Hoje a UBES - União Brasileira dos Estudantes Secundaristas completa 69 anos. 69 anos de luta e muita garra.
Falar da UBES é falar de luta, de coragem, do Brasil, dos estudantes, de alegria, de movimento estudantil, é falar de revolução.
Para falar da UBES nada melhor do que falar com os secundaristas, que constroem essa entidade enorme que nos representa. Com esse objetivo falamos com algumas pessoas que compõem nossa diretoria sobre como elas se sentem em relação a UBES, confira:
COMO VOCÊ SE SENTE EM RELAÇÃO AO MOVIMENTO SECUNDARISTA E A UBES?
"Eu nem sei descrever o que sinto pela UBES, é uma paixão, orgulho... são muitos anos de luta. A UBES me traz esperança, com 69 anos a UBES vem defendendo politicas efetivas, lutando pelos nosso direitos. Toda a experiência que tive com a UBES foi maravilhosa. Ir no ENG da UBES foi um sonho, conversar com secundaristas de todo o Brasil, e ver que temos pautas parecidas, ver o tamanho da nossa esperança e ver que juntos somos mais fortes." (Francielle Silva Dos Santos; Sec. Organização, Diretora Secundarista)
"Pra mim o movimento secunda é a esperança, bota fé.. A esperança de um mundo novo, é ver que ainda temos esperança de não viver como nossos pais.
Ser secundarista e lutar por um mundo diferente é magnífico, olhar nos olhos de cada secunda e ver a luta o brilho do orgulho de lutar por um mundo melhor.
A UBES é a representação maior de amor por um mundo melhor.. é onde podemos encontrar a esperança de dias melhores." (Diee Silva; Presidenta)
"Quando eu penso em como me sinto em relação ao movimento estudantil secundarista me vem na cabeça sonhos. O sonho de mudar a realidade das nossas escolas. Felizmente foi dentro do movimento estudantil que eu pude conhecer a luta de milhares de estudantes que assim como eu construíram grêmios, ocuparam suas escolas e resistem todos os dias aos sucateamentos dos governadores tucanos. E é na luta também que eu encontro quem eu sou.
Portanto, falar de movimento secundarista é falar da União Brasileira de Estudantes Secundaristas! É lembrar com muito orgulho dessa entidade combativa que há 69 anos se põe na luta contra a retirada de direitos, por uma educação pública, de qualidade e emancipadora. Tenho certeza que daqui pra frente não vai ser diferente, seguiremos lutando contra o desgoverno do Michael Temer, do projeto Escola Sem Partido, Reforma do Ensino Médio e todos as medidas retrógradas que estão sendo postas por uma elite conservadora que não tem compromisso com a educação do nosso país." (Fabyana Silva; Diretora Universitária)
"Nesses 69 anos de UBES é inquestionável o grande papel que ela teve na vida das e dos estudantes. Chega até ser meio clichê falar isso, mas realmente, desde a sua fundação, a UBES lutou e vem lutando por uma educação pública, acessível e de qualidade. E acredito que seja extremamente importante que todas as escolas, todos os municípios saibam que ali existe uma UBES, UMES e que ela irá lutar contra o autoritarismo de diretores que muitas vezes impossibilitam atividades do grêmio, que os estudantes tenham direito ao passe livre pra não terem acesso apenas a escola, mas também a esportes e lazer, que meninas e LGBT's não sejam mais oprimidos e vítimas de machismo, racismo e lgbtfobia nas escolas. Nesses 69 anos de UBES é importante lembrar de toda sua trajetória de lutas que conquistou e levou milhares de jovens às ruas e que hoje faz dessa geração mete o loco que ocupa o que for preciso para (re)conquistar o que querem." (Elisangela de Sá; Diretora Feminista)
quarta-feira, 26 de julho de 2017
69 anos de luta, viva a UBES
Marcadores:
Assistência Estudantil,
Jovens artistas,
Jovens mulheres,
Juventude,
LGBT,
Liberdade de expressão,
Manifestações,
UBES,
UJS Maringá,
UMES
sexta-feira, 2 de junho de 2017
Quando a intenção do (des)governo é privatizar a universidade
A Reitoria da Universidade Estadual de Maringá comunica a comunidade universitária que, em razão da não liberação de orçamento pelo governo do Estado, a UEM está sem condições de empenhar qualquer tipo de despesa para as atividades do ensino, pesquisa e extensão
A instituição não tem dinheiro para pagar as bolsas dos alunos de graduação, pagar as bolsas aos estudantes indígenas, empenhar qualquer material de consumo, pagar os serviços prestados por empresas, comprar rações para os animais, alimentos servidos no Restaurante Universitário, kits de reagentes para o Lepac (laboratório de Ensino e Pesquisa em Análises Clínicas) e insumos utilizados em outros laboratórios, e impossibilitada de fazer a manutenção de equipamentos, bem como adquirir novos equipamentos para desenvolver projetos internos, tanto de prestação de serviços ou de ensino.
Os recursos usados para estas despesas são oriundos da fonte 250, gerados pela própria universidade. Para o reitor Mauro Baesso, "é uma situação insustentável e pode levar ao fechamento da Universidade". A Reitoria vai agendar uma reunião com o governador Beto Richa para discutir o assunto.
O reitor convocou o Conselho de Administração (CAD) para uma reunião que ocorre, amanhã (2), às 9 horas. A pauta, única, será a discussão sobre as restrições orçamentárias impostas pela Secretaria de Estado da Fazenda às universidades públicas estaduais.
A instituição não tem dinheiro para pagar as bolsas dos alunos de graduação, pagar as bolsas aos estudantes indígenas, empenhar qualquer material de consumo, pagar os serviços prestados por empresas, comprar rações para os animais, alimentos servidos no Restaurante Universitário, kits de reagentes para o Lepac (laboratório de Ensino e Pesquisa em Análises Clínicas) e insumos utilizados em outros laboratórios, e impossibilitada de fazer a manutenção de equipamentos, bem como adquirir novos equipamentos para desenvolver projetos internos, tanto de prestação de serviços ou de ensino.
Os recursos usados para estas despesas são oriundos da fonte 250, gerados pela própria universidade. Para o reitor Mauro Baesso, "é uma situação insustentável e pode levar ao fechamento da Universidade". A Reitoria vai agendar uma reunião com o governador Beto Richa para discutir o assunto.
terça-feira, 7 de março de 2017
8 de março - Dia de luta
Dias das mulheres? De quais mulheres?
Amanhã é o dia das mulheres. Dia esse em que muitas mulheres recebem rosas e parabéns por serem mulheres. Por serem a mulher. Por representarem o papel de mulher que nos esforçamos para ser, mas que jamais seremos. E, parafraseando Butler, pergunto de quais mulheres falamos no dia das mulheres. Não estou falando de promoções de farmácia, rosas ou qualquer coisa parecida. Já deixamos claro aqui que dia 8 de março é um dia de luta.
Afinal, que imagem de mulher passa pela sua cabeça quando pensamos no sujeito mulher? Para os padrões normativos do que é ser mulher, existe apenas uma imagem: branca, hétero, cis, sem deficiência, magra, classe média ou rica, que mora na cidade, faz faculdade. Provavelmente não vou conseguir colocar tudo o que representa essa imagem da mulher. São as pegadinhas da identidade.
E como uma mulher deve ser? Doce, inteligente (mas, nem tanto), livre (mas, nem tanto), descolada, romântica, simpática e a cereja do bolo: se dar o respeito. As mulheres das capas de revista não existem. Essa imagem da mulher não existe. Existe, sim, uma pluralidade de identidades. Não existe uma identidade única de mulher, mas, várias identidades que acompanham uma delas que é mulher.
