segunda-feira, 31 de maio de 2010

15º Congresso Estadual da UJS

    Aconteceu nesse último final de semana, dia 29 e 30 de Maio, o 15 Congresso Estadual da UJS na cidade de Curitiba. Estiveram presentes bancadas das mais variadas cidades como Guarapuava, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Paranaguá, Campo Mourão, Paranavai, Londrina, Cornélio Procópio, Cascavel, Sarandi, Maringá, entre outras.
     De inicio, os militantes da UJS, caminharam para um ato que acontecia no centro da cidade, mais especificamente na boca maldita, ato que já vem sido encabeçado por essa força de juventude que tem movimentado todo o Estado do Paraná, levando conscientização a população sobre a importância de atentarmos para os problemas que acontecem na Assembléia Legislativa do Estado, assim como, para reivindicar o afastamento da mesa diretora da Assembléia e a punição dos envolvidos nos casos de corrupção. Mais uma vez a UJS invade ruas e praças para informar a população e mostrar sua indignação a politica corrupta do nosso País e a necessidade de construirmos uma nova organização de sociedade a socialista.
Além do Ato, os militantes tiveram a oportunidade de debater e construir propostas para os mais variados segmentos da sociedade e foi debatido o Movimento de mulheres, encabeçado pelas mulheres da UBM, LGBT, Movimento Hip - Hop que se pauta na importância da cultura para mudança da sociedade e também debatemos o movimento estudantil Universitário e Secundarista, lembrando da importância desses nas mais importantes lutas sociais do mundo e da importância do mesmo no Estado desde que foi através do movimento Estudantil que a UJS disseminou o problema da corrupção na Assembléia para o interior do Paraná elevando o senso critico do cidadão e fomentando a importância da participação dos mesmos na politica do País nas lutas por uma sociedade mais justa e igualitária que olhe para seu povo e não privilegie apenas a classe dominante.

É fato que nós, da União da Juventude Socialista, voltamos as nossas cidades mais conscientes do nosso papel na construção de uma sociedade mais justa e desigual, a socialista, e não iremos desistir, pois a esperança se renova a cada momento.

Texto: Vânia do Canto

Presidente do Núcleo UJS UEM

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Congresso Municipal UJS

Galera o congresso municipal foi um sucesso total!!!
Foi elaborado o projeto politico e discutido a linha de atuação da UJS Maringa, linha de atuação que iremos defender no Congresso Estadual no proximo fim de semana e em Curitiba, e no proximo mes em Salvador, no Congresso Nacional. Clique no link abaixo e veja as fotos do evento.
Fotos do Congresso Municipal

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Manifestação dos Caça-fantasmas em Maringá

Estudantes universitários e secundaristas protestam nesta quarta-feira (19), na Praça Raposo Tavares, em Maringá, contra a corrupção na Assembleia Legislativa do Paraná. Eles apresentam uma peça de teatro em que um boneco que representa o presidente da Casa, Nelson Justus, é queimado.
A mobilização, que reúne cerca de cem alunos, é motivada pelos escândalos denunciados na série Diários Secretos, da Gazeta do Povo e RPCTV. De acordo com as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estadual (MP), esquemas de desvio de dinheiro causaram prejuízos aos cofres da Assembleia que podem ultrapassar R$ 100 milhões.
A manifestação faz parte do Movimento Caça-Fantasmas, que também se mobilizou, nesta quarta-feira (19), em Curitiba, Londrina e Guarapuava.
Os alunos da Universidade Estadual de Maringá (UEM) estão apresentando a peça de teatro O Enterro do Presidente In-Justus de forma ininterrupta. O organizador do protesto, Igor Borck, da União da Juventude Socialista (UJS), previa que a peça fosse encenada até quatro vezes. Por volta das 12h30, os estudantes queimaram um boneco de Justus ao som da música-tema do filme Os Caça-Fantasmas (1984).
O protesto conta com o apoio de várias entidades, como o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UEM, a União Maringaense dos Estudantes Secundaristas (Umes), o Conselho Municipal da Juventude (CNJ), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP) e o Sindicato dos Servidores Municipais de Maringá (Sismmar).
A manifestação é a segunda que o Movimento Caça-Fantasmas promove na cidade. A primeira foi no dia 27 de abril, na Avenida Brasil, em frente à Praça Raposo Tavares. Segundo Borck, cerca de 200 estudantes participaram do protesto.
Campo Mourão
Na noite de terça-feira (18), o pátio da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (Fecilcam) foi palco de outro protesto. O grupo Juventude, Luta e Consciência (JLC), formado por cerca de 30 estudantes da instituição, organizou o protesto, cujo ápice ocorreu das 21h às 21h30. “Mais ou menos 250 alunos participaram”, conta um dos membros da JLC, Anderson Marcondes.
A mobilização teve estudantes fantasiados de fantasmas, música de fundo, distribuição de panfletos e microfone aberto para quem quisesse falar. Foi a primeira manifestação do Movimento Caça Fantasmas em Campo Mourão, que também contou com o apoio de várias entidades e sindicatos. “Na semana que vem, a JLC vai se reunir para decidir se outro protesto será organizado.”


