Já ficou para trás o tempo em que as mulheres eram
personagens invisíveis de nossa história. Não dá mais para falar de
Brasil sem lembrar as contribuições femininas no fortalecimento de
nossas lutas e de nossa identidade nacional, através da coragem de
mulheres como Anita Garibaldi, Olga Benário e Loreta Valadares. Sem
contar a conquista histórica que representou a chegada da primeira
mulher à presidência da República Brasileira: Dilma Roussef é, sem
dúvida, uma inspiração para homens e mulheres que acreditam numa
sociedade sem opressões. Na UJS não é diferente: a mulherada ocupa cada
vez mais lugar nas entidades que participamos, seja no movimento
estudantil ou no comando das grandes mobilizações que a galera faz por
aí.
Todo esse otimismo não significa nem de longe que o
machismo foi superado no Brasil e no mundo. É preciso partir agora do
patamar em que chegamos e garantir mais direitos para as mulheres, rumo a
um mundo com igualdade de genero. A UJS sabe que a emancipação total só
se dará nos marcos de uma nova sociedade e por isso não abandona a luta
conjunta de homens e mulheres. Na busca por creches nas escolas e
universidades e por mais participação feminina nos espaços voltados para
a produção científica e tecnológica, no direito das mulheres de decidir
sobre o próprio corpo, na busca por políticas de saúde especiais também
se constrói esta nova sociedade.
Em ano de eleição, nunca é demais lembrar que nós ainda temos uma das representações políticas mais desiguais, no que se refere a questão de gênero. O Brasil ocupa ainda a 85º posição no índice que mede a participação de mulheres no Parlamento. Então é fundamental se mobilizar por uma Reforma Política democrática, que garanta mais participação de mulheres nos espaços de poder e decisão.
Objetivos:
#Organizar a luta da mulher no Brasil contra a opressão de gênero na perspectiva emancipacionista;
#Lutar pelas reivindicações sociais da mulher em relação ao trabalho, violência, lazer, creche, educação, cultura, saúde, direitos sexuais e direitos reprodutivos, etc.
#Lutar para que a maternidade seja compreendida como função social pelo conjunto da sociedade e pela correta e eficaz aplicação de toda e qualquer lei que seja um caminho para o exercício deste direito;
#Lutar pelo fim de toda legislação e prática discriminatória que pese sobre a mulher, bem como contra qualquer forma de preconceito: social, racial e/ou étnico.
#Lutar no sentido de elevar o nível de consciência e participação política da mulher;
#Lutar para que a mulher entenda, conheça, assimile e participe da defesa intransigente de seus direitos enquanto mulher, cidadã e trabalhadora;
#Trabalhar pela união e participação da mulher ao lado de demais segmentos da sociedade na luta pela democracia, pela soberania nacional, pelos direitos sociais e por uma nova sociedade, livre de toda opressão e exploração, a sociedade socialista;
#Estimular e participar das articulações nacionais e internacionais de mulheres em torno de objetivos comuns;
#Desenvolver projetos sociais nas áreas de trabalho, combate à violência, lazer e recreação, educação, cultura, esporte, saúde, direitos sexuais e direitos reprodutivos.
#Organizar a luta da mulher no Brasil contra a opressão de gênero na perspectiva emancipacionista;
#Lutar pelas reivindicações sociais da mulher em relação ao trabalho, violência, lazer, creche, educação, cultura, saúde, direitos sexuais e direitos reprodutivos, etc.
#Lutar para que a maternidade seja compreendida como função social pelo conjunto da sociedade e pela correta e eficaz aplicação de toda e qualquer lei que seja um caminho para o exercício deste direito;
#Lutar pelo fim de toda legislação e prática discriminatória que pese sobre a mulher, bem como contra qualquer forma de preconceito: social, racial e/ou étnico.
#Lutar no sentido de elevar o nível de consciência e participação política da mulher;
#Lutar para que a mulher entenda, conheça, assimile e participe da defesa intransigente de seus direitos enquanto mulher, cidadã e trabalhadora;
#Trabalhar pela união e participação da mulher ao lado de demais segmentos da sociedade na luta pela democracia, pela soberania nacional, pelos direitos sociais e por uma nova sociedade, livre de toda opressão e exploração, a sociedade socialista;
#Estimular e participar das articulações nacionais e internacionais de mulheres em torno de objetivos comuns;
#Desenvolver projetos sociais nas áreas de trabalho, combate à violência, lazer e recreação, educação, cultura, esporte, saúde, direitos sexuais e direitos reprodutivos.