Por isso, hoje quero tentar falar de todas as mulheres. Tentar falar de todas as mulheres não significa falar pelas mulheres. É muito mais uma tentativa de não pensar em uma identidade universalizante de mulher. Mas, falar por todas elas? Jamais. Aliás, nem dá para falar por todas elas. O objetivo é falar dessas mulheres que para muitas pessoas não existem e que fazem da vida sua própria existência e resistência.
Quero falar das mulheres negras, das indígenas, das mulheres que não são brancas. Das mulheres com pênis, de seios siliconados, das que não tem seios, dos seios pequenos, dos seios grandes, dos seios. Das mulheres que não tem vagina, não tem útero, não tem ovário, por diversos motivos e não apenas por um único. Das mulheres lésbicas e das bissexuais. Das mulheres que se relacionam com outras mulheres, que amam outras mulheres, que se apaixonam por outras mulheres. Daquelas que gostam de homens e de mulheres, não porque estão confusas, mas porque gostam. Das mulheres prostitutas, daquelas que gostam de ser prostitutas e daquelas que estão ali por outros motivos que não cabe julgamento algum. Das mulheres que moram no campo, no sertão, fora da cidade. Das mulheres pobres, das marginalizadas, daquelas que fingimos não ver.
E, mesmo tentando fala de todas as mulheres, sempre esquecerei de uma ou de todas. Nesse dia das mulheres eu desejo luta, resistência e existência à todas as mulheres e suas identidades que atravessam o ser mulher.
Afinal, que imagem de mulher passa pela sua cabeça quando pensamos no sujeito mulher? Para os padrões normativos do que é ser mulher, existe apenas uma imagem: branca, hétero, cis, sem deficiência, magra, classe média ou rica, que mora na cidade, faz faculdade. Provavelmente não vou conseguir colocar tudo o que representa essa imagem da mulher. São as pegadinhas da identidade.
E como uma mulher deve ser? Doce, inteligente (mas, nem tanto), livre (mas, nem tanto), descolada, romântica, simpática e a cereja do bolo: se dar o respeito. As mulheres das capas de revista não existem. Essa imagem da mulher não existe. Existe, sim, uma pluralidade de identidades. Não existe uma identidade única de mulher, mas, várias identidades que acompanham uma delas que é mulher.
Por isso, hoje quero tentar falar de todas as mulheres. Tentar falar de todas as mulheres não significa falar pelas mulheres. É muito mais uma tentativa de não pensar em uma identidade universalizante de mulher. Mas, falar por todas elas? Jamais. Aliás, nem dá para falar por todas elas. O objetivo é falar dessas mulheres que para muitas pessoas não existem e que fazem da vida sua própria existência e resistência.
Quero falar das mulheres negras, das indígenas, das mulheres que não são brancas. Das mulheres com pênis, de seios siliconados, das que não tem seios, dos seios pequenos, dos seios grandes, dos seios. Das mulheres que não tem vagina, não tem útero, não tem ovário, por diversos motivos e não apenas por um único. Das mulheres lésbicas e das bissexuais. Das mulheres que se relacionam com outras mulheres, que amam outras mulheres, que se apaixonam por outras mulheres. Daquelas que gostam de homens e de mulheres, não porque estão confusas, mas porque gostam. Das mulheres prostitutas, daquelas que gostam de ser prostitutas e daquelas que estão ali por outros motivos que não cabe julgamento algum. Das mulheres que moram no campo, no sertão, fora da cidade. Das mulheres pobres, das marginalizadas, daquelas que fingimos não ver.
E, mesmo tentando fala de todas as mulheres, sempre esquecerei de uma ou de todas. Nesse dia das mulheres eu desejo luta, resistência e existência à todas as mulheres e suas identidades que atravessam o ser mulher.
quarta-feira, 20 de julho de 2016
Dandara vive
Nós que somos negras passamos a maior parte da vida tentando
se encaixar nos moldes da sociedade.
Alisa cabelo, afina nariz, compra pó 1, 2, 3 tons mais
claros que a sua cor.
Ah! Agora sim estou bonita.
RÁ! Que bonita o que! Tá ouvindo as risadas? Tá ouvindo o
julgamento?
"Você deveria ter orgulho de ser negra" eles
disseram "solta esses cachos" eles disseram, "olha que pele
linda, que cor bonita, olha esses lábios grandes e esses cachos" eles
disseram
Os meus não são cachos!
Por Jah, quero cachos, preciso de cachos, vou por aplique.
Ah! Agora assim estou bonita.
"É, realmente tá bonita, mas sabe o que falta? Um batom
forte, um brinco grande, um turbante, uma roupa mais colorida, joga a franja
pro lado, faz um bico, coloca efeito na foto e arrasa morena!" eles
disseram
O que? Morena? NÃO!
Ser chamada de morena machuca muito, nos pedem para ter
orgulho negro e nos chamam de morena? É o tempo todo uma desculpa nova para
embranquecer a gente.
Só quem é negra sabe a luta diária, ver na tevê desde cedo
que bonito é pele clara, olho claro, nariz fininho e cabelo liso e se olhar no
espelho e ver algo totalmente diferente é deprimente.
Ver desde os 06 que nas listas de mais bonitas da sala em
primeiro lugar estava sempre a sua amiga de pele clara, nariz fininho, cabelo
liso, olhos clarinhos enquanto você nem aparecia é tão difícil.
Ouvir desde os 13 que nenhum menino nunca vai escolher você
porque "olha a sua cor, o seu cabelo! Olha o tamanho da sua testa!
RÁ"
E aos 15 só ir reparando o quanto isso é real.
Talvez eles nunca saibam o quanto é ruim sair do ventre já
sendo rejeitada e o quanto nós pensamos "porque não merecemos ser
amadas?".
Não é fácil ser uma mulher negra e empoderada, tem dias que
o empoderamento falha e nem queremos sair de casa.
Mas se tem um povo esperançoso, é o povo negro. Levanta a
cabeça, sai de casa toda linda parece até que não tá magoada.
Somos movidas por esperança, pela força dos nossos Orixás,
sorrimos, rimos e andamos confiantes de que um dia a ditadura do liso e dos
cachos vai acabar para que nosso crespo seja devidamente valorizado.
Para que todos os tipos de negritudes possam enfim dizer que
há sim como cantar a esperança de um mundo novo.
- Francielle Silva dos Santos (Diretora do Movimento Estudantil Secundarista da UJS-Maringá)
-
quinta-feira, 14 de julho de 2016
O Ciclo de monopólio da TCCC em Maringá
Monopólio do
transporte público para a empresa TCCC por 30 anos
Isenção de impostos
para a TCCC
Aumento do valor da
passagem para utilizar a TCCC
Redução de linhas
da TCCC na cidade
Paradas de Ônibus
precárias
Falta de segurança
com motoristas fazendo trabalho de cobrador
Novo aumento de
passagem da TCCC iminente
A TCCC tem negócio
de muitos anos com a família Barros/Pupin
O atendimento a
população é péssimo
O valor da passagem
é a mais alta do Estado
Eu realmente estou
tentando entender por que os usuários ainda não tacaram fogo e derrubaram os
ônibus da TCCC
Se a TCCC fosse da
Dilma ou do Lula será que estariam revoltados?
Isso significa que o capitalismo tá dando certo?
"Os capitalistas chamam liberdade a dos ricos de enriquecer e a dos operários para morrer de fome. Os capitalistas chamam liberdade de imprensa a compra dela pelos ricos, servindo-se da riqueza para fabricar e falsificar a opinião pública."
