sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Absurdo! Professoras dizem ter sido vetadas por obesidade.

Candidatas a um cargo de professora da rede estadual paulista afirmam que foram impedidas de assumir o trabalho por serem obesas, informa a reportagem de Talita Bedinellipublicada na edição desta quarta-feira da Folha(íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).

Cinco docentes de três cidades diferentes da Grande SP disseram à Folha que seus exames clínicos não tinham alteração e, mesmo assim, foram consideradas "inaptas" pelo Departamento de Perícias Médicas de SP.


Elas foram aprovadas em uma prova, participaram de um curso de formação e passaram em uma segunda prova. No começo deste ano, foram submetidas à perícia.
Na semana passada, ouviram dos diretores de escolas onde dariam aula que foram reprovadas no exame.
Elas afirmam que ainda não tiveram acesso ao laudo e que não foram informadas oficialmente do motivo da reprovação. Entraram com recurso e com um pedido de vistas do resultado.

Duas dizem que ouviram dos médicos, no dia da consulta, que provavelmente não seriam aprovadas pela perícia em razão do peso.


OUTRO LADO
A Secretaria de Gestão Pública, que responde pelo Departamento de Perícias Médicas de São Paulo, disse que o estatuto dos funcionários públicos determina que um dos requisitos para o ingresso no serviço público é que o candidato goze de boa saúde, "comprovada em inspeção realizada em órgão médico oficial, no Estado de SP".
O órgão não respondeu, entretanto, se a obesidade foi o fator que tornou inaptas para o cargo as cinco professoras citadas pela Folha, por motivos de "sigilo médico".




Bem no dia em que voltei a São Paulo, depois de uma breve temporada em Sorocaba para perder peso e criar vergonha, leio com espanto no jornal que cinco professoras foram reprovadas em exame médico para dar aulas em escolas estaduais porque estão gordas.


Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho


Sei que na nova língua do politicamente correto mudou o nome das coisas, e gordo agora virou obeso, como se isto mudasse algo, mas o fato é que, segundo a notícia da Folha, se eu tivesse que ganhar a vida como professor, também estaria vetado. Só espero que também não proíbam os carecas e os sexagenários de exercer o ofício de jornalista. 

Falando sério: quem foi que inventou este critério para o Departamento de Perícias Médicas de São Paulo poder vetar professores gordos já aprovados em todas as fases anteriores do concurso para o magistério estadual? Lembro-me que alguns dos meus melhores professores eram mais gordos do que eu. 

“Ouvi do médico que eu estava deformando meu corpo e que teria problemas de saúde no futuro. Não tinha uma alteração nos 15 exames que fiz”, disse a professora Andréia Pereira à repórter Talita Bedinelli.

Outra professora, Fátima Fernandes, garante: “Nunca peguei licença por causa do peso, nunca tive problema de saúde”. Para a Secretaria de Gestão Pública, que é responsável pela perícia, “há casos em que a obesidade pode ser considerada doença, segundo os padrões da OMS (Organização Mundial de Saúde)”. 

Se assim é, que providências foram tomadas pelo estado para dar assistência médica às professoras que não poderão dar aulas porque a perícia as considerou “inaptas”? 

Sem conseguir o emprego, como elas farão para pagar o tratamento? Não seria mais humano contratá-las, já que foram aprovadas no concurso, e o estado precisa de professores, para em seguida encaminhá-las a um hospital público que trata de obesidade e assim possam cuidar da saúde? 

Esta história me fez lembrar um caso parecido que aconteceu comigo quando era editor de um grande jornal paulistano. Queria contratar um repórter muito bom, tinha a verba, mas ele foi vetado no exame médico da empresa. Motivo: seus dentes encontravam-se em péssimo estado. 

De fato, o médico tinha razão, mas argumentei com ele que o sujeito era ótimo profissional e só poderia cuidar dos dentes se fosse contratado, já que estava desempregado, sem grana. O médico acabou concordando e o tal repórter, com dentes bem cuidados, continua trabalhando até hoje nas principais redações do país. 

Bem que o Departamento de Perícias Médicas de São Paulo poderia seguir este exemplo. 

Ps.: este segundo texto recebi por email.