 FONTE: Site do RPC

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Congresso Municipal da UJS


Mapa de onde fica o plenário da Câmara
Mapa do local de onde fica a AFUEM

PROGRAMAÇÃO DO CONGRESSO DA UJS MARINGÁ


09:00hs - 09:30hs: Abertura
09:30hs - 11:30hs: - Palestras sobre a UJS e discussão sobre a tese para o congresso estadual e nacional.
11:30hs - 13:30hs: Almoço
13:30hs - 16:00hs: Grupos de trabalho*.

Grupos de Trabalho:
- LGBT
- Universidades Públicas e Privadas
- Movimento Secundarista
- Políticas Públicas de Juventude
- Movimento Hip Hop
- Mulheres
*Os grupos de trabalho acontecerão aleatoriamente durante toda a tarde do dia.

16:00hs - 16:30hs: Café
16:30hs - 19:30hs: Plenária Municipal, com a formação de nova diretoria para a UJS Municipal.
21:00hs: Confraternização (SERÁ NO QUIOSQUE DA AFUEM CAMPESTRE)

Para maiores informações nos envie um e-mail ujsmaringa@hotmail.com

sexta-feira, 14 de maio de 2010

João Cândido, petróleo, racismo e emprego

A Transpetro lançou ao mar o navio petroleiro João Cândido. Batizado com o nome de um dos nossos heróis, marinheiro negro, filho de escravos e líder da Revolta da Chibata, o navio tem 247 metros de comprimento, casco duplo que previne acidente e vários significados históricos. Primeiro, leva a industrialização para Pernambuco, contribuindo para reduzir as desigualdades regionais. Em segundo lugar, dá um cala-boca para quem insinuou de forma maldosa que o PAC era apenas virtual. Em terceiro, prova que está em curso a remontagem da indústria naval brasileira criminosamente destruída na era da privataria. O artigo é de Beto Almeida.
Beto Almeida (*)

Nesta sexta-feira a Transpetro lançou ao mar o navio petroleiro João Cândido. Batizado com o nome de um dos nossos heróis, marinheiro negro, filho de escravos e líder da Revolta da Chibata, o navio tem 247 metros de comprimento, casco duplo que previne acidente e vários significados históricos. Primeiro, leva a industrialização para Pernambuco, contribuindo para reduzir as desigualdades regionais. Em segundo lugar, dá um cala-boca para quem insinuou de forma maldosa que o PAC era apenas virtual. Em terceiro, prova que está em curso a remontagem da indústria naval brasileira criminosamente destruída na era da privataria. Como um simbolismo adicional, um total de 120 operários dekasseguis foram trazidos do Japão, com suas famílias, para juntarem-se aos operários nordestinos que construíram o navio. Os primeiros não precisam mais morar longe da pátria; os outros, saem do canavial para a indústria e não precisam mais pegar o pau-de-arara, nem entoar com amargura a Triste Partida, de Patativa do Assaré, como um certo pernambucano teve que fazer na década de 50. Até que virou presidente.

Mulheres trabalhando como chefes de equipe de soldagem no Estaleiro Atlântico Sul, no município de Ipojuca, em Pernambuco, pronunciavam frases orgulhosas lembrando que não sabiam nem que esta também poderia ser uma tarefa feminina. O ex-pescador de caranguejo contava em depoimento agreste que antes do estaleiro não sabia direito como ganhar o sustento da família a cada dia que acordava. O ex-canavieiro, agora operário, destaca que não depende mais temporalidade insegura da colheita da cana e quando acorda já tem para onde ir, quando antes vivia a insegurança. Estes alguns dos vários depoimentos colhidos na inauguração do navio petroleiro João Cândido ao ser lançado ao mar pernambucano. Deixa em terra um rastro de transformação.


Inicialmente, na vida destas pessoas antes lançadas ao deus-dará de uma economia nordestina reprimida, desindustrializada. A transformação atinge os municípios mais próximos, pois no local onde foi construído o estaleiro, uma antiga moradora, Mônica Roberta de França, negra de 24 anos, que foi escolhida para ser a madrinha do navio, dizia que ali era um imenso areal, não tinha nada. Agora tem uma indústria e uma escola técnica para os jovens da região. E que só agora ela tem seu primeiro emprego na vida com carteira assinada.


Desculpas à Nação

Para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o lançamento do João Cândido ao mar tem o mesmo alcance histórico do gesto de Getúlio Vargas quando deu forte impulso à nacionalização da indústria naval brasileira, na década de 30, por meio da empresa de navegação estatal. “Aqueles que destruíram a indústria naval tem que assumir sua responsabilidade e pedir desculpas à Nação”, disse Campos na solenidade que teve a participação de 5 mil pessoas aproximadamente, sobretudo dos operários.

O Navio João Cândido abre uma nova rota para a economia brasileira. Incialmente, porque a Petrobrás já não será obrigada a desembolsar cerca de 2,5 bilhões de reais por ano com o afretamento de navios estrangeiros. Há, portanto, um revigoramento do papel do estado na medida em que a reconstrução da indústria naval brasileira é resultado direto de encomendas da nossa empresa estatal petroleira. O que também permite avaliar a gravidade e o caráter antinacional das decisões que levaram um país com a enorme costa que possui, tendo montado uma economia naval de peso internacional respeitável, retroceder em um setor tão estratégico.


E isso quando nossa economia petroleira, há anos, já dava sinais de expansão, mesmo quando estavam no poder os que promoveram o espantoso sucateamento, a desnacionalização e a abertura da navegação em favor dos países que querem impedir nosso desenvolvimento. Este tema, certamente, não poderá faltar nos debates da campanha presidencial deste ano.


Almirante negro

A escolha do nome João Cândido também foi destacada na solenidade por meio do novo ministro da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, Eloy Moreira. Vale registrar que há pouco mais de um ano Lula participou de homenagem ao Almirante Negro inaugurando sua estátua na Praça XV, no Rio, que estava há anos guardada, supostamente porque não teria havido grande empenho da Marinha na realização desta solenidade. Pois bem, agora João Cândido não está apenas nas “pedras pisadas do cais”, com diz a maravilhosa canção de Bosco e Blanc. Está na estátua e está cruzando mares levando para o mundo afora o nome de um de nossos heróis.

Navegar é possível

O novo petroleiro estatal, portanto, é uma prova real de que sim “navegar é possível”, como dizia uma faixa no ato. Navegar na rota inversa daquela que promoveu o desmantelamento da nossa indústria naval. Navegar na rota da revitalização e qualificação do papel protagonista do estado. Recuperar um curso que havia sido fundado lá durante a Era Vargas onde se combinava industrialização e nacionalização com geração de empregos e direitos trabalhistas. Se no período neoliberal foi proclamada a idéia de destruir a “Era Vargas”, agora, está não apenas proclamada, mas já colocada em marcha, a necessidade de reconstruir a partir dos escombros da ruína das privatizações - entulho neoliberal - tendo no dorso no navio-gigante o nome heróico do líder da Revolta da Chibata. Sem revanchismo, o episódio permite lembrar outra canção: “É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”


(*) Presidente da TV Cidade Livre de Brasília
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A REVOLTA DA CHIBATA

