabelos Verdes”... (…) Éramos assim”.

O artigo violento de Lobato feriu profundamente a artista. Ela já convivia com a falta de apoio de sua família, a quem era muito apegada, e que preferia que seus quadros seguissem o estilo acadêmico. Anos depois, lembrando deste fato, Mário de Andrade diria: “... (ela) brigava todo dia consigo mesma porque tudo nela dizia 'Faça obra expressionista' porém a vontade berrava 'Faça obra impressionista pros outros lhe quererem bem' e a mão dela indecisa, tremendo entre essas coisas diferentes, se perdia pouco a pouco e se perdeu”.

Mas já estava cumprido seu papel histórico de unir as forças jovens em busca de um novo tempo nas artes. A pintora da “Estudante Russa”, de “A Boba”, de “O Farol”, está registrada como um marco para a pintura contemporânea brasileira. Anita é bandeira de renovação, mesmo que sua carreira não tenha prosseguido com aquela força inicial, e seja marcada pela inconstância. Era uma moça tímida em resistência contra toda uma sociedade atrasada. Era uma pintora, que com seus quadros ameaçava o conservadorismo do seu tempo.

Neste dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, nada melhor do que relembrar essa figura de Anita Malfatti, que mudou os rumos da pintura brasileira e fez Mário de Andrade afirmar, anos depois: “... (meus companheiros) podem testemunhar se o primeiro espírito de luta, a primeira consciência coletiva, a primeira necessidade de arregimentação foi despertada ou não pelo que se passava na cidade, com a exposição de Anita Malfatti. Foi ela, foram seus quadros que nos deram uma primeira consciência de revolta e de coletividade em luta pela modernização das artes brasileiras. Pelo menos a mim.”









* Artista plástica, membro do Atelier de Arte Realista de Maurício Takiguthi, designer gráfica. Graduanda em Letras pela FFLCH-USP. Membro da coordenação da Seção Paulista da Fundação Maurício Grabois.



Tirado do VERMELHO.