Texto do camarada Luiz Modesto, Tiros na câmara, que refutem os tambores!
“Quem
possui até o presente a eloquência mais convincente? O rufar do tambor,
enquanto os reis o tiverem sob o poder serão os melhores agitadores
populares.”
Já
há alguns dias temos nos deparado com uma enxurrada de matérias
especulativas, opiniões fervorosamente defendidas e ações de grupos pró e
contra o aumento – ou não - no número de cadeiras na Câmara Municipal
de Maringá.
De
um lado, muito claramente identificadas, as entidades que representam a
elite maringaense investindo pesado em propaganda contrária ao aumento
na quantidade de vereadores, de outro, entidades ligadas às
reivindicações sociais da população menos favorecida e uma boa parte dos
partidos, favoráveis ao acréscimo de representantes em nossa casa de
leis municipal.
As
entidades que defendem a manutenção das 15 cadeiras adotaram um
discurso enviesado, atrelado à jargões populares, ao senso comum mais
grosseiro. Foram várias as vezes que jornais de grande circulação de
nossa cidade publicaram matérias tendenciosas, especulando valores
impossíveis de serem gastos para a manutenção de 23 edis, já que é
preciso, sempre, considerar os moldes que nos impõe a Constituição
Federal Brasileira. É nela, em seus artigos 25 e 25A, que se vê a
possibilidade legal de um município do porte de Maringá ter 23
representantes em sua casa de leis. Também é nela que se encontram os
valores percentuais que devem ser utilizados, do orçamento municipal,
para cumprir o funcionamento do legislativo.
Chegamos
ao cúmulo de vermos utilizada como cenário de cruzada anti-democracia
uma celebração religiosa, a festa de São Cristovão, onde foram
distribuídos adesivos financiados por uma destas intituições que lutam
pelos interesses dos grandes, princípio de uma campanha de argumentos
frágeis e que tomará proporções maiores com a confecção de outdoors,
veiculações em televisão, rádio, e no transporte público local.
Utilizando-se
da inocência da população, estão planejando soprar aos quatro cantos
frases que diminuem o que realmente é a Câmara Municipal de Maringá.
Associarão, em breve, a possibilidade legal de que sejam aumentadas as
vagas para representantes do povo no legislativo municipal, à falta de
professores, às mazelas na saúde pública, à falta de segurança.
Esquecem, os nobres nobres de nossa cidade, que as verbas para a
educação, saúde e segurança são já “carimbadas”, que o vilão da
história é o executivo ineficiente nas várias instâncias da nação,
inclusive a municipal. Com bordões chulos do tipo “menos vereadores e
mais saúde”, elegem maquiavelicamente – no sentido mais puro do termo –
um vilão para arcar com o pesado fardo do descaso e da má gestão da
coisa pública.
A união das forças dos fortes de
Maringá não se deu no combate à corrupção no Contorno norte, muito
menos na questão do Moradias Atenas, ou ainda contra as alterações
terríveis e voltadas aos interesses dos imobiliaristas – e somente deles
– nos instrumentos urbanos da cidade.
Não
os incomoda tanto saber que 2% do orçamento municipal é destinada à
manutenção do CODEM, ou que o mesmo faça parte do gabinete do prefeito,
ou que 6% da arrecadação seja gasto em propaganda, antes, se queixam
que, com 23 vereadores, não teremos mais as sobras dos 5% utilizados
para a manutenção da Câmara.
A
manipulação suja e deslavada de informações, os embustes e a
apropriação da indignação de um povo bom e descontente, além do uso de
uma argumentação escrota, simplória e medíocre – intencionalmente – para
comover os mais simples e ocultar a necessidade de um real debate sobre
o assunto, gera, certamente, consequências drásticas neste povo bom e
descontente.
Do
acontecido na noite de sábado (29/07/2011) na Câmara Municipal de
Maringá, quando fora alvejada sabe lá por qual motivo, por quem, à mando
de quem ou sob a influência de quais questões, resta a difícil
pergunta: quem participa da culpa desta barbárie contra a democracia?
Senti,
nas linhas de alguns dos defensores da manutenção da baixa
representatividade na Câmara Municipal, um certo medo, um frio na
barriga por sondar-lhes a possibilidade de ter participação indireta
neste ocorrido.
Pode,
como já especularam alguns colegas da blogosfera, terem sido os tiros
motivados por alguém “drogado”, como também para a intimidação dos edis
ou, pior, por alguém que teve seu ódio e indignação canalizados para uma
instituição que não é, nem de começo, a responsável pelas mazelas que
afligem nossa população.
Temo
pela continuidade desta campanha absurda, assim como desconfio da
inocência de todos os envolvidos, mas acredito que ainda seja possivel
um debate qualificado sobre a questão.
Enquanto
o rufar do tambor for refém da elite e dos poderosos, e a eloquência
mais convincente e floreada por profissionais de propaganda e difundidas
em espaços de expressão de fé popular possuirem, podemos esperar ações
como as deste sábado, ou ainda piores.
Retirado do site:
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2KIDcC6ddQcwy0RhE-ZIbQB3hUQK7CU-PZhF6RjKnp4W7yZLE_yIV75g_6vHGLFMjJ908SnX6LpzldEfFoKJFkv9oxbVL-PMiMHXQ3tX8c3yf9xXZKvzE4DGZO1hz-jwI_wtL8v8Nl6mP/s1600/despotismo.png