segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Rossoni convoca sessão no “plenarinho” e ignora ocupação da Alep

Sessão foi retomada a partir das 21h. Projeto de terceirizações, que motivou a manifestação na Assemvleia, deverá ser votado

O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep)Valdir Rossoni (PSDB), ignorou o protesto de 250 pessoas, que desde às 17h desta segunda-feira (5) ocupam o plenário da Casa, e irá colocar em votação, a partir das 21h, o projeto de lei que permite ao Governo do Paraná terceirizar serviços públicos.
A ocupação da Assembleia por sindicalistas e estudantes pretendia evitar a votação do projeto sem a participação da sociedade, através de audiências públicas. Durante a invasão, houve empurra-empurra com seguranças, que chegaram a usar armas de choque-elétrico para conter os manifestantes, mas sem sucesso.
Os deputados irão se reunir no “plenarinho” - sala menor próxima ao plenário principal - para retomar a sessão suspensa desde o fim da tarde. Não há informações precisa sobre toda a pauta de votação, mas deputados confirmaram que pelo menos os vetos do governador Beto Richa (PSDB) e o projeto da terceirização serão votados.
Enquanto os deputados se reúnem no "plenarinho", os manifestantes começaram a deixar a Assembleia de mãos dadas e gritando palavras de ordem. O “plenarinho” foi isolado para evitar uma nova invasão e a interrupção da votação.


Acordo
Pouco antes, perto das 20h, terminou frustrada a primeira tentativa de acordo entre deputados e as cerca de 250 pessoas, que invadiram e ocupam o plenário da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). A ocupação foi feita para evitar a aprovação do projeto de lei que permite ao Governo do Paraná terceirizar serviços públicos.
Os deputados pediram a desocupação do plenário e, em troca, comprometiam-se a votar apenas em primeiro turno o projeto de lei. Antes da invasão, a intenção da base de apoio ao governo Richa era transformar a sessão do Legislativo em comissão-geral, o que acelera a tramitação, já que apenas uma votação aprovaria o projeto em dois turnos. Pela proposta, a votação seria retomada nesta terça-feira e seria dada a oportunidade de duas pessoas discursarem antes da votação.
Os manifestantes rejeitaram a ideia e disseram que só sairão do plenário se a terceirização fosse discutida com a sociedade em audiências públicas, antes de ser votada pelos deputados (leia na íntegra a carta dos manifestantes sobre a ocupação).
Tensão
O grupo de sindicalistas e estudantes rasgou a Ordem do Dia (lista com os projetos a serem votados) durante a ocupação. O estudante de psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e primeiro-secretário da União Nacional dos Estudantes (UNE), chegou a atirar os papeis contra o rosto do deputado Stephanes Junior (PMDB).
Os manifestantes prometiam interromper a votação do projeto sempre que ele entrar em pauta com a justificativa que não houve debate com a sociedade sobre a terceirização de serviços. “Se for necessário, vamos radicalizar (ainda mais)”, disse Bordi.
Cerca de cinqüenta policiais militares acompanham os protestos do lado de fora da Assembleia. Eles estão de prontidão ao lado de oito viaturas da Polícia Militar (PM) em frente ao Legislativo. Um veículo com quatro policiais do Batalhão de Choque também está nas proximidades para intervir, caso seja necessário.
Pela internet, começaram a ser distribuídos pedidos de auxílio ao grupo que ocupou a Assembleia. “Pedimos que todos que puderem se dirijam para a Assembleia Legislativa para prestar solidariedade. É bem possível que venham com violência, ao invés de promoverem um processo democrático de debate, como uma Audiência Pública. Pedimos (para que) ajudem para que divulguem e mobilizem outras pessoas”, diz, por exemplo, um e-mail distribuído na lista Assembleia Popular PR.
Às 18h30, houve novo confronto entre manifestantes e seguranças. Um grupo de pessoas que estava na rampa de acesso tentou entrar no plenário e reforçar a ocupação, mas foi contido. Em seguida, a presidência da Casa mandou cortar o sinal de internet sem fio do plenário para evitar a comunicação dos manifestantes com pessoas do lado de fora da Casa. 


Críticas
A condução da sessão por Rossoni tem sido criticada por deputados da oposição e da situação. Eles acreditam que ele poderia ter evitado a invasão do plenário. Segundo o que os parlamentares confidenciaram, o presidente da Casa deveria ter se precavido e suspendido a votação do projeto de lei da terceirização assim que os ânimos começaram a exaltar-se. Para eles, foi um erro insistir na votação.
O temor é que possa haver um confronto mais sério entre policiais e os manifestantes, o que pode prejudicar a imagem da Assembleia e do próprio governo Richa, que apresentou a proposta de terceirização.
A invasão
A primeira tentativa de invasão aconteceu pela entrada da imprensa, na parte de trás do plenário, onde os seguranças da Casa conseguiram evitar a entrada dos manifestantes com o uso de choque. Em seguida, o grupo foi às tribunas de honra, nas laterais. Nessas entradas houve muita confusão e depois de cerca de 15 minutos de empurra-empurra, o plenário foi invadido.
Os manifestantes estavam, por volta das 17h, reunidos para discutir a ocupação, entre a mesa da presidência da Assembleia e as mesas dos deputados. A maioria estava sentada no chão e pedia para que a proposta de terceirização fosse rejeitada. “Já! Já! Arquive este projeto já!”, diziam.
Pressão
Os sindicalistas e estudantes ocupam e lotam a galeria destinada ao público da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) desde o início da tarde desta segunda-feira (5) para pressionar os deputados estaduais e evitar que os parlamentares aprovarem o projeto de lei que permite aoestado do Paraná terceirizar serviços públicos, através de Organizações Sociais (OSs). A iniciativa é do governo Richa, mas enfrenta resistência de sindicatos e entidades estudantis.
O grupo de manifestantes gritava palavras de ordem regulamente desde o início da sessão. Uma delas diz: “Não! Não à privatização!” Além disso, eles exibiam faixas contra a proposta.
O presidente da Alep, Valdir Rossoni (PSDB), chegou a suspender a sessão por cerca de 15 minutos, perto das 16h, por causa do barulho da manifestação. Durante a paralisação, o grupo de sindicalistas e estudantes gritava palavras de ordem contra Rossoni e o governo: “Rossoni, eu não me engano. Privatizar é coisa de tucano.”
Logo depois, perto das 16h30 a sessão foi paralisada novamente depois de um bate-boca entre o deputado Reinhold Stephanes Junior (PMDB) e o público. O parlamentar reclamou que os manifestantes não seriam democráticos por não saber ouvir opiniões divergentes. A platéia revidou com gritos de “vendido!”.