João Cândido, o Almirante Negro

O Congresso brasileiro restabeleceu, no mês de agosto de 2003, os direitos de todos os marinheiros envolvidos na chamada "Revolta da Chibata", ocorrida em 1910. O decreto devolve aos marinheiros suas patentes, permitindo que recebam na Justiça os valores a que teriam direito se tivessem permanecido na ativa. Após 93 anos, resgata-se a memória dos marujos, especialmente do líder da Revolta, João Cândido Felisberto, o "Almirante Negro".
Para entender a história de João Cândido e da Revolta da Chibata - uma das poucas revoltas populares que atingiu seus objetivos no Brasil - é preciso voltar a 1910. Neste ano, no meio de uma grande instabilidade política, o militar Hermes da Fonseca é eleito para a presidência.
Na noite do dia 22 de novembro de 1910, o novo presidente recebe a notícia: os canhões de alguns dos principais navios de guerra da Marinha Brasileira – neste momento ancorados em frente à cidade, na Baía de Guanabara - apontam para a capital do Rio de Janeiro e para o próprio palácio de governo. As tripulações se rebelaram e tomaram os principais navios da frota.
 
O Minas Gerais, um dos modernos navios recém-adquiridos pela Marinha na época da Revolta
 
Três oficiais e o comandante do encouraçado Minas Gerais, João Batista das Neves, estão mortos. Os demais oficiais são pegos de surpresa: os marinheiros manobram a frota exemplarmente, como não acontecia sob seu comando. O movimento, articulado por marinheiros como Francisco Dias Martins, o "Mão Negra" e os cabos Gregório e Avelino, tem como seu porta-voz o timoneiro João Cândido.
A última chicotada
Os motivos principais da Revolta eram simples: o descontentamento com os baixos soldos, a alimentação de má qualidade e, principalmente, os humilhantes castigos corporais. Estes haviam sido abolidos no começo do século, acompanhando o final da escravidão, sendo depois reativados pela Marinha como forma de manter a disciplina a bordo. 
 
Ao lado de um dos Marinheiros, João Cândido lê o manifesto da Revolta: fim dos castigos corporais (Agência Estado)
 
No Minas Gerais, por exemplo, no dia da Revolta, o marinheiro Marcelino Menezes é chicoteado como um escravo por oficiais, à frente de toda a tripulação. Segundo jornais da época, recebe 250 chibatadas. Desmaia, mas o castigo continua. O movimento então eclode. João Cândido no primeiro momento não está presente. No calor da luta, são mortos os oficiais presentes no navio, o que terá conseqüências trágicas para os revoltosos.
 
Para surpresa dos oficiais a marujada manobrava sozinha os navios (Foto: "Diários Associados")
 
Além do Minas Gerais, os marinheiros tomam os navios Bahia, São Paulo, Deodoro, Timbira e Tamoio. Hasteiam bandeiras vermelhas e um pavilhão: "Ordem e Liberdade". A frota inclui mais de 80 canhões, que são apontados para a cidade. Alguns tiros de aviso chegam a ser disparados. Os marujos enviam um radiograma, onde apresentam ao governo suas exigências: querem o fim efetivo dos castigos corporais; o perdão por sua ação e que melhorem suas condições de trabalho.
A Marinha quer punir a insubordinação e a morte dos oficiais. O governo, contudo, cede. A ameaça à cidade e ao poder de Hermes da Fonseca são reais. Aprovam-se então medidas que acabam com as chibatadas e também um projeto que anistia os amotinados. Depois de cinco dias, a revolta termina vitoriosa. 
 
A despedida do marinheiro
Os jornais da época anunciam o término da Revolta: quase 3.000 pessoas. Os mais ricos - fugiram da cidade. A população subiu aos morros para ver as manobras da Armada
Os marinheiros, em festa, entregam os navios. O uso da chibata como norma de punição disciplinar na Marinha de Guerra do Brasil finalmente está extinto.
Logo, no entanto, o governo trai a anistia. Os marinheiros começam a ser perseguidos. Surgem notícias de uma nova revolta, desta vez no quartel da Ilha das Cobras. O governo recebe plenos poderes do Congresso para agir. A ilha é cercada e bombardeada.
Cerca de 100 marinheiros são presos e mandados, nos porões do navio "Satélite" - misturados a ladrões, prostitutas e desocupados recolhidos pela polícia para "limpar" a capital - para trabalhos forçados na Comissão Rondon, ou simplesmente para serem abandonados na Floresta Amazônica. Na lista de seus nomes, entregue ao comandante do "Satélite", alguns estão marcados por uma cruz vermelha. São os que morrerão fuzilados e, depois, serão jogados ao mar.
João Cândido é conduzido para a prisão ("Agência Estado")
 
João Cândido, embora não tenha participado do novo levante, também é preso e enviado para a prisão subterrânea da Ilha das Cobras, na noite de Natal de 1910, com mais 17 companheiros. Os 18 presos foram jogados em uma cela recém-lavada com água e cal. A cela ficava em um túnel subterrâneo, do qual era separada por um portão de ferro. Fechava-a ainda grossa porta de madeira, dotada de minúsculo respiradouro. O comandante do Batalhão Naval, capitão-de-fragata Marques da Rocha, por razões que ninguém sabe ao certo, levou consigo as chaves da cela e foi passar a noite de Natal no Clube Naval, embora residisse na ilha.
A falta de ventilação, a poeira da cal, o calor, a sede começaram a sufocar os presos, cujos gritos chamaram a atenção da guarda na madrugada de Natal. Por falta das chaves, o carcereiro não podia entrar na cela. Marques da Rocha só chegou à ilha às oito horas da manhã. Ao serem abertos os dois portões da solitária, só dois presos sobreviviam, João Cândido e o soldado naval João Avelino. O Natal dos demais fora paixão e morte.
O médico da Marinha, no entanto, diagnosticou a causa da morte como sendo "insolação". Marques da Rocha foi absolvido em Conselho de Guerra, promovido a capitão-de mar-e-guerra e recebido em jantar pelo presidente da República.
João Cândido continuou na prisão, às voltas com os fantasmas da noite de terror. O jornalista Edmar Morel (1979, p. 182) registrou assim seu depoimento pessoal: "Depois da retirada dos cadáveres, comecei a ouvir gemidos dos meus companheiros mortos, quando não via os infelizes, em agonia, gritando desesperadamente, rolando pelo chão de barro úmido e envoltos em verdadeiras nuvens da cal. A cena dantesca jamais saiu dos meus olhos.
Atormentado pela lembrança dos companheiros mortos, João Cândido é algum tempo depois internado em um hospício. 
 
Perto do mar, as "pedras pisadas do cais"
Aos poucos, ele se restabelece. É solto e expulso da Marinha. Os navios mercantes não o aceitam: nenhum comandante quer por perto um ex-presidiário, agitador, negro, pobre e talvez doido. João Cândido continuará contudo perto do mar, até morrer, em 1969, aos 89 anos de idade, como simples vendedor de peixe.
Os que fizeram a Revolta da Chibata morreram ou foram presos, desmoralizados e destruídos. Seu líder terminou sem patente militar, sem aposentadoria e semi-ignorado pela História oficial. No entanto, o belíssimo samba "O Mestre-Sala dos Mares", de João Bosco e Aldir Blanc, composto nos anos 70, imortalizou João Cândido e a Revolta da Chibata. Como diz a música, seu monumento estará para sempre "nas pedras pisadas do cais". A mensagem de coragem e liberdade do "Almirante Negro" e seus companheiros resiste.
 
HOMENAGEM DE JOÃO BOSCO E ALDIR BLANC À "REVOLTA DA CHIBATA"
Sobre a censura à música, o compositor Aldir Blanc conta: "Tivemos diversos problemas com a censura. Ouvimos ameaças veladas de que a Marinha não toleraria loas e um marinheiro que quebrou a hierarquia e matou oficiais, etc. Fomos várias vezes censurados, apesar das mudanças que fazíamos, tentando não mutilar o que considerávamos as idéias principais da letra. Minha última ida ao Departamento de Censura, então funcionando no Palácio do Catete, me marcou profundamente. Um sujeito, bancando o durão, (...) mãos na cintura, eu sentado numa cadeira e ele de pé, com a coronha da arma no coldre há uns três centímetros do meu nariz. Aí, um outro, bancando o "bonzinho", disse mais ou menos o seguinte:
  • Vocês não então entendendo... Estão trocando as palavras como revolta, sangue, etc. e não é aí que a coisa tá pegando...
  • Eu, claro, perguntei educadamente se ele poderia me esclarecer melhor. E, como se tivesse levado um "telefone" nos tímpanos, ouvi, estarrecido a resposta, em voz mais baixa, gutural, cheia de mistério, como quem dá uma dica perigosa:
- O problema é essa história de negro, negro, negro..."
 