UM NOVO OLHAR SOBRE O FEMINISMO E A ATUAÇÃO DA UJS
Ana Carolina Barbosa, camarada da UJS Potiguar
A discussão da frente de gênero na ujs avança e esta realidade produz no cotidiano a necessidade de se entender alguns dos enfrentamentos ideológicos e organizativos que se colocam nesta fase de consolidação de nossa organização.
Entendendo o Feminismo e um Pouco de sua História
Nascido do questionamento e da perspectiva de combater as desigualdades entre homens e mulheres o feminismo tem se pautado essencialmente pela reação à opressão vivida pelas mulheres.
Sua história vem marcada por
muita ousadia e pela pluralidade de correntes de pensamento produzindo
reflexos em vários campos do desenvolvimento das relações sociais,
atingindo desde a elaboração teórica da academia até o cotidiano
político prático de sua dinâmica construção enquanto movimento e ainda a
interação de seus questionamentos com outros movimentos.
A presença de várias
correntes o torna ao mesmo tempo um movimento rico em diversidade e
vitalidade e, por outro lado, sujeito à estagnação, por se perder em
algumas situações, no enfrentamento das correntes, a perspectiva da
crítica libertária, no entanto é essa dinâmica que tem proporcionado o
desenvolvimento plural do movimento e suas conquistas.
Contabilizam-se vários
avanços na luta pela transformação das relações sociais de gênero, o
movimento feminista conseguiu ao longo do tempo incorporar sua agenda na
pauta política da sociedade atingindo organizações civis, instituições,
proposições de políticas públicas e discursos políticos sem contar o
papel que tem cumprido as conferencias internacionais para a garantia
real dos direitos adquiridos.
“ Depois de muitos anos de
estudos e lutas das mulheres foi sendo elaborado o conceito de gênero,
que é o que busca explicar as relações sociais entre homens e mulheres ,
o conceito de gênero foi utilizado como categoria de análise
primeiramente pela antropologia, que coloca o “ser mulher” ou “ser
homem” como uma construção social. a palavra gênero, tirada da
gramática, foi utilizada para identificar essa construção,
diferenciando-a do sexo biológico .”(medeiros).
“ Este conceito está
intimamente ligado ao processo de acumulação de riquezas do capitalismo
que precisou garantir que a descendência paterna fosse determinada, para
que assim os homens pudessem legar somente aos seus filhos legítimos os
bens que acumularam em vida através do excedente de produção. assim com
a consolidação da propriedade privada nós temos a primeira divisão
sexual do trabalho reservando para as mulheres apenas a esfera
doméstica. desde então a história da mulher foi a história da sua
opressão. É, portanto com o capitalismo que nascem as condições
objetivas para a opressão feminina .”(barbosa)
Há, portanto, uma
generalizada assimilação do conceito e da compreensão de gênero embora
isso não signifique, ao longo da trajetória da luta e com a
materialização de algumas conquistas a superação da desigualdade.
A história de luta das
mulheres por seus direitos, pelo reconhecimento de sua condição humana
desnuda a raiz da opressão empreendida pelo sistema capitalista em sua
afirmação sendo, aqui no brasil, tão longa quanto a história deste país,
embora ela não seja contada senão pelos esforços das próprias mulheres e
alguns homens em visibilizá-la. assim como o racismo, conseqüência do
colonialismo, excluiu os povos de origem africana e promoveu o genocídio
dos povos indígenas na formação do povo brasileiro, o sexismo eliminou
quase todos os registros de resistência e luta da parcela feminina de
nosso povo.
Entretanto, embora
geralmente não conste dos manuais, as mulheres protagonizaram
importantes mudanças em nosso país durante o século xx que aram de forma
significativa o desempenho sócio econômico do país
A ocultação da mulher da
cena histórica e suas decisivas contribuições para o progresso da
humanidade são um dos instrumentos de materialização da opressão, que se
encontra intimamente relacionada com determinadas fases do
desenvolvimento da sociedade caracterizadas por seu modo de produção e
reprodução da realidade.
Assim em todos estes de
existência o movimento feminista ou variados contextos provocando
profundas mudanças no ambiente doméstico e nos espaços públicos
indicando que em casa, no mercado de trabalho e na política as mulheres
brasileiras já não são mais as mesmas, estão em luta permanente para
mudar seu país e construir um mundo fraterno, sem desigualdades, com
justiça social e livre de toda opressão.