"Os capitalistas chamam liberdade a dos ricos de enriquecer e a dos operários para morrer de fome. Os capitalistas chamam liberdade de imprensa a compra dela pelos ricos, servindo-se da riqueza para fabricar e falsificar a opinião pública."
Vladimir Lênin
- Desabafo de um(x) usuárix do transporte da TCCC
quarta-feira, 13 de julho de 2016
Role das Minas
Neste
domingo vai rolar um evento auto organizado das minas dos mais variados
segmentos das artes. O role vai acontecer na Vila Olímpica a partir das 16:00h,
e tem como intuito fomentar a produção cultural feminina da cidade.
Este evento é uma forma de resistência ao velho e conservador modelo de considerar somente arte e cultura aquela produzida em grandes salões com altas mensalidades.
A rua desde sempre foi o palco onde acontecem as contradições da vida na cidade e em Maringá não é diferente. As manifestações artísticas que contestam a ordem e denunciam a segregação social, repressão policial e as demais opressões nunca despertaram grande interesse ao poder público, pois não é uma cultura que dá lucro e sim dor de cabeça aos donos do poder. A ideia, para estes, é aumentar o preço do busão para que a juventude não tenha acesso aos bens culturais, é desmantelar espaços públicos para que as pessoas não interajam e não criem novas utopias, que saiam de casa apenas para consumir nos shoppings e baladas onde se paga para entrar (que seja R$5,00, sem nenhuma contrapartida de cunho social, não vale). Enfim, nossos anseios não esperam a boa vontade e partimos para a prática, damos “nossos pulos” e é assim que em meio a tudo isso, a cena independente de Maringá resiste e as mina tão aí pra provar que é pela integração que construímos uma vida livre de opressões.
Este evento é uma forma de resistência ao velho e conservador modelo de considerar somente arte e cultura aquela produzida em grandes salões com altas mensalidades.
A rua desde sempre foi o palco onde acontecem as contradições da vida na cidade e em Maringá não é diferente. As manifestações artísticas que contestam a ordem e denunciam a segregação social, repressão policial e as demais opressões nunca despertaram grande interesse ao poder público, pois não é uma cultura que dá lucro e sim dor de cabeça aos donos do poder. A ideia, para estes, é aumentar o preço do busão para que a juventude não tenha acesso aos bens culturais, é desmantelar espaços públicos para que as pessoas não interajam e não criem novas utopias, que saiam de casa apenas para consumir nos shoppings e baladas onde se paga para entrar (que seja R$5,00, sem nenhuma contrapartida de cunho social, não vale). Enfim, nossos anseios não esperam a boa vontade e partimos para a prática, damos “nossos pulos” e é assim que em meio a tudo isso, a cena independente de Maringá resiste e as mina tão aí pra provar que é pela integração que construímos uma vida livre de opressões.
Vai
ter nossas artes, poesias, batalha do conhecimento, vamos cantar e encantar por
uma cidade mais acolhedora e menos hostil e que combata diariamente todas as
formas de discriminação e segregação em todos os espaços.
Junte-se
a nós nesse momento de muito amor e aprendizado (:
quinta-feira, 21 de maio de 2015
Militante da UJS lança livro
Paulo Mai, ex-presidente da UJS Maringá, artista, operário, estudante e esportista, lançou nesta semana um livro de poesias: Devaneios e suas inquietudes.
O livro, como de se esperar, vem cheio de poemas reflexivos e de crítica social. Boa leitura a todos.
O livro, como de se esperar, vem cheio de poemas reflexivos e de crítica social. Boa leitura a todos.
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Crítica às propostas sobre saúde dos candidatos
O programa de governo do candidato Aécio neves não traz modificações radicais no modelo atual de saúde do país. Dentre os temas propostos, estão a regionalização e a criação de redes de atenção à saúde, que são contribuições do Sanitarista e apoiador do candidato Eugênio Vilaça (que é colaborador do atual governo). Contudo, o programa trata como se estas iniciativas não existissem e fossem ações prioritárias para mudanças. As redes de atenção assistenciais propostas por ele são urgência e emergência, materno-infantil, hipertensão e diabetes, da saúde do idoso e da saúde mental, mas vale ressaltar que todas já existem com nomes amplamente divulgados tais como: Rede Cegonha e Rede de Atenção Psicossocial, que estão em fase de implementação pelo governo atual.
Além disso, o seu programa não trata diretamente de nenhuma melhora a rede de prevenção de agravos à saúde. Não trata as academias ao ar livre que expandiram as oportunidades de esporte e promovem espaços de produzir saúde.
Temos em seu plano de governo a desconstrução do atual programa mais médicos, defende que os médicos estrangeiros façam o exame revalida, o que permitiria aos mesmos atuarem em diversas regiões do Brasil, mas sem alocação em áreas prioritárias de saúde (possivelmente por isso o grupo mais corporativista da categoria médica defenda sua candidatura). No plano de governo Aécio não faz referência ao PROVAB –programa de valorização da atenção básica e nem as políticas que o cercam.
A meritocracia dá um tom chave na saúde numa lógica de produtividade em seu plano. Anos atrás foi feito um esforço enorme para derrubar essa lógica do SUS, que agora ele pretende reformular. Mas ele acrescenta essa proposta de meritocracia principalmente para a atenção básica ignorando que o atual governo já criou esse mecanismo por meio do PMAQ. Concordo, existem inúmeras críticas a esse instrumento de avaliação e reconheço que é difícil estabelecer um critério comum para avaliar unidades em todo o território nacional devido a heterogeneidade. Conforme o desempenho da equipe na avaliação o governo federal envia R$ para a equipe, deste valor 50% ficam com a unidade de saúde e a outra metade é distribuída igualmente complementando o salário de toda a equipe. Para os médicos, o valor acrescido ao salário é pouco significaste, mas para os profissionais de nível médio como as agentes comunitárias de saúde faz uma diferença tremenda, sendo um grande estímulo para a equipe como um todo buscar sempre um melhor desempenho.
O programa de governo cita uma única profissão de saúde, apenas a medicina, não valorizando o papel de outras áreas e nem as residências em área de saúde (multiprofissionais e uniprofissionais) são citadas.
Temos ainda o fortalecimento da filantropia, rede privada conveniada e organizações sociais como metas.
Como proposta temos o incentivo à criação de consultórios populares (sem deixar claro que são gratuitos) por meio de financiamento público do Ministério da Saúde e BNDS. Essa proposta, ao meu ver, desvaloriza muito mais a categoria médica do que o aumento da reserva de mercado que o atual governo promove, além de acabar com os princípios básicos da saúde pública que são a universalidade e a equidade. Não vou nem falar que acaba com a gratuidade pois o que pagamos com impostos...
O candidato trata programas paliativos como definitivos e vice-versa, o que demonstra seu grau de confusão quanto ao modelo de saúde aplicado hoje no país.
Na assistência farmacêutica, ele propõe a criação do programa Farmácia do Brasil, onde ficariam os medicamentos da atenção básica, bem como criação de um sistema que acompanhe a logística e o consumo de medicamentos. Esta visão retrógrada afasta o farmacêutico da equipe de atenção básica, podendo dar suporte farmacológico a todo e qualquer paciente sempre que necessário; bem como fica explícito que o atual candidato e sua equipe desconhecem o Sistema Nacional de Assistência farmacêutica.
O tucano apresentou uma linha de propostas que reúne praticamente tudo o que os movimentos da Saúde Coletiva/Saúde Pública vêm defendendo, a começar pela destinação para a Saúde de 10% da receita bruta da União. Um brilhante, enorme e lustroso cavalo para veicular a propaganda, especialmente agora que o Governo aprovou junto ao Congresso a destinação de grande margem do lucro do Pré-Sal para saúde e educação.
Até aí, eu não vejo nada que melhore ou piore significativamente a qualidade do SUS, mas o que me faria não votar no Aécio são as páginas 5 a 15 do seu programa de governo, duas pequenas armas infalíveis de privatização do SUS em caráter definitivo, que será revigorado por um orçamento que faz inveja às seguradoras privadas que financiam a campanha de Aécio.
A proposta vem associada com uma “mudança radical na forma de gestão do SUS” e “um reforço às linhas de gestão pelas Parcerias Público Privadas” – as PPPs.
A cesta básica primária do Banco Mundial estará garantida. Quando o paciente necessitar exames e consultas de especialidades passará às mãos privadas que avaliarão de forma eficiente, efetiva e eficaz, se deve ou não pagar taxas adicionais tal como hoje acontece no sistema público espanhol, que já foi gratuito e universal.
Destinar muito dinheiro para quem pretende repassa-lo a mãos de seus financiadores de campanha não parece uma atitude saudável nem parece defender o SUS.
Os princípios de universalidade, equidade e integralidade estão na linha de tiro do canhão de Aécio que é movimentado pelo deputado que controlou a arrecadação do caixa dois de Minas Gerais e recebeu dinheiro público desviado por representantes em MG do Conselho Federal de Medicina, segundo denúncia documentada em fontes reconhecidas em cartório e repassada à mídia de Internet que não pode ser filtrada pelos editores da grande mídia.
O cidadão que votar contente por que Aécio finalmente assumiu a palavra de ordem de refinanciar o SUS descobrirá em seguida que alimentou o monstro privado que vai retirar seus direitos. O SUS nacional corre o perigo de tornar-se a malha privatizada implantada no estado de São Paulo nos últimos vinte anos de administração demo-tucana. As clínicas de especialidade são privadas. As centrais de vaga e marcação de consultas de especialidades funcionam precariamente entre os Centros de Saúde e as referências em policlínicas. Os centros diagnósticos são eminentemente privados financiados pelo setor público e os gastos sobem de maneira estratosférica sem melhora para os que trabalham nos centros de saúde, sem mais policlínicas para especialidades nos bairros e regiões mais pobres.
A forma elegante e primorosa como o programa está escrito faz parecer que cabeças pensantes da Saúde Coletiva ajudaram a escrever a obra prima do que deveria ser um programa com palavras de ordem socialista originado à esquerda do espectro da política que defende ampliar os direitos sociais. Mais uma vez a direita se apropria das palavras de ordem da esquerda e executa, com a mão cega, o golpe de misericórdia que mata o desejo.
O programa de Aécio é o exterminador do futuro. Vai sugar o dinheiro que vem do Pré-Sal e entrega-lo intacto para mãos privadas das OSS e PPPs.
Vale falar um pouco também sobre saúde mental. Nos últimos 12 anos, a saúde mental no Brasil mudou completamente, e para melhor. Os grandes manicômios foram substituídos por serviços comunitários abertos, que já são mais de 2.300 em todo o país, por atendimento nas equipes de saúde da família, por programas de geração de renda e economia solidária, por programas de formação permanente e uma enorme ampliação das vagas nas universidades para formação de profissionais de saúde mental. Calcula-se que mais de 40.000 novos profissionais foram incorporados à rede de atenção psicossocial do SUS, do Oiapoque ao Chuí. Cidades pequenas do interior, que jamais tinham visto um único profissional de saúde mental, já contam com CAPS em funcionamento.
Há muitos problemas a serem resolvidos na saúde pública e nos serviços de saúde mental. Muitas imperfeições e lacunas a corrigir, e desafios da gestão do SUS a superar. Mas é inegável que o Brasil passou por uma radical mudança do modelo de atenção, reconhecida no mundo todo, ampliando o acesso ao tratamento e abrindo caminho para aprofundar uma saúde mental de qualidade e respeito aos direitos humanos, no âmbito do SUS e da rede intersetorial.
Do outro lado, temos um candidato que induziu em seu Estado as internações involuntárias, criando a famigerada “bolsa crack”, que captura as famílias pobres em seu desespero diante do grave problema do uso nocivo de drogas. Que promete enfrentar a violência urbana com a redução da maioridade penal e a privatização das prisões, no rumo de uma direita penal insensível e excludente. Que é apoiado pelos setores mais conservadores da sociedade, de políticos homofóbicos à grande mídia dominada pelos grupos financeiros. Que promete enfrentar a questão econômica com juros altos e desemprego, como já fizeram os governos anteriores de seu partido. Que "nomeou", com arrogância precipitada, para cuidar da Economia, um funcionário do grande capital especulativo internacional.
O tema da saúde é o cuidado, né? Para cuidar, precisamos ter políticas sociais cada vez mais fortes. Consolidar o SUS, e resolver seus graves problemas de gestão e financiamento. Defender a diversidade de opinião e de escolhas de vida. Combater o aumento do poder punitivo do Estado, ampliando as políticas públicas de inclusão social dos grupos vulneráveis. Alargando ainda mais a grande porta aberta de acesso democrático ao ensino universitário para toda a população, como fizeram os governos Lula e Dilma.
Alias, a melhor e principal ação de saúde que poderia ser feita no país, O Brasil saiu do mapa mundial da fome, milhões de pessoas atravessaram a linha da extrema pobreza.
Bom, eu reconheçemos todas as falhas do SUS que vocês pode apresentar, o governo do PT poderia e deveria ter feito muito mais, mas também temos ciência que o governo do PSDB representa a mudança, mas na prática uma mudança pra pior.
Se você não concorda com isso, então a essencialidade de nossa discordância é outra: eu sou de esquerda e você de direita.
Ser de esquerda é entender que o bem coletivo é prioridade. É desconfiar do "mérito" como medida de justiça, por entender que historicamente tem refletido mais os privilégios de uma sociedade desigual. É entender que determinados bens, como a terra, a água e o ar são de uso comum e até admitir sua propriedade, mas de maneira que não viole os direitos coletivos. E por isso a necessidade de sua regulação. Assim, sendo de esquerda, não creio ser justo permitir lucros estratosféricos com a produção de soja e laranja às custas dos direitos trabalhistas, econômicos e sociais de homens e mulheres e da exaustão de recursos naturais. Não, amigos, não é possível que grandes fortunas se façam exclusivamente pelo trabalho árduo e competente de um homem visionário, inteligente e esforçado. Há injustiça nas fortunas. E está inerente a elas.
Ser de esquerda é crer que a conservação da diversidade vale a perda da "liberdade" de se consumir tudo que se pode comprar. E é não crer em vingança travestida de justiça.
E o que é ser de direita? Bom, isso quem descorda pode explicar melhor do que eu. Mas desconfio pelo tom de conversas passadas que seja exatamente o oposto. E portanto não podemos concordar. Definitivamente.
#Dilma13
Referência:
Programa de Governo Aécio Neves.
“Fortalecer a rede hospitalar pública,filantrópica, de organizações sociais e privada conveniada”(p.13, col.2, p.2).
CEBES - www.cebes.
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Dirigente da UJS defende desmilitarização da polícia
A desmilitarização é uma urgência
Num momento crucial em que a sociedade brasileira assiste à discussão dos "rolezinhos", a atuação da polícia passa despercebida pela cabeça da maioria das pessoas que pensa a história por um viés linear. Acontece que, como o negro, favelado, periférico é enxergado como o outro, ou o "não-eu", como aponta a filósofa Marilena Chauí, mesmo que esses jovens, sem acesso a bens culturais (como praças, clubes e outras iniciativas do poder público), não tenham quebrado nada nos Shoppings onde passaram, ainda assim devem ser considerados como "bandidos", "marginais", "por causa de sua roupa", "por estar perturbando a ordem pública", "porque o shopping é um lugar privado", "porque estavam causando baderna". Não precisaram chegar a causar depredação. A classificação de baderna dá conta da primeira violência vertical aplicada a esses jovens. São baderneiros porque se vestem como baderneiros. Vestem-se com a máscara do outro, o "não-eu", o violento, porque eu, branco, filho da elite, descendente de europeu não sou violento.
O mesmo se dá com os demais grupos sociais, como índios e negros em geral, amontoados nas penitenciárias, sendo decapitados em Pedrinhas ou exterminados pela eugenia da polícia militar, na luta histórica pelo direito à terra ou pela demarcação de terras indígenas. Nesse momento, é crucial discutir a desmilitarização de nossa polícia. Esse aparelho arcaico, herdeiro dos (des) governos militares que esse país teve desde a passagem oitocentista para um novecentos ainda agrário, com a acentuação das oligarquias dominadas por esses milicos inconfundivelmente incompetentes e autoritários.
Assim é a história do Brasil: a história vergonhosa dos vencedores. E os meninos do "rolezinho" não são vencedores. São os vencidos por uma ordem autêntica e descompromissada até com os rumos das revoluções do modo de produção capitalista no mundo ocidental, o qual se modernizou e adequou sua realização à produção de imagens bonitas de si e as formulações da ideologia da competência, colocando problemas debaixo do tapete, mas relativizando suas fronteiras mentirosas entre a desigualdade e a dignidade.
Por aqui, neste lado do Atlântico, o colonizador perpetuou sua incompetência de tal modo que nem é possível discutir pós-modernidade, visto que não tivemos modernidade nos moldes canônicos, mas apenas colonialismo bruto advindo das mesmas políticas meritocráticas, fisiologistas e coronelistas embasadas no favor e nos privilégios para os herdeiros da velha aristocracia. Com a chancela dessa história vergonhosa, as polícias brasileiras, em especial a civil e a militar herdam a máscara corrupta e miserável da repressão ao cidadão. "Ah, mas o cara é traficante". É como se ele deixasse de ser um cidadão, um civil porque trafica e, tendo se tornado um traficante, um alienígena, mereça ser eliminado. Eliminado por quem? Pelo cão de raça do Estado, a polícia.
Trata-se da vergonhosa voz de nossas elites muitas vezes reproduzida por quem é filho da chibata, da senzala suja e não da Casa Grande. A polícia trata o cidadão como inimigo. O dever dela não é manter a ordem pública, mas a ordem dominante, o status quo. O dever dela é proteger o Capital. É impedir o "rolezinho" de quem é da periferia, de quem é negro porque o negro, o índio, o favelado, o membro dos movimentos sociais assustam porque são o outro, o violento. Desmilitarizar essa polícia é apontar as armas para o inimigo certo: a desigualdade. Um cidadão que mata o outro merece ser punido com medidas que respeitem os direitos humanos. Em uma penitenciária estatal limpa, com condições de qualidade, com comida de qualidade e atividades para ocupar a mente, com aparato de vigilância da conduta 24 horas por dia, com tecnologia própria.
Os aparatos conservadores atuais ou agem de modo compensatório ou do mais reacionário possível. A eugenia dá conta da limpeza que nossa polícia, seja pelas tropas oficiais, seja por forças paramilitares, faz na periferia ao exterminar a juventude negra. É da juventude negra que estamos falando. A mesma que saiu das senzalas para os morros, com total abandono do Estado que não lhe deu saúde e educação de qualidade. A mesma que, abandonada à própria sorte, tornou-se um campo de batalha onde as contradições levaram a abismos tantas vezes difíceis de compreender. São essas cenas urbanas que nos incentivam a continuar perseguindo a desmilitarização e a criação de um aparato único de polícia, menos repressivo, porque nossa periferia precisa de ajuda e não de polícia militarizada.
Gabriel Nascimento
Integrante da UJS-BA e mestrando em Linguística Aplicada pela UnB
Num momento crucial em que a sociedade brasileira assiste à discussão dos "rolezinhos", a atuação da polícia passa despercebida pela cabeça da maioria das pessoas que pensa a história por um viés linear. Acontece que, como o negro, favelado, periférico é enxergado como o outro, ou o "não-eu", como aponta a filósofa Marilena Chauí, mesmo que esses jovens, sem acesso a bens culturais (como praças, clubes e outras iniciativas do poder público), não tenham quebrado nada nos Shoppings onde passaram, ainda assim devem ser considerados como "bandidos", "marginais", "por causa de sua roupa", "por estar perturbando a ordem pública", "porque o shopping é um lugar privado", "porque estavam causando baderna". Não precisaram chegar a causar depredação. A classificação de baderna dá conta da primeira violência vertical aplicada a esses jovens. São baderneiros porque se vestem como baderneiros. Vestem-se com a máscara do outro, o "não-eu", o violento, porque eu, branco, filho da elite, descendente de europeu não sou violento.
O mesmo se dá com os demais grupos sociais, como índios e negros em geral, amontoados nas penitenciárias, sendo decapitados em Pedrinhas ou exterminados pela eugenia da polícia militar, na luta histórica pelo direito à terra ou pela demarcação de terras indígenas. Nesse momento, é crucial discutir a desmilitarização de nossa polícia. Esse aparelho arcaico, herdeiro dos (des) governos militares que esse país teve desde a passagem oitocentista para um novecentos ainda agrário, com a acentuação das oligarquias dominadas por esses milicos inconfundivelmente incompetentes e autoritários.
Assim é a história do Brasil: a história vergonhosa dos vencedores. E os meninos do "rolezinho" não são vencedores. São os vencidos por uma ordem autêntica e descompromissada até com os rumos das revoluções do modo de produção capitalista no mundo ocidental, o qual se modernizou e adequou sua realização à produção de imagens bonitas de si e as formulações da ideologia da competência, colocando problemas debaixo do tapete, mas relativizando suas fronteiras mentirosas entre a desigualdade e a dignidade.
Por aqui, neste lado do Atlântico, o colonizador perpetuou sua incompetência de tal modo que nem é possível discutir pós-modernidade, visto que não tivemos modernidade nos moldes canônicos, mas apenas colonialismo bruto advindo das mesmas políticas meritocráticas, fisiologistas e coronelistas embasadas no favor e nos privilégios para os herdeiros da velha aristocracia. Com a chancela dessa história vergonhosa, as polícias brasileiras, em especial a civil e a militar herdam a máscara corrupta e miserável da repressão ao cidadão. "Ah, mas o cara é traficante". É como se ele deixasse de ser um cidadão, um civil porque trafica e, tendo se tornado um traficante, um alienígena, mereça ser eliminado. Eliminado por quem? Pelo cão de raça do Estado, a polícia.
Trata-se da vergonhosa voz de nossas elites muitas vezes reproduzida por quem é filho da chibata, da senzala suja e não da Casa Grande. A polícia trata o cidadão como inimigo. O dever dela não é manter a ordem pública, mas a ordem dominante, o status quo. O dever dela é proteger o Capital. É impedir o "rolezinho" de quem é da periferia, de quem é negro porque o negro, o índio, o favelado, o membro dos movimentos sociais assustam porque são o outro, o violento. Desmilitarizar essa polícia é apontar as armas para o inimigo certo: a desigualdade. Um cidadão que mata o outro merece ser punido com medidas que respeitem os direitos humanos. Em uma penitenciária estatal limpa, com condições de qualidade, com comida de qualidade e atividades para ocupar a mente, com aparato de vigilância da conduta 24 horas por dia, com tecnologia própria.
Os aparatos conservadores atuais ou agem de modo compensatório ou do mais reacionário possível. A eugenia dá conta da limpeza que nossa polícia, seja pelas tropas oficiais, seja por forças paramilitares, faz na periferia ao exterminar a juventude negra. É da juventude negra que estamos falando. A mesma que saiu das senzalas para os morros, com total abandono do Estado que não lhe deu saúde e educação de qualidade. A mesma que, abandonada à própria sorte, tornou-se um campo de batalha onde as contradições levaram a abismos tantas vezes difíceis de compreender. São essas cenas urbanas que nos incentivam a continuar perseguindo a desmilitarização e a criação de um aparato único de polícia, menos repressivo, porque nossa periferia precisa de ajuda e não de polícia militarizada.
Gabriel Nascimento
Integrante da UJS-BA e mestrando em Linguística Aplicada pela UnB
Desamparo social é principal causa do alto índice de homicídios em Maringá
A avaliação é de especialistas consultados pela reportagem da GM. Em 10 anos, índice de homicídios cresceu 130% na cidade e é um dos maiores do Paraná.
O desamparo social e a falta de perspectiva para os jovens, especialmente entre 18 e 24 anos, são os principais fatores apontados por especialistas para o aumento da taxa de homicídios em Maringá que, em dez anos, cresceu 130%. O índice, um dos maiores registrados no Paraná, fica atrás apenas de São José dos Pinhas, onde esse tipo de crime cresceu 199% no mesmo período. Os resultados foram obtidos no cruzamento dos índices de mortes do Datasus (o banco de dados do Sistema Único de Saúde) com o número de habitantes computado pelo Censo do IBGE.
Entre 2009 e 2011, Maringá foi uma das poucas cidades a apresentar aumento no índice de mortes violentas - cerca de 5%. Curitiba e Londrina registraram queda de 20% e 13% respectivamente.
Relação do tráfico de drogas e violência
A coordenadora do Observatório das Metrópoles, Ana Lúcia Rodrigues, defende que não existem estudos comprobatórios entre a relação do tráfico de drogas e o aumento nas taxas de homicídios. No entanto, ela pontua que a droga e a violência são atrativos para os jovens desassistidos. “O indivíduo que não tem suas necessidades básicas supridas está à mercê da própria sorte. Sem o apoio do governo municipal, estadual, federal, ele se desinteressa e se associa ao que está mais próximo e mais fácil, como as drogas.”
Na avaliação dela, governantes e policiais tendem a tratar esses fatos como enraizados à realidade brasileira. “Eles costumam naturalizar o que não é natural. Pobreza, miséria, falta de assistência pode e deve ser resolvida.”
De acordo com a pesquisadora do Observatório das Metrópoles Fernanda Valotta, homens jovens, na faixa etária entre 18 e 24 anos, de cor negra ou parda, são as principais vítimas do abandono social. Segundo Fernanda, a falta de opções de lazer, de espaços públicos de sociabilidade e falta de integração ao mercado de trabalho, por exemplo, transformam esses jovens nos principais personagens das estatísticas de violência.
“Por causa de seu contexto social, os jovens usam a violência como uma questão de sobrevivência”, aponta a coordenadora do Observatório, Ana Lúcia Rodrigues.
As maiores taxas de violência, segundo a pesquisadora Fernanda Valotta, estão nas periferias da cidade, onde a organização do território é precária. “Quem vive nestes espaços, vive em moradias precárias, com acesso limitado à educação, saúde e lazer.” Fernanda avalia que o último índice maringaense, de 16,8% homicídios a cada 100 mil habitantes, é considerado relativamente baixo. Mas em cidades da região de Maringá, esse índice é muito maior. Segundo a pesquisadora, em Sarandi, por exemplo, foram registrados 60 homicídios para cada 100 mil habitantes em 2011. “Para ter uma ideia, a Organização Mundial de Saúde [OMS] recomenda que o índice seja entre 8,8 a 10 a cada 100 mil habitantes”, exemplifica.
No entanto, Fernanda pontua que, além das condições de bem-estar social, desde 2000 ocorre um processo de interiorização da violência em todo o país. “Anteriormente, tínhamos índices elevados apenas nas capitais e grandes regiões metropolitanas. Agora, a violência está generalizada em municípios de todos os tamanhos.”
Brigas de gangues
O delegado de homicídios de Maringá, Alexandre Bonzatto, afirma que 60% dos homicídios registrados na cidade este ano foram causados em brigas de gangues por pontos de drogas. Ele confirma que entre as vítimas estão, especialmente, homens jovens de 24 anos, negros ou pardos, como apontou a pesquisadora do Observatório das Metrópoles. Além disso, Bonzatto salienta que a maioria é morta por arma de fogo e tem passagem pela polícia.
O delegado, que assumiu o cargo em dezembro de 2012, defende que em Maringá o confronto entre gangues é maior do que em grandes centros, como Curitiba, por conta da proximidade geográfica. “O que observamos é que essas gangues rivais frequentam as mesmas baladas, os mesmo bares e até moram muito próximas uma das outras. Então, o conflito é mais frequente.”
Questionado sobre a possibilidade de combater as causas das mortes violentas em Maringá, Bonzatto disse que a polícia combate o tráfico de drogas e tem elucidado a maioria dos casos de homicídio. “Mas o combate é contínuo. Um traficante que morre hoje é rapidamente substituído. As quadrilhas têm aliciado jovens cada vez mais novos.”
Além disso, o delegado defendeu que essa não é apenas uma questão de segurança pública. “É uma questão social muito maior. Difícil de ser resolvida a curto prazo.”
Gazeta Marínga
domingo, 23 de fevereiro de 2014
CEEB - DCE UEM
O Diretório Central dos Estudantes (DCE-UEM Gestão Agora só Falta Você), no uso de suas funções estatutárias , vem por meio convocar todos os Centros Acadêmicos da Universidade de Maringá - UEM, para Conselho de Entidades Estudantil de Base que irá ocorrer no 25 de Fevereiro de 2014, com a primeira chamada as 18:00 e a segunda chamada as 18:15, o local ainda não definido.
PAUTAS DE DISCUSSÃO:
1 - Informes
2 - Balanço de Inicio de Gestão ( Juridico - Financeiro)
3 - Reforma do DCE
3 - Calourada
4 - Comissões
5 - Conselhos
OBS: Todos os CA's devem tirar a convocatória no DCE, até 25-02-2014 às 15:00 horas.
sábado, 22 de fevereiro de 2014
A violência
"Os caras falam de violência, a violência pra mim é um pacote: o desemprego é uma violência, a falta de perspectiva é uma violência, a falta de áreas de lazer é uma violência e a fome é a maior de todas as violências. E tem muita gente passando fome."
Quem será o responsável pelo primeiro assassinato?
A Câmara de Vereadores aprovou na sessão do dia 18/02, em primeira votação, a proposta de emenda à Lei Orgânica feita pelos vereadores Luciano Brito (PSB) e Edson Luiz (PMN) que autoriza a guarda municipal a portar e utilizar armas letais.
“Por que o Sr. atirou em mim?” - Douglas Rodrigues
O assassinato covarde e gratuito de Douglas (jovem secundarista negro de 17 anos) pela Polícia Militar em São Paulo no fim do ano passado fez sua última pergunta se espalhar por todo o Brasil. Por que o Estado admite ou promove a morte de 20 crianças e adolescentes negros por homicídio todos os dias? Como ignorar que jovens negros assassinados superem em mais de 70% o número de jovens brancos vítimas do mesmo crime? Por que morrem violentamente cerca de 40 mil jovens por ano, sendo 30 mil negros e da periferia, em especial por homicídios?
A sociedade capitalista e sua propaganda estimulam as neuroses do consumismo, do individualismo e do culto à violência. Disseminam as compulsões e falta de perspectivas. O Estado descumpre seus deveres básicos com crianças, adolescentes e jovens negros e da periferia. Além de criminalizar a pobreza, o Estado mata e acoberta, com a ação combinada da polícia e do poder judiciário. Isso se dá com os autos de resistência. A polícia mata e, com uma mera justificativa escrita, o crime passa impune, nem é julgado. E o(a) assassinado, agredido, violentado, passa a História como bandido, acusado, condenado e executado sem nenhuma chance. Essa é mais uma das heranças da Ditadura Militar.
“Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” - O Rappa
A impunidade dos crimes do Estado e de seus agentes contra o povo na Ditadura se reproduz na continuidade da militarização da Polícia e dos autos de resistência, e na manutenção dos poderes arbitrários de prender e desaparecer, torturar, julgar e aplicar pena de morte, inclusive crianças e adolescentes, e impunemente. Para a juventude negra e a periferia o AI-5 nunca acabou.
O racismo e o capitalismo matam. Em 2011, no mundo todo, 676 pessoas foram executadas por condenações à morte. Só no Rio de Janeiro, entre 2001 e 2011, 10 mil pessoas foram mortas pela polícia, que é campeã mundial de letalidade. Só em 2005, a Polícia do Rio matou 707 pessoas, mas só se abriram inquéritos policiais em 355 casos. Desses, só 19 viraram processos. Desses 19 processos, 16 foram arquivados a pedido do Ministério Público. Em 2005, só no Rio, cerca de 700 pessoas mortas pela polícia (mais que as execuções por pena de morte no mundo). E as famílias sequer tiveram direito a um processo judicial. Por que a vida de negros e pobres vale tão pouco em nosso país?
Nós, da União da Juventude Socialista (UJS) redobramos a denúncia da tragédia que atinge a juventude negra e pobre. É por ela que temos lutado, e com importantes vitórias: bolsa família, cotas raciais e sociais, ampliação das universidades e escolas técnicas, REUNI, PROUNI, Programa Segundo Tempo, Pontos de Cultura e Juventude Viva. MAS NENHUM DIREITO EXISTE SE O ESTADO NÃO GARANTIR O DIREITO DA JUVENTUDE DE VIVER!
O Estado brasileiro tenta, inutilmente, há décadas combater a violência utilizando da violência. Tantas décadas não são o suficiente para mostrar que este método apenas aumenta as taxas de criminalidade?
O uso de armas por parte da guarda municipal não reduzirá as taxas de violência em Maringá, ao passo que aumentará a segregação social e a exclusão dos jovens negros e da periferia.
Temos exemplos mundo afora que mostram que é sim possível diminuir significativamente a violência urbana, mas estes exemplos vão no sentido contrário à proposta aprovada pela CMM.
Queremos Estado para apoiar a juventude negra e pobre a ocupar seu legítimo lugar no Desenvolvimento do Brasil. São Garrinchas, Pelés, Miltons Santos, Miltons Nacimentos, Joaquins Barbosas e Clementinas de Jesus, assassinados todos os dias porque o Estado abandona, a polícia mata, e o judiciário deixa impune.
A única maneira de resolver de modo considerável a violência urbana é promovendo igualdade social! Autorizar a Guarda Municipal a andar armada é ser cúmplice do extermínio da juventude.
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Apoio à Revolução Bolivariana
Nos últimos dias a República Bolivariana da Venezuela está sob ataques de grupos fascistas e de extrema direita. Isso faz parte de um plano imperialista contra o processo revolucionário e segue o mesmo molde utilizado no Golpe de Estado de 2002 contra Hugo Chaves,
O interesse deste grupo fascista subsidiados por interesses imperialistas americanos não é somente de por fim à Revolução Bolivariana, mas também de acabar com o processo de integração regional na América Latina. Atacando-se a Venezuela os Estados Unidos da América visam também desestabilizar os demais governos democráticos e progressistas do continente.
Nós repudiamos os atos violentos de assassinatos cometidos por estes grupos fascistas, assim como os ataques às instituições públicas cujo único objetivo é causas instabilidade política no país. Nós apoiamos a luta pela paz, a unidade popular e o processo revolucionários bolivariano.
Viva a unidade popular!
Abaixo o imperialismo!
Rejeitado projeto do PCdoB que restringe gastos públicos municipais com propaganda
Ontem, durante sessão da Câmara de Vereadores de Maringá, a maioria obediente a Ricardo Barros (PP) rejeitou a proposta feita pelo vereador Manoel Álvares Sobrinho (PCdoB) que reduziria os gastos da publicidade de 5% para 1% da receita corrente do município.
Foram favoráveis à continuidade da gastança de R$ 30 mil por dia com propaganda, usando o dinheiro do IPTU do maringaense, os seguintes vereadores: Carlos Eduardo Saboia (PMN), Carmen Inocente (Pros), Negrão Sorriso (PP), Belino Bravin (PP), Chico Caiana (PTB), Adilson do Bar (PSB), tenente Edson Luiz (PMN), Márcia Socreppa (PSDB) e Luiz Pereira (PTC).
A gestão PP continua livre para convencer os maringaenses de que estes vivem no Paraíso quando na real não passa de propaganda enganosa.
Plenária Municipal UJS Maringá
Neste sábado organizaremos um evento muito importante para a Ujs Maringá. Na plenária apresentamos nossas opiniões e posições sobre tudo o que aconteceu na UJS e também projetamos nossas expectativas para o futuro da entidade.
A presença de cada um é muito importante, pois, queremos reformar nossas posturas e construir uma entidade ampla, diversificada e ativa. Convido a todos que já participaram, que participam ou que ainda vão participar da ujs para comparecer à plenária e botar fé nessa juventude!!
Sábado, 22/02/14
14:00 hrs
UEM - Bloco H 35
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
PCdoB anuncia oposição a lei antiterrorismo
“A bancada do PCdoB na Câmara (e no Senado) discute o quadro de avanço ou recrudescimento da direita reacionária que busca aprovar uma lei antiterrorismo no Brasil, na verdade tendo como objeto a esquerda e os movimentos sociais”. A avaliação foi feita pela líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ), ao anunciar, no final da reunião-almoço da bancada nesta quarta-feira (19), que o Partido é contrário a uma nova legislação.
Jandira Feghali disse que tanto a lei quanto a CPI têm objetivo de criminalizar o movimento social: "Isso nós não aceitamos”. “Nós fizemos análise da legislação internacional e das leis brasileiras e chegamos à seguinte conclusão: Não há terrorismo no Brasil e não há necessidade de nova legislação porque o que nós temos já é suficiente para punir todos os crimes que se apresentaram até hoje no Brasil”, afirmou Jandira, para quem é lamentável que o Parlamento ainda não tenha conseguido revogar a Lei de Segurança Nacional, editada no governo militar de João Figueiredo, em 1983, que ainda está em vigor.
Ela enfatiza que “não podemos permitir que nenhuma legislação avance no sentido de combate ao terrorismo, à medida que a Convenção Interamericana já define o que é terrorismo e nós não nos encaixamos em nenhum desses preceitos”.
Solidariedade ao povo venezuelano
Os manifestantes que estão conduzindo os protestos dos últimos dias são radicais de extrema direita e grupos fascistas que não estão interessados em resolver os problemas da Venezuela. Os protestos no país estão relacionados à intenção de grupos de direita ligados aos Estados Unidos de derrubar o presidente.
Os interesses da indústria petroleira não passarão!
Documentário de Kim Bartley e Donnacha O'Briainsobre sobre o golpe ocorrido na Venezuela em abril de 2002. O golpe foi consumado, pois não houve resistência de Chaves que foi preso. Mas as manifestações e o apoio de militares fiéis ao país enfraqueceram os golpistas, e Chaves retornou ao governo. Participação clara da midia privada, empresários e militares oposicionistas no golpe, além de declarações do governo americano de apoio ao golpe na Venezuela.
Plenária Deliberativa da União Maringaense de Estudantes Secundaristas
Nesta reunião os integrantes da UMES debaterão sobre os rumos da entidade para 2014. Será sábado, dia 22/02/14, às 14:00 horas na Sede da UMES (Av. Cerro Azul).
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
Audiência Pública sobre Mobilidade Urbana
Hoje, na Câmara de Vereadores de Maringá, aconteceu a Audiência Pública sobre Mobilidade Urbana. As entidades do Movimento Transporte para Todos marcaram presença organizando uma caminhada do terminal urbano até a Câmara.
A concentração começou às 18:00 horas com cartazes e carro de som, seguindo às 19:00 para a Audiência.
A UJS mais uma vez esteve presente defendo maior acessibilidade e e eficiência no transporte público.
A Constituição Federal de 1988 traz uma extensão sem precedentes aos direitos sociais básicos, tratando, assim como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o princípio da dignidade humana como valor mais alto de todo o sistema normativo.
Tanto em nossa Carta Magna, como na Declaração das Nações Unidas, de 1948, o princípio da igualdade assume superior importância e, nesse sentido, não mais se trata de uma igualdade “perante” a lei, mas de uma igualdade proporcionada “pela” lei, garantida “por meio” dela.
O serviço público de transporte coletivo é, de acordo com o artigo 10, inciso V, da Lei 7.783/89, combinado com o artigo 10, inciso V, da Constituição Federal, um serviço essencial, ligado às necessidades inadiáveis da comunidade que, se não forem atendidas, colocam em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população. No Estatuto da Cidade, o transporte e os serviços públicos são abordados como direitos necessários à existência das cidades sustentáveis.
Se a Lei considera o transporte um serviço essencial para a cidade e para o bem-estar dos cidadãos, deve-se garantir a todos o acesso a ele da forma mais ampla possível, sem interrupções. O Poder Público está, por conseguinte, autorizado a subsidiá-lo e a gratuidade deste serviço pode se impor como decorrência de sua essencialidade de forma a garantir também economicamente a liberdade de locomoção de todo e cada indivíduo.
Tendo cerceado seu direito ao transporte, a população vê prejudicados diversos outros direitos sociais assegurados pela Constituição Federal e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os direitos à educação, à saúde, à cultura, ao lazer encontram-se restringidos, por estarem mediados por uma tarifa. O acesso aos equipamentos e serviços públicos, concentrados de modo geral no centro de uma metrópole em que a maioria da população vive na periferia, está condicionado ao uso de um transporte coletivo pelo qual nem todos podem pagar”, diz o manifesto.
Nos locais mais distantes dos grandes centros, o acesso aos direitos fundamentais só pode ser concretizado através do transporte coletivo. E para assegurar que o conjunto da população possa desfrutar desses direitos, o transporte precisa ser público e gratuito. Caso contrário, as pessoas que não tem dinheiro para pagar a tarifa não poderão chegar aos seus destinos e exercer os seus direitos.
A cidadania integral e a concretização do princípio da igualdade passam, assim, pela criação de um transporte coletivo público, financiado pelo Estado. A cobrança da tarifa para o uso do transporte coletivo, nega diversos direitos a uma parcela da população, ao mesmo tempo que permite o crescimento da segregação espacial nas metrópoles, uma vez que o acesso a seus espaços, equipamentos e serviços só se concretiza quando se pode pagar por isso. Cabe ao Estado garantir não só os direitos fundamentais a todos os cidadãos, sem qualquer discriminação, como também a forma pela qual estes se efetivam, o que se torna impossível sem a possibilidade de locomoção pelo espaço urbano.
Nada seria mais justo do que uma nova forma de remuneração dos prestadores do serviço de transporte público, em que, por meio da receita tributária, toda a coletividade arcasse com este curso, como acontece com outros serviços essenciais ligados ao bem comum. O transporte coletivo é um verdadeiro insumo à produção de bens e serviços, que a todos beneficia direta ou indiretamente.
O transporte é hoje inegavelmente um dos maiores problemas sociais das grandes cidades brasileiras, com congestionamentos cada vez maiores, e um deslocamento ineficiente e excludente, dada a precariedade e inadequação dos ônibus, a quantidade reduzida de frota, a limitação das linhas, a duração das viagens e o alto preço da tarifa.
A frota de automóveis cresce exponencialmente de forma preocupante, carros ocupados em média por menos de 2 passageiros, contra poucos ônibus. O atual modelo de locomoção, centrado no automóvel, gera impactos negativos coletivos e individuais que vão além da segregação espacial e da exclusão social e incluem altos custos ambientais, sociais e econômicos.
Segundo dados da ANTP, o uso do ônibus implica em um custo social de R$ 0,20 por viagem enquanto o automóvel tem custo social igual a R$ 0,50 por viagem. Incentivar o uso do ônibus reduziria drasticamente os custos sociais totais de Maringá. O tratamento das vítimas de acidentes de trânsito é o fator que mais gera custos ao sistema público de saúde do país. O montante gasto pelo SUS com pessoas que sofreram acidente de trânsito já se aproxima de R$1 bilhão. E, ao contrário dos países desenvolvidos, no Brasil, a quantidade de fatalidades em acidentes de trânsito cresceu 30% entre 2000 e 2007, de acordo com o Ministério da Saúde.
Os custos ambientais do atual modelo de transporte também não são pequenos. Segundo estudos da Faculdade de Medicina da USP, cerca de 3000 mortes por ano na Região Metropolitana de São Paulo estão relacionadas à poluição do ar, que gera um custo anual de cerca de R$ 1,5 bilhão para a cidade, incluindo o tratamento das cerca de 200 doenças associadas. A circulação de automóveis é responsável por 70% das emissões que contaminam a atmosfera das grandes cidades brasileiras.
O tempo de deslocamento no trânsito também pode ser reduzido com a verdadeira priorização do sistema de transporte público e o incentivo a seu uso. A lógica dessa inversão tem sua necessidade exemplificada por dados da União Internacional de Transportes Públicos: enquanto 2000 pessoas podem cruzar uma via em carros, ônibus permitiriam o transporte de 9000 passageiros pelo mesmo espaço.
A pauta do transporte coletivo municipal carece com urgência de reforma legislativa. Os aumentos da tarifa dos ônibus crescem ano a ano e a série de protestos que ele desencadeia caracterizam-se como apenas mais uma manifestação da crise estrutural de um sistema de transporte que é hoje incapaz de garantir a mobilidade urbana dos cidadãos paulistanos.
Precisamos de um transporte coletivo público e de qualidade!
Assinar:
Postagens (Atom)