domingo, 11 de dezembro de 2011

Os Russos vão as ruas para protestar contra fraude eleitoral

Centenas de pessoas reúnem-se na praça de Moscou, no que já está se transformando na maior manifestação antigovernamental da capital russa, lembrada neste país desde os anos 1990



Dezenas de milhares de manifestantes saíram às ruas de várias cidades da Rússia neste sábado para denunciar a fraude eleitoral e pedir a realização de novas eleições, sob o lema "Por eleições limpas", dando continuidade ao maior movimento de protesto no país em mais de uma década. Mais de 130 manifestantes foram detidos em todo o país, segundo o Ministério do Interior russo, a maioria deles por participar de manifestações não autorizadas pelas autoridades locais.
Do Pacífico ao Ártico, da Sibéria à parte europeia da Rússia, milhares de cidadãos deixaram o calor de seus lares para lotar praças e ruas em um gélido dia de dezembro e somar-se àquela que já é considerada a maior manifestação no país desde os anos 1990. Os manifestantes de Moscou, convocados pelo movimento Solidariedade, denunciaram a fraude nas eleições legislativas de domingo passado e exigiram às autoridades a realização de novos pleitos parlamentares, a libertação dos presos políticos e a investigação de todas as irregularidades eleitorais.
Os congregados exigiram também a destituição do presidente da Comissão Eleitoral Central (CEC), Vladimir Churov, a que muitos responsabilizam das graves irregularidades registradas durante a jornada eleitoral, segundo as agências de notícias russas. Em resposta aos manifestantes, o vice-presidente da CEC, Stanislav Vavilov, disse à agência de notícias Interfax que as acusações lançadas pelos manifestantes de Moscou não têm fundamento. "Ontem foi assinada a ata. As eleições foram reconhecidas como válidas e não há motivo para fazer outras avaliações. Não há motivos para revisar os resultados do pleito", ressaltou Vavilov.
O partido governista Rússia Unida (RU), do primeiro-ministro Vladimir Putin e do presidente Dmitri Medvedev, conserva a maioria absoluta na Duma (Câmara dos Deputados) com 238 deputados, 12 a mais que os necessários para a maioria parlamentar (226), segundo os resultados oficiais definitivos das eleições anunciados na sexta-feira pela CEC. O partido do Kremlin perdeu 77 cadeiras em relação às últimas eleições legislativas, por isso não terá a maioria constitucional.
Em Moscou, cerca de 50 mil pessoas, segundo os organizadores - pelo menos 25 mil, segundo a polícia - se concentraram na praça Bolotnaya, em um ato de protesto que transcorreu sem incidentes violentos e sem intervenção das forças de segurança. Inúmeros manifestantes lotaram as duas margens do rio Moskva, assim como a praça Bolotnaya, local pactuado com as autoridades para a manifestação, e também os acessos à praça, as ruas divisórias e todas as regiões arredores. "Exigimos a contagem de votos", "Vamos devolver as eleições ao país" e "Rússia Unida, conheça seu lugar", diziam alguns dos cartazes levados pelos manifestantes.
Em São Petersburgo, segunda maior cidade da Rússia, cerca de 10 mil pessoas saíram às ruas para denunciar a fraude nas eleições. A polícia deteve dez pessoas por desordem pública. A grande jornada de protesto já tinha começado no oriente russo enquanto Moscou mal entrava na madrugada deste sábado. Quando a luz do sol chegou à parte europeia da Rússia, os protestos em algumas cidades do Extremo Oriente e da Sibéria já haviam terminado.
A polícia prendeu 16 manifestantes na cidade de Perm, 20 na cidade de Nizhnevartovsk (Sibéria), 20 em Belgorod, 17 em Yekaterinburg, 12 em Tula, 10 em São Petersburgo e vários em Chita, Kazan, Samara e Kurgan, enquanto não houve prisões em Moscou.
Cerca de 2 mil pessoas se aglomeraram no centro de Yekaterinburg, capital dos Urais, enquanto em outra localidade deste distrito federal, Chelyabinsk, o número de manifestantes chegou a mil. Outras mil pessoas saíram às ruas de Volgogrado (antigo Stalingrado), enquanto mais de 600 protestaram em Arkhangelsk, no Extremo Norte europeu russo. Às margens do rio Volga, em Samara, 4 mil pessoas desafiaram as autoridades em um comício não autorizado pela prefeitura, enquanto até 3 mil pessoas ocuparam a praça central da cidade siberiana de Tomsk ao som de aplausos e gritos de "Eleições limpas".
Também em Novosibirsk, outra das cidades mais importantes da Sibéria, milhares de pessoas enfrentaram o frio de 15 graus abaixo de zero para contestar as eleições em um protesto autorizado. Centenas de pessoas, em muitos lugares mais de 500, se congregaram nas praças e ruas de Ufa, Tula, Yaroslavl, Kurgan, Krasnodar, Kostroma, Omsk, Nizhny Novgorod, Voronezh, Tver, Petrozavodsk, Kemerovo, Barnaul, Novokuznetsk e outras muitas cidades da extensa geografia russa.
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