No decorrer de sua história o
movimento tem ressaltado a compreensão de que a construção do ser
mulher, inclusive na luta feminista, não é homogênea há especificidades a
serem compreendidas implicando tanto para dentro de sua construção como
para fora relações de poder, tensões e conflitos.
É do entendimento das
especificidades que começa (de certa forma) a ganhar cada vez mais
visibilidade e espaço a questão da juventude entendida como
transversal.por outro lado no movimento de juventude cresce também a
assimilação do conceito de gênero e suas implicações tanto teóricas como
praticas ensejando vários questionamentos, sobretudo em relação á
atuação juvenil no movimento feminista.
A Polêmica Interação do Feminismo com o Marxismo
“Marxismo e feminismo não
são antagônios como buscaram ecoar pelos cantos e pelos movimentos. há
que se resgatar a importância do marxismo para a reflexão teórica da
importância de se romper as amarras das mulheres para a sua verdadeira
emancipação. a grande contribuição do marxismo para a luta feminista e a
emancipação das mulheres é a desnaturalização da opressão de gênero, da
subnidade das mulheres nas relações de gênero”. kátia souto
Apesar do tom contestador da
opressão de gênero presente no movimento feminista, podemos dizer que
este não teve desde o seu inicio uma vocação revolucionária e que sua
relação com a teoria revolucionária, o marxismo, nunca foi tranqüila.
Já dizia loreta valadares
que apesar de todos méritos de sua luta o movimento feminista sempre
careceu de um projeto emancipatório que permitisse puxar o fio da
radicalidade do emaranhado de teias ideológicas que o tecem, “
radicalidade que é engendrada na essência mesma da opressão da mulher na
sociedade ”.(valadares).
Na convivência das opiniões
no movimento feminista o marxismo sempre se posicionou como o outro, do
lado oposto, sobre o qual sempre se tem uma crítica (varias vezes
infundada) a fazer e uma insuficiência de análise a apontar, sobretudo o
que se convencionou taxar de “reducionismo econômico”, que
pretensamente negaria a opressão de gênero por considera-la mero aspecto
da opressão de classe.
Do ponto de vista teórico é
bastante difícil negar que a raiz da opressão feminina desenvolve-se
entrelaçada à á opressão de classes, este é em si o centro da questão
que acaba por desvendar o caráter da opressão feminina bem como sua
posição de subnidade ao longo da história.
O materialismo histórico,
fundamentado enquanto teoria do desenvolvimento social, tendo como
fundadores marx e engels, atribui “ o mesmo peso teórico ao conceito de
classe a ao conceito de exploração do sexo feminino pelo masculino ”
(rangel e sorrentino). desta forma apontam a raiz da condição subna da
mulher.
Engels, em 1884, em sua obra
a origem da família e da propriedade, cita da obra a ideologia alemã
(escrita em 1846 por marx) a idéia segundo a qual “ a primeira diveisão
do trabalho é a que se faz entre o homem e a mulher para a procriação
dos filhos” e diz : “hoje posso acrescentar: o primeiro antagonismo de
classes que apareceu na história coincide com o antagonismo entre o
homem e a mulher na monogamia: e a primeira opressão de classes com a do
sexo feminino pelo masculino”(1973:168)
Assim podemos afirmar a coincidência histórica presente no desenvolver das duas opressões.
Por mais que os estudos de
marx e engels tenham como objeto principal de análise o universo das
relações de produção existentes no mundo do trabalho, ambos produziram
importante referencial teórico mesmo não tendo produzido uma
conceituação que possibilitasse um análise mais aprofundada do papel da
mulher na sociedade e na história.
Mesmo havendo um grande
volume de críticas,ao marxismo na produção teórica e no dia a dia do
movimento feminista,é inegável a sua contribuição para a formulação e
aperfeiçoamento da teoria feminista, principalmente após a adoção do
conceito de gênero como ferramenta de análise social que explicita o
caráter relacional da opressão no desenvolvimento da sociedade.
É da compreensão marxista,
que se extrai possíveis soluções para os entraves movimentistas que
muitas vezes limitam e reduzem as conquistas feministas ao patamar da
igualdade formal, indicando que maior conseqüência para a luta, somente
se dá com a incansável labuta por uma nova sociedade, que promova a
superação estrutural e cultural da opressão.
