quarta-feira, 20 de julho de 2016

Dandara vive

Nós que somos negras passamos a maior parte da vida tentando se encaixar nos moldes da sociedade.
Alisa cabelo, afina nariz, compra pó 1, 2, 3 tons mais claros que a sua cor.
Ah! Agora sim estou bonita.
RÁ! Que bonita o que! Tá ouvindo as risadas? Tá ouvindo o julgamento?
"Você deveria ter orgulho de ser negra" eles disseram "solta esses cachos" eles disseram, "olha que pele linda, que cor bonita, olha esses lábios grandes e esses cachos" eles disseram
Os meus não são cachos!
Por Jah, quero cachos, preciso de cachos, vou por aplique.
Ah! Agora assim estou bonita.
"É, realmente tá bonita, mas sabe o que falta? Um batom forte, um brinco grande, um turbante, uma roupa mais colorida, joga a franja pro lado, faz um bico, coloca efeito na foto e arrasa morena!" eles disseram
O que? Morena? NÃO!
Ser chamada de morena machuca muito, nos pedem para ter orgulho negro e nos chamam de morena? É o tempo todo uma desculpa nova para embranquecer a gente.
Só quem é negra sabe a luta diária, ver na tevê desde cedo que bonito é pele clara, olho claro, nariz fininho e cabelo liso e se olhar no espelho e ver algo totalmente diferente é deprimente.
Ver desde os 06 que nas listas de mais bonitas da sala em primeiro lugar estava sempre a sua amiga de pele clara, nariz fininho, cabelo liso, olhos clarinhos enquanto você nem aparecia é tão difícil.
Ouvir desde os 13 que nenhum menino nunca vai escolher você porque "olha a sua cor, o seu cabelo! Olha o tamanho da sua testa! RÁ"
E aos 15 só ir reparando o quanto isso é real.
Talvez eles nunca saibam o quanto é ruim sair do ventre já sendo rejeitada e o quanto nós pensamos "porque não merecemos ser amadas?".
Não é fácil ser uma mulher negra e empoderada, tem dias que o empoderamento falha e nem queremos sair de casa.
Mas se tem um povo esperançoso, é o povo negro. Levanta a cabeça, sai de casa toda linda parece até que não tá magoada.
Somos movidas por esperança, pela força dos nossos Orixás, sorrimos, rimos e andamos confiantes de que um dia a ditadura do liso e dos cachos vai acabar para que nosso crespo seja devidamente valorizado.

Para que todos os tipos de negritudes possam enfim dizer que há sim como cantar a esperança de um mundo novo.


Francielle Silva dos Santos (Diretora do Movimento Estudantil Secundarista da UJS-Maringá)

quinta-feira, 14 de julho de 2016

O Ciclo de monopólio da TCCC em Maringá







Monopólio do transporte público para a empresa TCCC por 30 anos
Isenção de impostos para a TCCC
Aumento do valor da passagem para utilizar a TCCC
Redução de linhas da TCCC na cidade
Paradas de Ônibus precárias
Falta de segurança com motoristas fazendo trabalho de cobrador
Novo aumento de passagem da TCCC iminente
A TCCC tem negócio de muitos anos com a família Barros/Pupin
O atendimento a população é péssimo
O valor da passagem é a mais alta do Estado
Eu realmente estou tentando entender por que os usuários ainda não tacaram fogo e derrubaram os ônibus da TCCC
Se a TCCC fosse da Dilma ou do Lula será que estariam revoltados?
Isso significa que o capitalismo tá dando certo?


"Os capitalistas chamam liberdade a dos ricos de enriquecer e a dos operários para morrer de fome. Os capitalistas chamam liberdade de imprensa a compra dela pelos ricos, servindo-se da riqueza para fabricar e falsificar a opinião pública."
Vladimir Lênin


- Desabafo de um(x) usuárix do transporte da TCCC

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Role das Minas





Neste domingo vai rolar um evento auto organizado das minas dos mais variados segmentos das artes. O role vai acontecer na Vila Olímpica a partir das 16:00h, e tem como intuito fomentar a produção cultural feminina da cidade.
Este evento é uma forma de resistência ao velho e conservador modelo de considerar somente arte e cultura aquela produzida em grandes salões com altas mensalidades.
A rua desde sempre foi o palco onde acontecem as contradições da vida na cidade e em Maringá não é diferente. As manifestações artísticas que contestam a ordem e denunciam a segregação social, repressão policial e as demais opressões nunca despertaram grande interesse ao poder público, pois não é uma cultura que dá lucro e sim dor de cabeça aos donos do poder. A ideia, para estes, é aumentar o preço do busão para que a juventude não tenha acesso aos bens culturais, é desmantelar espaços públicos para que as pessoas não
interajam e não criem novas utopias, que saiam de casa apenas para consumir nos shoppings e baladas onde se paga para entrar (que seja R$5,00, sem nenhuma contrapartida de cunho social, não vale). Enfim, nossos anseios não esperam a boa vontade e partimos para a prática, damos “nossos pulos” e é assim que em meio a tudo isso, a cena independente de Maringá resiste e as mina tão aí pra provar que é pela integração que construímos uma vida livre de opressões.
Vai ter nossas artes, poesias, batalha do conhecimento, vamos cantar e encantar por uma cidade mais acolhedora e menos hostil e que combata diariamente todas as formas de discriminação e segregação em todos os espaços.
Junte-se a nós nesse momento de muito amor e aprendizado (: