domingo, 4 de agosto de 2013

Carta Dina

Nós somos fruto da nossa história, herdeiros da coragem de jovens que sonharam e conquistaram o novo. Nas nossas veias pulsam os versos do poeta dos escravos, Castro Alves, e a irreverência dos “Caras pintadas”. Nas ideias a convicção revolucionária dos Guerrilheiros do Araguaia, que nem sob as mais severas violências, delataram seus camaradas ou desistiram de lutar por um mundo de iguais.

A União da Juventude Socialista nasce em tempos de democracia, mas em tempos onde a ideologia predominante no sistema é do indivíduo que prevalece sobre o coletivo, do ter sobre o ser, dos padrões de comportamento “aceitáveis” sobre a diversidade. Nossa missão é despertar nos corações e mentes de brasileiros e brasileiras que somente a ação coletiva é forte suficiente pra mudar o mundo e dar passagem ao novo.

Foi essa a experimentação dos milhares de jovens que ocuparam as ruas dos quatro cantos do Brasil nas jornadas de junho e com ela, uma certeza se aflora: o povo unido, jamais será vencido. E a luta pelos 0,20 centavos da tarifa de ônibus, abre alas para se questionar profundamente os rumos da nossa sociedade. Vira a luta por mais direitos para o povo, pela qualidade dos serviços públicos básicos e pelo direito à participação política.

A UJS participou das principais conquistas da juventude nesses 29 anos, seja aprovação do voto aos 16, a “revolta do buzu”, a criação de novas escolas técnicas e universidades públicas, a política de cotas, o Fies e o Prouni. E agora, em meio a maior crise econômica vivida pelo capitalismo, o Brasil precisará se posicionar sobre que projeto de país seguirá construindo. Não é possível servir à dois senhores.
“Quem é o inimigo, quem é você?”

Os inimigos do povo, nem sempre mostram a face claramente. Se escondem atrás dos sentimentos do mercado seja o “nervosismo”, seja o “otimismo”, como é o caso do CAPITAL FINANCEIRO. Ou mesmo, se escondem atrás da farsa da “imparcialidade” ou da “neutralidade” da grande MÍDIA. Mas o povo não é bobo e sabemos que estão à serviço daqueles que lucram com a miséria, a ignorância e a corrupção. Com os que tem por projeto uma nação para as elites e ao povo a violência policial, desemprego e a subserviência.

Acreditam num “desenvolvimento” com concentração de rendas, privatizações, redução de direitos dos trabalhadores e um Brasil de joelhos para o Império. Essa é a fórmula da burguesia financeira mundial que tem levado a juventude, na Europa em crise, à resistir nas ruas. 

À mídia, completamente dominada pelos interesses privados desde à ditadura, resta ser o grande porta voz dessa política e para isso vale todo e qualquer tipo de manipulação. Vimos a caracterização da juventude em luta nos editorias migrando de vândalos a heróis da pátria, numa clara tentativa de disputar a pauta das manifestações. 

A estrada vai além do que se vê

Mudar esse mundo é tarefa de milhões. Buscamos nessa última década, onde os trabalhadores e mulheres chegam ao governo central com Lula e Dilma, construir outro modelo de desenvolvimento que tem como centro justamente a distribuição de rendas, a integração solidária com os povos irmãos da América Latina e o aprofundamento da democracia. 

Mas a coalisão ampla que governa nosso país, não foi capaz ainda de fazer as rupturas necessárias para concluir a transição democrática iniciada com a derrota da ditadura militar. A pluralidade de opiniões da sociedade permanece sufocada pelo monopólio dos meios de comunicação; o capital privado é o principal financiador das campanhas eleitorais e, portanto, o principal ganhador das eleições; as escolas e universidades precisam de mais investimento e qualidade para uma educação crítica e libertadora e nossas cidades mais acolhedoras e seguras para a população.

Após 10 anos, precisamos botar o pé no acelerador e construir uma transição mais profunda na sociedade brasileira. Será tarefa da juventude impulsionar esse novo ciclo de mudanças que enfrente esses problemas. A UJS deverá recolher 100 mil assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular de Democratização da Mídia, para que mais vozes possam se expressar em nosso país. No campo da Reforma Política, é preciso fazer uma campanha de conscientização pelo fim do financiamento privado de campanha e fortalecer os debates públicos. Na educação, seguiremos na luta pelos 10% do PIB e 50% do fundo do pré-sal para a ampliação dos investimentos, e a UJS deve fortalecer a grande Jornada das Juventudes dia 28 de agosto.

Nas periferias, nossa luta é pelo combate a violência à juventude pobre e negra praticada cotidianamente pela polícia e pela ausência de serviços públicos básicos. Diremos em bem alto que somos Contra a Redução da Maioridade Penal e somos pela Desmilitarização da polícia. Diremos mais alto ainda que queremos o Passe livre em todas as cidades e assegurar nosso direito de ir e vir livremente. 

Socialismo vive!

O capitalismo já deu as demonstrações de que não é capaz de assegurar a felicidade e bem estar a todos os homens e mulheres igualmente, no Brasil e no mundo.
O socialismo é uma necessidade da humanidade, mas acima de tudo uma construção consciente e coletiva de homens e mulheres que sonham com um mundo de igualdade. Requer atos cotidianos de coragem para enfrentar as opressões do cotidiano do sistema e ainda assim, permanecer firme na luta. 

Nos inspiramos na Guerrilheira do Araguaia Dina, aguerrida combatente, exímia atiradora, ligeira na fuga dos militares e legitima representante da força social que as mulheres representam na nossa história e nos dias atuais. E essa força de quem deu sua própria vida pela democracia e liberdade no nosso país continuará sendo a marca da juventude brasileira que não permitirá retrocessos, pelo contrário, irá avançar na construção do Brasil dos nossos sonhos!

Viva a juventude do Araguaia!

Viva a guerrilheira Dina!

Por manhãs de sol e socialismo!

Juquitiba, 21 de julho de 2013.