A vitória eleitoral do candidato da direita, Sebastián Piñera, "é, sem dúvida, uma má notícia para o Chile e a América Latina", disse nesta segunda-feira (18) o presidente do Partido Comunista do Chile, Gullermo Teillier. Ele afirmou que não crê que a direita possa ajudar a democratizar o país e torná-lo mais igualitário. E afirmou que é preciso criar as condições para formar uma oposição unida e coesa.
"Acreditamos que muitas das esperanças, aspirações e sonhos de muitos chilenos estarão comprometidos. Nós não acreditamos que a direita vá democratizar o país e nem que vá tornar o país mais igualitário ou levar adiante a justiça social no Chile", disse.Teillier destacou que seu partido seguirá lutando, em especial, "para evitar que se atropelem os direitos dos trabalhadores, para que se conclua o processo de verdade e justiça. Ou seja, não queremos que no Chile se imponha a impunidade, nem se aplique a lei de anistia que Pinochet deixou estabelecida", disse.
O comunista lembrou que, se a esquerda foi derrotada na disputa presidencial, o PC conquistou uma vitória parcial, uma vez que conseguiu romper com 36 anos de exclusão e eleger três deputados para o parlamento do Chile. Teillier completou ainda que, apesar da derrota do candidato Eduardo Frei, o partido comunista colocará em primeiro plano os 12 pontos propostos para a sua postulação.
Segundo ele, "para defender a democracia e a justiça social e avançar nas metas que propusemos para o país, sem dúvida, serão necessárias convergências". O comunista se mostrou disposto a discutir "as convergências necessária para fazer avançar um processo de reformas democráticas e justiça social".
Lembrando que a partir do resultado eleitoral será produzido um realinhamento de forças políticas, Teillier explicou que ouvirá as propostas de diálogo que lhe serão feitas.
"Nós vamos continuar trabalhando, temos que formar uma bancada no Parlamento, para isso temos que trabalhar com deputados independentes, também com alguns da Concertación, vamos conversar na próxima semana, primeiro com a bancada do Partido Socialista e depois com a bancada do PPD", informou, adiantando que criará as condições necessárias "para poder apresentar uma oposição unida contra o governo da direita".
Resultado final
Após a apuração definitiva das urnas, o direitista Sebastián Piñera foi confirmado nesta segunda como presidente eleito do Chile, ao conseguir 51,60% dos votos no segundo turno. Piñera, segundo os números divulgados pelo subsecretário do Interior, Patrício Rosende, ficou 3,21 pontos percentuais à frente do governista Eduardo Frei, que obteve 48,39% dos votos.
O terceiro cômputo abrangeu 99,77% das urnas que funcionaram no país e considerou um total de 6.942.601 votos válidos emitidos. Dos 7.186.344 votos emitidos, 96,60% foram válidos, 2,63% nulos e 0,75% em branco.
Bachelet prevê transição tranquila
A atual presidente do Chile, Michelle Bachelet, se reuniu nesta segunda com Piñeira. No encontro, eles se comprometeram a trabalhar em parceria para a transição de poder. Segundo Piñeira, o compromisso é com o futuro do Chile e, apesar de a eleição ter sido apertada, ele presidirá para todos e não apenas para seus eleitores.
Depois de 20 anos da redemocratização, a esquerda chilena foi derrotada pela direita. As últimas eleições em que a direita obteve a vitória por meio do voto foram há 52 anos. Na ocasião, o ex-presidente Jorge Alessandri, da direita, venceu o socialista Salvador Allende.
Com isso, o país amanheceu hoje discutindo as mudanças que devem ocorrer na coligação de centro-esquerda Concertación. Bachelet já avisou que vai concorrer às eleições em 2014 quando pretende voltar ao governo. Porém, analistas políticos afirmam que será necessário a coligação rever posições para atender às demandas da população.
Outra discussão é sobre quem Piñeira escolherá para assessorá-lo. Há indicações de que ele aproveitará parte de sua equipe na formação do futuro ministério. O presidente eleito assume em 11 de março.
Com agências
Tirado do Vermelho.