O Feminismo Emancipacionista
No brasil, diante da
necessidade de se posicionar a concepção marxista no enfrentamento das
diversas posições existentes no movimento feminista, surge a corrente
emancipacionista ou feminismo emancipacionista, opondo-se ao viés
sexista de entendimento da discussão de gênero.
O feminismo emancipacionista
tem o entendimento de que, na pratica política e teórica do movimento,
se faz necessário combater o feminismo reformista burguês buscando
avançar as formulações marxistas sobre a questão de gênero.
Teoricamente parte da
compreensão de que a divisão sexual do trabalho entrelaça –se à divisão
social do trabalho, por este pressuposto, mulheres e homens participam
de modo desigual da produção. entende-se que no desenrolar da história a
opressão de gênero liga-se à opressão de classes.
Para acorrente
emancipacionista, o conceito se constrói historicamente considerando os
valores culturais atribuídos às diferenças de sexo, é por este caminho
que irão se desenvolver valores e práticas sistemáticas que diferenciam o
feminino do masculino.
Este sistema que se forma do
surgimento entrelaçado das duas opressões, é que influencia diretamente
nas relações desiguais de gênero, que por possuírem esta característica
se dão nas diferenciadas camadas sociais fundadas na opressão de
classe.
Por este raciocínio a teoria
emancipacionista entende que a opressão de genro possui bases culturais
e se constrói culturalmente o que possibilita uma aparente
independência conceitual uma vez que esta interage com as demais
opressões, sobretudo com a de classe.
Desta forma, lutar contra a
opressão de gênero significa lutar contra toda forma de opressão,
buscando atribuir à luta de gênero um significado radical que busque “
romper tanto o elo estrutural levando-a para a luta da emancipação
social, como o elo cultural, percorrendo caminhos próprios nas diversas
esferas da sociedade” (valadares) reafirmando que a o socialismo, apesar
da derrota de algumas experiências, “ é o único projeto capaz de
atribuir passagem a um processo que vise o fim das discriminações de
gênero ”. (valadares).
A Presença das Jovens no Movimento Feminista
Podemos afirmar que é
recente a participação juvenil no movimento feminista. no decorrer da
sua história tem sido pouco vizibilizada. um dos fatores que geram tal
situação é a também recente adoção do conceito de juventude enquanto
categoria de análise.
O relativo crescimento da
participação das jovens no movimento feminista ,sobretudo a partir da
década de noventa do século xx, bem como a abordagem das questões
relativas à juventude, se dão em um contexto em que a metade dos 6,3
bilhões de habitantes do mundo tem menos de 25 anos , e destes mais de 1
bilhão se incluem na faixa etária dos 10 a 19 anos. mais de 85% dos/as
jovens do mundo estão vivendo em países em desenvolvimento e na américa
latina, o brasil é sozinho, responsável por 50% da população dos/as
adolescentes e jovens.
Percebe-se diante das
especificidades das situações e relações sociais enfrentadas pelas
jovens mulheres, como a questão do trabalho e o desemprego, o exercício
autônomo da sexualidade, a limitação de aperfeiçoamento da qualificação
profissional imposta pela maternidade, a redução cada vez maior da faixa
etária nos índices de gravidez e mortes por aborto mal sucedido, produz
socialmente uma situação de maior vulnerabilidade das jovens.
Assim verifica-se maior
presença das jovens no movimento feminista, o que tem ocasionado tenções
que se estruturam no que se convencionou chamar de “conflito
geracional”que internamente acabou por ocasionar o aparecimento (ou
adoção)da formulação de transversalidade, ou seja o tratamento das
questões relativas á jovens feministas deve permear todas as discussões,
temas e ações do movimento gerando a incorporação de uma agenda própria
juvenil.
Socialmente temos que são
atribuídos valores de poder às idades, estes atributos de maior idade
funcionam como código geral de poder, que faz com que se diferenciem e
muito os conceitos e códigos sociais com os quais se relacionam uma
mulher de 18 e uma de 50 anos.
A este código geral de poder
acrescenta –se o peso dos valores patriarcais que fazem com que a
inclusão social em suas variadas dimensões se dê (ou seja percebida)
somente por um padrão adulto e masculino, portanto se o ser humano é
jovem e mulher, está excluído do código de poder.