MÚSICA DE JOÃO BOSCO E ALDIR BLANCI
EM HOMENAGEM A REVOLTA DA CHIBATA 

Mestre-Sala dos Mares", de João Bosco e Aldir Blanc, composto nos anos 70, imortalizou João Cândido e a Revolta da Chibata. Como diz a música, seu monumento estará para sempre "nas pedras pisadas do cais". A mensagem de coragem e liberdade do "Almirante Negro" e seus companheiros resiste.
O Mestre Sala dos Mares
(João Bosco / Aldir Blanc)
(letra original sem censura)
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre sala
E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas
dos negros pelas pontas das chibatas
Inundando o coração de toda tripulação
Que a exemplo do marinheiro gritava então
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o almirante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo
 
O Mestre Sala dos Mares
(João Bosco / Aldir Blanc)
(letra após censura durante ditadura militar)
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre sala
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas
dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro gritava então
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo
 

Brasil e Rússia querem ampliar relações comerciais

Presidente Lula e Medvedev, da Rússia, querem estreitar relações - hoje o comércio entre os países é metade do que era em 2008.

Renata Giraldi e Carina Dourado, AGÊNCIA BRASIL

Brasília e Moscou - O comércio bilateral entre o Brasil e a Rússia é US$ de 4,3 bilhões, mas já atingiu a marca de US$ 8 bilhões anuais em 2008. Os presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dmitri Medvedev, da Rússia, querem retomar o melhor momento do intercâmbio comercial entre os dois países. Uma das alternativas é a adoção de moeda local na comercialização de mercadorias, como ocorre com a Argentina.
Durante a visita hoje (13) à Rússia, Lula e Medvedev assinarão acordos em vários setores - desarmamento, não proliferação de armas, militar, espacial, direitos humanos, cultura, segurança da informação e científico. O destaque, no entanto, é o Plano de Ação da Parceria Estratégica Brasil-Rússia que engloba pesquisas em tecnologia e defesa.

Na passagem por Moscou, o presidente deverá participar ainda das comemorações da declaração conjunta referente aos 65 anos do fim da 2ª Guerra Mundial. O documento é assinado por 45 partidos comunistas do mundo e várias entidades civis em celebração à vitória dos aliados contra a Alemanha nazifacista.
De Moscou, Lula segue para Doha, capital do Catar. Ele terá reuniões com o emir Hamad bin Khalifa Al Thani e assinará acordos bilaterais nas áreas de cultura, turismo e educação. Depois, o presidente vai para o Irã, no sábado (15), para reuniões com Ahmadinejad.

Descoberto poço que pode ser segunda maior reserva de petróleo do país

Volume do material está estimado em 4,5 bilhões de barris

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) estimou nessa quarta, dia 12, em 4,5 bilhões de barris o volume de petróleo em local que explora no pré-sal da Bacia de Santos. Batizado de Franco, o poço 2-ANP-1-RJS seria a segunda maior reserva do país, atrás só do megacampo de Tupi, com até oito bilhões de barris.
Em nota divulgada na quarta, o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, afirmou que “parece se tratar de um dos poços de maior potencial já perfurado no país”. Franco está localizado em lâmina de água de 2.189 metros, a 195 quilômetros da costa do Rio de Janeiro. O volume de reservas de barris poderá ser usado na capitalização da estatal.
– O poço foi perfurado num prospecto com cerca de 400 quilômetros quadrados e detectou uma coluna com 272 metros de espessura efetiva com petróleo. A avaliação levou em consideração os mesmos padrões de cálculos adotados para a acumulação de Tupi – informou a agência.
A perfuração comprovou a descoberta de óleo leve com cerca 30º API. Quanto mais baixa essa gradação, mais leve é o óleo, ou seja, mais fácil de ser transformado em gasolina e óleo diesel, os derivados mais valorizados.
A Petrobras foi contratada pela agência para perfurar dois poços em áreas ainda em poder da União, isto é, ainda sem concessão para exploração comercial. Os trabalhos para o segundo poço, batizado de Libra, a 32 quilômetros a nordeste de Franco, já começaram.

Ficha limpa e consciência de cidadania

Zillah Branco *

Os brasileiros assistiram estarrecidos à denúncia contra uma procuradora aposentada que durante mais de um mês torturou uma criança de dois anos que pretendia adotar, em fase de experiência no ambiente do seu futuro lar. As empregadas temiam fazer a denúncia contra “pessoa tão poderosa”. Alguém com consciência de cidadania avisou a polícia e ajudou a gravar os gritos e xingamentos da que pretendia ser a “futura mãe adotiva” e os choros de terror da pequenina torturada.

A polícia protegeu a criança retirando-a do local de tortura e tratando-a médicamente antes de devolver à instituição de onde saira. A população indignada exigiu que a mulher fosse processada pelo crime cometido contra uma criancinha indefesa, um promotor apresentou a denúncia a um juiz que não se sentiu competente para julgar (a antiga colega de classe), mas um segundo juiz ( com consciência de cidadania) julgou e condenou à prisão. Entretanto, com tais delongas e a proteção de alguns colegas da corporação judicial a que pertencia, a criminosa fugiu.

A imprensa manteve a população informada dos vários fatos e divulgou a imagem da mulher acusada, acompanhada pelo seu advogada quando chamada à polícia, o que permitiu a mobilização dos que podiam revelar as condições em que foi praticado o crime. O mais importante foi a ação institucional – da polícia e do sistema jurídico (apesar de claudicar) – em defesa da criança sem lar e contra uma antiga alta funcionária do Estado. A prática da democracia criada por um Governo indiscutivelmente a favor do povo, começa a ser implantada apesar das defesas corporativas e de classe. Vemos que com a participação popular será banida a impunidade que até ontem era dominante no Brasil. Podemos acreditar que será possível criar um Estado realmente democrático se não abandonarmos a luta que é permanente.

Revendo os fatos divulgados, no entanto, vemos que há muito por fazer. Não só as empregadas domésticas temiam uma “pessoa tão poderosa”, mas mesmo os responsáveis da instituição de proteção à criança deixaram de investigar a idoneidade de quem pretendia adotar uma criança. Hoje sabe-se que há tempos um menino passou pela mesma experiência de tortura na casa daquela “pessoa poderosa”. Como é que uma instituição do Estado aceita como prova de idoneidade o status sócio-economico de uma pessoa para confiar uma criança de dois anos aos seus cuidados? Porque não perguntou aos vizinhos, aos parentes, aos antigos colegas, se aquela ex-funcionária era confiável? Se ela se afirma como “poderosa” aos seus subalternos, algum problema mental grave deve ser temido.

A falta de consciência de cidadania ainda existe em grande medida, principalmente por persistirem os “poderosos” a defenderem os seus “pares” e não a democracia, mesmo dentro do aparelho do Estado. É uma forma de corrupção silenciosa que sobrevive disfarçado em interpretação jurídica.

Estamos em campanha pela aprovação das “fichas limpas” para os candidatos a qualquer função política, sejam os eleitos como os aprovados em concurso profissional ou indicados. Acrescentemos à limpeza da ficha policial também a consciência de cidadania que é um sério compromisso com a democracia.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O pacote de privatizações de José Serra





Há 13 anos na frente do governo de São Paulo, o partido dos banqueiros e multinacionais PSDB, primeiro sob o comando do mercenário Mário Covas e depois sob o mercenário Geraldo Alckmin privatizaram praticamente todos os serviços públicos estratégicos e fundamentais para o desenvolvimento econômico-social do estado – as teles, as elétricas, o banco etc. Agora, José Serra, também mercenário neoliberal tucano, quer completar o serviço da política dos grandes grupos econômicos internacionais no principal estado do país. “Moto-Serra” (apelido carinhoso que conquistou pela destruição que vem realizando em São Paulo, como prefeito e agora como governador) abriu processo de “licitação” de fachada,  mês (outubro), para realizar o levantamento dos ativos e formulação do modelo de privatização para cada uma das 18 empresas de serviços públicos que ainda estão sob controle do Estado. Entre as vítimas estão a Nossa Caixa (banco), EMTU, Metro, CPTU, Dersa (transportes), Sabesp (saneamento), CDHU (habitação), CESP (geração de energia). Nem a Imprensa Oficial escapará da saga privatista de Moto-Serra.

Esta noticia foi veiculada pelos jornais de São Paulo


Recebido por e-mail.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Seminário sobre Lênin terá transmissão ao vivo pela internet


No próximo sábado, 8, a Fundação Maurício Grabois realiza em São Paulo o seminário “Pensar Lenin: aspectos contemporâneos de sua teoria”. Embora seja destinado a convidados, o evento será transmitido pela internet, o que ampliará seu alcance permitindo que internautas de Norte a Sul acompanhem os debates. 
A transmissão será feita pela página da Fundação a partir das 9h30, quando acontece a abertura do seminário.

Entre os convidados estão José Barata-Moura, ex-reitor da Universidade de Lisboa; Luis Fernandes, cientista político e professor de relações internacionais da PUC-RJ; Aloísio Teixeira, reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro; João Quartim de Moraes, professor titular de Filosofia da Unicamp e Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB.

Segundo Sérgio Barroso, coordenador do seminário e diretor de Estudos e Pesquisa da FMG, há duas motivações para a realização do evento. “A primeira é a lembrança da passagem dos 140 anos de nascimento de Vladimir Ilitch Ulianov”, já que “existe uma gigantesca campanha para omitir o papel do primeiro dirigente máximo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O fato de Lênin ter desempenhado esse papel é, por si só, extraordinário. Ao esconder esse fato e caluniar Lênin, procura-se apagar o que ele expressa como líder político de uma experiência que provou que os trabalhadores podem assumir efetivamente o poder e superar o capitalismo”.

O segundo aspecto destacado por Barroso é que recordar Lênin “é revisitar suas ideias para mostrar sua contemporaneidade e reafirmar o compromisso com as transformações revolucionárias e socialistas. Um dos objetivos centrais do seminário é exatamente mostrar a fecundidade da sua teoria”. 







Do vermelho.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Denúncias ficam sem respostas

15º Congresso da UJS - Pra Ser Muito Mais Brasil


7º BOLETIM DE MOBILIZAÇÃO

Quintas do Pré-Sal: UJS filiando milhares para defender a educação

A frente universitária da UJS está lançando novo impulso para as filiações de estudantes: as Quintas do Pré-Sal!

Depois do vitorioso CONEG, que reafirmou a independência da UNE e aprovou o Projeto Brasil dos estudantes, os universitários da UJS precisam ter engajamento total para garantir uma grande mobilização para o 15º Congresso Nacional da UJS.

A ideia das "Quintas do Pré-Sal" - Quinta de 5ª Feira mesmo - é que sirvam como dias nacionais de agitação nas principais universidades brasileiras, levando a principal bandeira do movimento estudantil e apresentando a UJS para os estudantes.

Também fazem parte da campanha outras iniciativas como o lançamento de materiais próprios, com abordagem específica e ações de divulgação, como a produção de vídeos das atividades para postagem no site da UJS.


Todos à Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais e ao Conclat

A agenda dos movimentos sociais está cheia nos próximos dias. No próximo 31 de Maio todas as frentes de atuação da UJS têm encontro marcado com a Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais, em São Paulo. 

A ideia da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) é reunir 3 mil militantes de diversas organizações progressistas para aprovar o Projeto Brasil 2010, com as contribuições dos movimentos para pautar as eleições presidenciais de outubro. Todas as frentes da UJS estão convocadas a participar!

Outra data importantíssima é o 1º de Junho, com a realização da 2ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat). As centrais sindicais querem reunir 40 mil trabalhadores no estádio do Pacaembu, na cidade de São Paulo.

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) pretende mobilizar 5 mil lideranças para o evento. Os jovens trabalhadores da UJS precisam se integrar nas caravanas e ter metas de mobilização de jovens para somar neste que será o maior encontro dos trabalhadores do Brasil!