Sim, a desigualdade, segundo Marx e seus seguidores, pode sim ser
superada. Diferente de Locke, Marx não enxerga a pobreza como fruto da
“preguiça” do trabalhador, mas como
fruto da apropriação de parte de sua força de trabalho pelo burguês. Ou
seja, para Marx, a classe burguesa enriquece por que explora a classe
proletária, e a classe proletária empobrece por que é explorada pela classe
burguesa.
Isso faz com que Marx chame a
burguesia de “classe dominante”, e o proletariado de “classe dominada”. Para
Marx, existe um movimento histórico de
antagonismo entre a classe dominante e a classe explorada, chamado de luta de classes. Aqui voltamos a
resposta da pergunta: Sim, a desigualdade pode ser superada. Mas não, o individuo não pode supera-la.
Visto que, para Marx “a grande
industria aglomera num mesmo local uma multidão de pessoas que não se conhecem
[...] e as reúne num mesmo pensamento de resistência [contra a exploração
patronal]”(1), a desigualdade, ou seja, a condição de explorado só pode ser
superada com uma união da classe
proletária em torno da luta revolucionaria, para Marx, é a classe quem
derruba seus exploradores e supera sua condição de explorada, e não o individuo
que, sozinho, a vence com seu “próprio esforço”.
Em suma, o individuo não existe
fora da classe (como ator social). “Somente na comunidade o individuo tem os meios de desenvolver
em todas as direções suas aptidões”(2), diria Marx. É essencial entender isso para
entender-se o marxismo. Para o marxismo, não
são os indivíduos (isolados), mas sim as classes, as protagonistas da historia.
Portanto, a desigualdade só poderá
ser superada pela classe, jamais pelo individuo. Como, sob o capitalismo, é a burguesia a dona dos meios de produção,
o proletariado só poderia superar a desigualdade caso expropriasse a burguesia e tomasse para si seus meios de produção.
(1) – “Luta de classes e luta política”,
MARX, Karl. 1847