O Curupira é um ser
fantástico que habita a floresta e defende quem nela vive além de punir
quem agride. Corre de forma tão rápida que é impossível ver no olho
humano. Encanta a juventude pelo fascínio que a floresta exerce e pela
sua incrível sensibilidade pelo meio ambiente.
Foi nesse espírito de defesa
da floresta que em 1992 a juventude escolheu o Curupira para demarcar a
sua participação em uma das mais importantes conferências das Nações
Unidas. Com a Eco 92 certas discussões que estavam reduzidas a grupos
restritos, ganharam grande dimensão. Vinte anos se passaram deste
importante marco para o debate do desenvolvimento sustentável entre os
países do mundo, muita coisa mudou de lá pra cá e o envolvimento da
juventude com este tema continua forte.
Nos preparamos agora para sediar e participar de
mais uma conferencia, a Rio+20, onde chefes de Estados de vários países
em conjunto com a sociedade civil, pretendem construir planos de
desenvolvimento em harmonia com o meio ambiente. Sem dúvida a
participação da juventude nesse processo é fundamental, somos nós que
mais sofremos os impactos da crise ambiental que anda lado a lado com
crise social.
Para a juventude brasileira se torna mais
desafiador a presença na Rio+20, pois estamos em uma posição
estratégica. Primeiramente porque hoje o Brasil é referência no diálogo
com os países e podemos apresentar para o mundo uma outra forma de
construir mudanças sociais e ambientais com desenvolvimento econômico. O
Brasil desfruta de riquíssimos biomas, vastas florestas, imensa bacia
hidrográfica, além de ter a maior Floresta tropical úmida, detendo 1/3
do estoque energético do planeta. No Brasil, a proteção dos recursos é
premente porque o país precisa fazer avançar seu projeto soberano de
desenvolvimento em harmonia com os recursos naturais. Sem isto é
impossível elevar a qualidade de vida do povo.
É preciso compreender a relação dos seres humanos e
a natureza não apenas de forma biológica, mas principalmente histórica e
social e, encarar que as mudanças climáticas é um dos sérios desafios
da humanidade no século 21, uma questão que diz respeito a sobrevivência
da humanidade e ao desenvolvimento de todos os países, que requer
cooperação e esforço comum internacional. É através desta relação que se
deve enfrentar a crise social onde os 20% mais ricos do mundo se
apropriam de 82,7% da renda, enquanto os outros dois terços da população
mundial ficam com apenas 6%. Avalia-se que seriam necessários cinco
planetas para oferecer a todos os habitantes da Terra o atual estilo de
vida promovida pelos países ricos.
A crise ambiental deve ser entendida como parte
integrante da crise geral do sistema capitalista. Esta crise que ao
mesmo tempo em que assola os trabalhadores de todo mundo também gera
grandes impactos ambientais.Esse atual modelo de produção é a base da
mercantilizarão da natureza e de sua transformação dos recursos naturais
em fonte inesgotável de lucro para o capital e a alienação mais
profunda entre os seres humanos e a natureza. A luta pela proteção do
meio ambiente promove o avanço civilizacional e é indispensável para
garantir a qualidade de vida no planeta.
Enfim, o tema do meio ambiente passa por tantas
variáveis, interligadas que, realmente, nenhuma equação matemática dá
conta de resolver. Nesse sentido os debates e as análises da Rio+20
devem passar pela premissa de superação do atual modelo econômico.
Elaborar alternativas para desenvolvimento passa pela construção de uma
nova sociedade voltada para um sistema de produção e consumo que vise o
bem estar e não o lucro.