Esta tensão presente nas
relações sociais de gênero estabelecidas pela juventude busca ganhar
espaço no movimento feminista.em contrapartida, tomando como referencia o
movimento de juventude, a questão de gênero precisa ganhar mais espaço
em seu cotidiano e pauta política, pois é necessária a leitura que o
sistema capitalista possui também essa característica de estabelecimento
de códigos de poder, esta compreensão pode fazer o movimento de
juventude compreender melhor os entraves da participação feminina.
Como se Deu e se Dá esse Debate na UJS
Durante boa parte de sua
história a UJS tem debatido a temática de gênero. no entanto apesar dos
significativos passos dados pelo trabalho da frente de gênero ainda há
muito a ser construído.
Entre nós a discussão de
gênero é parte da tentativa de se compreender a condição juvenil de ser
(ou se tornar) mulher e homem, entendendo o processo de exploração
capitalista que permeia as relações sociais de gênero e procurando
reforçar o caráter emancipacionista da luta socialista pelo fim da
opressão da mulher.
A UJS precisa consolidar a
assimilação da história de contribuição política do movimento feminista e
sua evolução, combatendo a idéia de que o motor deste é a luta de
mulheres contra homens, uma concepção ainda presente em discursos e
brincadeirinhas de nosso cotidiano.
A formulação teórica e a
prática política de gênero incorpora algumas diretrizes. a primeira
delas diz respeito á necessidade de aprofundar a relação da ujs, que
organiza tantas jovens numa perspectiva de construção do socialismo, com
o movimento feminista, sobretudo com a vertente do feminismo
emancipacionista, construindo em bases cada vez mais sólidas nossa
relação com a união brasileira de mulheres (ubm), fortalecendo a atuação
do coletivo de jovens feministas socialistas loreta valadares.
A segunda diretriz
relaciona-se com o cuidado a participação política das jovens
socialistas, com a preocupação da repetição dos códigos de poder do
patriarcado que entre nós materializa-se nos estilos machistas de lidar
cotidianamente com a nossa política, e atinge a militância, desde os
níveis nacional, estaduais e municipais de direção até os núcleos e
atividades da ujs.
Existe muita diferença entre
ser uma ou um dirigente da ujs; as condições de exercício da tarefa de
direção assumem proporções radicalmente opostas sob o ponto de vista do
respeito se o dirigente é homem ou mulher. e aqui precisamos reconhecer
que a opressão deixa de ser subliminar.
Persiste a necessidade de
cultivar entre nós um ambiente de respeito à condição feminina e também à
orientação sexual de cada militante, mudando a forma de tratamento
tendo em vista o substrato científico oferecido pelo conceito de gênero,
buscando despir o nosso cotidiano de luta política dos preconceitos
afirmados culturalmente pelo sistema capitalista.não elaborar nesse
sentido é desconhecer o direito à orientação sexual e exercício autônomo
da sexualidade como parte da construção da identidade juvenil.
Ainda não conseguimos
superar os entraves de compreensão no sentido de defender a bandeira
libertária da causa glbt, reconhecendo a sua importância para a
emancipação da humanidade, ter visual em eventos como a parada gay e ter
propostas para organizar os jovens e as jovens no sentido de entender a
dimensão teórica e política desta luta humanista. neste sentido ainda
temos muito chão a percorrer.
Uma quarta diretriz seria o
aprofundamento do conhecimento de nossos quadros sobre a teoria
emancipacionista. o patamar de relativo avanço do debate de gênero na
ujs aponta a necessidade de bandeiras e proposições concretas para o
conjunto da luta socialista no movimento juvenil.
A compreensão processual do
desenvolvimento desta discussão entre nós indica que é urgente inaugurar
uma prática político- organizativa que possibilite aos nossos
militantes, homens e mulheres, compreender que a luta pela superação da
opressão de gênero é transversal e portanto deve perpassar todas as
frentes de atuação da ujs, todos os níveis de direção e todos os nosso
núcleos, tornando –se instrumento concreto da luta pelo socialismo.
Bibliografia
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Medeiros, Glauce, gênero, que história É essa? in: www.ujs.org.br
Moraes, Jô, A luta pela emancipação da mulher, in a política revolucionária do pc do b, anita garibaldi, sp, 1989.
Rangel, Olivia e Sorrentino Sara, gênero: conceito histórico, in princípios, nº 33 anita garibaldi, sp,1994.
Valadares, Loreta, gênero e emancipacionismo, in presença da mulher, nº 34, anita garibaldi, sp, 1999.
Valadares, Loreta, a Visibilidade do invisível, in presença da mulher, nº 31, anita garibaldi, sp, 1998.