Jovens cientistas

Em 2011, o Brasil alcançou a posição de 6ª maior economia do mundo. Na geopolítica mundial o Brasil consolidou seu espaço na exportação de bens primários, com destaque para os alimentos e minérios em estado bruto. Sem dúvida, para sermos a 6ª maior economia do mundo dois elementos são decisivos: a exportação dos bens primários e o fortalecimento do mercado interno. Estes são dados do momento de crescimento que o nosso país vem passando.

Para nós, que lutamos pelo Brasil dos nossos sonhos, este crescimento mencionado é importante, mas não corresponde ao desenvolvimento nacional que almejamos, pois este crescimento perpetua o Brasil como um país de serviços, que exporta alimentos e fortalece os serviços, nos deixando de fora da produção científica e tecnológica mundial. Não queremos um país que importa televisões, tablets e o máximo que pode ter em produção tecnológica de ponta é copiar a tecnologia desenvolvida em outros países, queremos uma produção tecnológica e científica própria, nacional, queremos um país industrializado e que essa indústria se torne cada vez mais complexa, pois queremos produzir robôs, foguetes, computadores… Essa é a chave para um desenvolvimento soberano.

Um desenvolvimento nacional soberano além do componente econômico e tecnológico, já citado, passa necessariamente por um componente social forte, ou seja, distribuição de renda, além do componente ambiental. E isso tudo só é possível num ambiente democrático consolidado.

Neste caminho, entendemos que a universidade tem um papel decisivo. É na universidade que se forma as novas gerações da intelectualidade brasileira, que debate academicamente os problemas estratégicos do Brasil e, sobretudo, esta universidade deve ser o principal expoente da pesquisa científica! Para alcançarmos um novo momento de desenvolvimento tecnológico é preciso cumprir com uma etapa anterior: a pesquisa científica. Assim, os desafios do Brasil de hoje impõem que a produção científica nacional aumente radicalmente, precisamos pesquisar mais e também precisamos pesquisar melhor, pois a pesquisa científica precisa atender prioritariamente às questões estratégicas para o desenvolvimento nacional. Não podemos, nem queremos proibir a pesquisa científica para achar, por exemplo, o melhor hidratante para as peles negras, mas achamos que o centro da pesquisa científica nacional tem que dar resposta às questões estratégicas para o país, por exemplo,energéticas, gargalos da tecnologia de ponta, impasses ambientais, etc. Entendemos, assim, que este é um papel do Estado, da decisão de onde prioriza o fomento a pesquisa científica, logo é um papel exercido pelas agências de fomento, CNPQ, FINEP, CAPES…

Neste cenário, a pós-graduação brasileira ganha relevância estratégica. Hoje, o Brasil já é o 13º país no ranking de publicação científica e a pós-graduação stricto sensu vem crescendo, só em 2010 o Brasil formou 41 mil mestres e 12 mil doutoures, o que significa que o país mais que dobrou a quantidade de mestres e doutores desde 2001. A ampliação da pós-graduação brasileira é um elemento definidor da capacidade do Brasil de fato dar respostas à pesquisa científica necessária para o desenvolvimento nacional, assim, não podemos nos contentar com o tamanho da pós-graduação hoje, precisamos lutar pela ampliação radical da pós-graduação.

Para a pós-graduação, existe outro elemento definidor para os nossos objetivos nacionais de desenvolvimento: o valor das bolsas disponibilizadas. É preciso avançar na compreensão de que o pós-graduando não é apenas um simples estudante, mas é um estudante/trabalhador e que o seu objeto de estudo/trabalho é avançar na pesquisa e formação educacional estratégica para o país. E mais, o jovem pós-graduando já tem seus anseios de formação de família e vida profissional mais maduros e a academia científica brasileira tem o desafio de disputar este jovem com o mercado de trabalho. Ora, o Brasil precisa de quadros pensar, estudar e pesquisar os rumos estratégicos de nosso país! Assim, a questão da bolsa na pós-graduação stricto sensu é fundamental, e temos que lutar por um valor de bolsa que dê conta de sustentar o pós-graduando no seu mestrado ou doutorado, logo não podemos admitir 04 anos sem reajustes das bolsas em nosso país.


No conjunto deste debate surge um elemento importante a ser considerado – a questão da excelência. Os desafios que precisam ser respondidos pela política de ciência e tecnologia e pela educação demandam que o Brasil tenha centros de excelência. Assim, os Institutos de Pesquisa, como a Fiocruz, por exemplo, vão se tornando cada vez mais importantes.

Aliado a isso, é preciso inovação. Inclusive, a capacidade do Brasil de disputar tecnologias internacionalmente tem uma forte correlação com a inovação tecnológica, que em nossa opinião, precisa ter sua política totalmente desenhada pelo Estado. A inovação pode se dá no ambiente da universidade, do instituto de pesquisa ou da empresa, e o Brasil, no último período, tem fomentado bastante a inovação tecnológica. Todavia, precisamos refletir mais sobre esta política, em que pese ela ser decisiva, ainda não ganhamos a mentalidade do setor produtivo brasileiro para diminuir seu lucro e investir em inovação, talvez isso não seja fácil nem estratégico (na visão do empresariado), assim é importante que a chave do fomento público à inovação tecnológica se dê na universidade e nos institutos de pesquisa.

Objetivos:
#Participar da APGs (Associações de Pós-Graduandos) nas instituições de ensino superior do Paraná;
#Organizar, além dos Pós-Graduandos, os estudantes secundaristas que participam das feiras de ciências e SBPC Jovem, bolsistas de iniciação científica júnior (ensino médio) e universitários de programas como PET (Programa de Educação Tutorial / CAPES) e PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica).